25/Fev/2022

A invasão de tropas da Rússia na Ucrânia nesta quinta-feira (24/02) pode interromper fluxos comerciais de milho, trigo e óleo de girassol, considerando a crescente incerteza na região sobre o fechamento de portos e bloqueios na navegação de navios. Com isso, os preços dessas commodities devem se manter elevados no curto prazo. Enquanto o movimento comercial no Mar de Azov permanece fechado, os mercados aguardam clareza se a invasão é restrita apenas às duas províncias contenciosas, já que a navegação no Mar Negro continua aberta. Qualquer interrupção nos fluxos comerciais poderia afetar a segurança alimentar e os preços, em um momento em que a inflação de alimentos atingiu um recorde no último ano. Sobre o trigo, Ucrânia e Rússia são os principais exportadores do cereal, responsáveis cada um por 23% do comércio global do produto na safra 2021/2022, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). A Ucrânia viu um aumento de 27% em seus embarques de trigo até agora nesta safra, para 16,1 milhões de toneladas, já que a Rússia aumentou impostos de exportação.

As exportações de trigo da Ucrânia estão projetadas em 22,5 milhões de toneladas em 2021/2022. Já a Rússia, maior exportador mundial de trigo, embarcou ao exterior entre 1º de junho de 2021 e 17 de fevereiro deste ano 25,2 milhões de toneladas, 24% menos que em igual período do ano anterior. As exportações russas de trigo em 2021/2022 estão estimadas em 36,5 milhões de toneladas. Há forte volatilidade nos preços do trigo do Mar Negro nas últimas semanas e alta dos futuros nesta quinta-feira (24/02), após a invasão da Rússia. Os preços de exportação do trigo da Ucrânia caíram 3,4% no mês, para US$ 309,00 por tonelada em 23 de fevereiro. Os preços de exportação do trigo da Rússia também permaneceram fracos, recuando 5,2% no mês para US$ 313,00 por tonelada em 23 de fevereiro. Com relação ao milho, a Ucrânia exportou desde 14 de fevereiro 17,37 milhões de toneladas da safra 2021/2022, 36,8% a mais que no período correspondente do ano passado, segundo o Ministério da Agricultura da Ucrânia. O país exportará na atual temporada 33 milhões de toneladas de milho, bem acima dos cerca de 23 milhões de toneladas da safra passada.

Embora permaneça a incerteza sobre como a situação vai evoluir na Ucrânia, qualquer possível redução nas exportações do país pode enviar compradores de milho para os Estados Unidos. China e União Europeia são os principais compradores de milho ucraniano. A Ucrânia exportou 16% de todo o milho embarcado no ano comercial de 2021/2022 e o USDA prevê uma produção no país de 42 milhões de toneladas do cereal na temporada, aumento de 30% em relação ao ano anterior. Os futuros do milho subiram nas principais bolsas globais para máximas de vários meses após a invasão da Ucrânia. Os preços de exportação do milho ucraniano também se fortaleceram depois da escalada das tensões nas fronteiras do país. O milho ucraniano FOB Mar Negro foi avaliado em US$ 289,00 por tonelada no dia 23 de fevereiro, alta de aproximadamente 6% ante o início de janeiro. Quanto ao óleo de girassol, as remessas de produto da Ucrânia e da Rússia foram interrompidas após as notícias de bombardeios na Ucrânia, com os compradores encontrando dificuldades para rastrear seus pedidos.

A Ucrânia exportou 5,27 milhões de toneladas de óleo de girassol em 2020/2021, o equivalente a 46,9% das exportações globais, enquanto a participação da Rússia no comércio global foi de 29,9%. O óleo de girassol é o terceiro óleo vegetal mais comercializado no mundo, depois dos óleos de palma e soja. A Ucrânia também é o maior produtor mundial de óleo de girassol, seguido pela Rússia. Os dois países foram responsáveis por 60% da produção global em 2020/2021. A Ucrânia produziu 5,9 milhões de toneladas no período, enquanto a Rússia atingiu 5,1 milhões de toneladas. O óleo de girassol FOB Mar Negro Ucrânia subiu 12% desde 1º de janeiro, para US$ 1.480,00 por tonelada na quarta-feira (23/02). O óleo de soja teve alta de 21% desde o início do ano para US$ 1.582,48 por tonelada, enquanto o óleo de palma bruto FOB Indonésia avançou 13% para US$ 1.600,00 por tonelada. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.