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25/Fev/2022

Dólar avança com ataque militar russo na Ucrânia

Após uma sequência de quatro quedas consecutivas, em que acumulou desvalorização de 3,148% e flertou com um fechamento abaixo de R$ 5,00, o dólar subiu com força nesta quinta-feira (24/02) no mercado doméstico e chegou a tocar os R$ 5,16 nos piores momentos de aversão ao risco no exterior, em dia marcado pelo ataque russo ao território da Ucrânia. Com a recuperação das bolsas em Nova York e diminuição dos ganhos da moeda norte-americana no exterior, após o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciar a imposição de novas sanções econômicas à Rússia e a liberação de estoques de petróleo, o dólar desacelerou o ritmo de alta no Brasil. Depois de atingir máxima a R$ 5,16 (+3,18%), a divisa fechou a R$ 5,10, avanço de 2,02%. Mesmo com arrancada desta quinta-feira (24/02), a moeda ainda acumula queda de 3,78% em fevereiro. O giro com o contrato futuro mais líquido de dólar, para março, foi expressivo, acima de US$ 21 bilhões, o que sugere mudanças relevantes de posicionamento.

A reação do mercado à eclosão da guerra entre Rússia e Ucrânia foi tradicional: liquidação de ativos de risco e busca de abrigo no dólar e nos títulos do Tesouro norte-americano, cujas taxas recuaram. Nos momentos mais críticos, as bolsas em Nova York tombaram mais de 2% e a taxa da T-note de 10 anos caiu para a casa de 1,84%. O índice DXY (que mede a variação do dólar frente a seis divisas fortes) chegou a trabalhar no patamar dos 97,700 pontos, mas no fim da tarde já operava no limiar dos 97 mil pontos. A moeda norte-americana também desacelerava a alta em relação a divisas emergentes, mantendo os maiores ganhos frente ao real, o peso colombiano e o florim húngaro. O rublo chegou a apresentar queda de mais de 6%, mas recuava cerca e 4% quando o dólar fechou no Brasil. Segundo o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos, as sanções financeiras aplicadas à Rússia miram 80% dos US$ 46 bilhões em ativos bancários russos negociados diariamente.

Os alvos são os dois maiores bancos Rússia, o Sberbank e o VTB, além de mais de 90 entidades financeiras subsidiárias ao redor do mundo. Também haverá medidas voltadas ao comércio exterior. Além de restringir exportações à Rússia, os Estados Unidos vão proibir importação de produtos de alta tecnologia. Analistas dizem que as incertezas em torno da extensão do conflito na Ucrânia tendem a manter o apetite por dólares, com recomposição de posições defensivas. O fluxo de recursos ao redor do mundo e, sobretudo aos emergentes, tende a diminuir no curto prazo, o que tira fôlego do Real. De outro lado, a alta das commodities, benéfica para os termos de troca brasileiros, e a perspectiva de alta da taxa Selic para a casa de 12%, aliada a possibilidade de uma menor alta de juros nos Estados Unidos, podem reduzir o potencial de alta do dólar no mercado doméstico. Para o Citi, a magnitude do conflito pegou o mercado de surpresa, o que explica os movimentos mais fortes de redução de exposição ao risco. A reação do mercado é devolver um pouco da alta recente do Real.

As incertezas são grandes e esse tema da geopolítica tende a prevalecer no mercado nas próximas semanas. Mesmo antes da piora do ambiente externo, havia um espaço técnico para uma recomposição de posições compradas em dólar no curto prazo. Houve um rali de alta de 10% do Real, com o dólar chegando ao nível psicológico de R$ 5,00. Agora, surgiu um evento geopolítico de risco que traz muita incerteza. O Citi não vê o Real apresentando um desempenho pior que de outros emergentes. Para a JF Trust, o conflito no leste europeu tende a provocar uma forte desaceleração de fluxo para emergentes, o que tira força do Real. Em contrapartida, a despeito de eventual impacto inflacionário, com alta de preços de commodities como petróleo e gás, o Fed (banco central norte-americano) pode ser menos agressivo no processo de alta dos juros, uma vez que a guerra traz risco de diminuição da atividade econômica. O dólar subiu bastante nesta quinta-feira (24/02), acompanhando o exterior.

Com os efeitos da guerra na atividade, fica aquela sensação de que o Fed não vai aumentar tanto os juros, que talvez nem cheguem ao nível neutro. O Federal Reserve de Cleveland afirmou que vê como apropriado elevar juros 0,25% em março e promover novas altas nos meses seguintes, ponderando que os impactos do conflito na Ucrânia serão levados em conta no processo de redução da acomodação monetária. Segundo a JF Trust, os desdobramentos em relação ao nível da taxa de câmbio e do ajuste da política monetária no Brasil vão depender da duração do conflito. Caso a guerra seja curta, o dólar pode se estabilizar, evitando pressões maiores sobe a inflação doméstica. Se o confronto for prolongado, haverá uma pressão maior sobre a taxa de câmbio e, talvez, o Banco Central tenha que apertar ainda mais a política monetária para suavizar a alta do dólar e, assim, evitar que a inflação futura caminhe para um nível muito elevado. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.