ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

25/Fev/2022

Rússia-Ucrânia: impactos no agronegócio do Brasil

O governo brasileiro está avaliando os impactos da crise entre Rússia e Ucrânia sobre o agronegócio nacional. A leitura do governo, até o momento, é de que os efeitos sobre o agronegócio brasileiro dependerão da abrangência de eventuais sanções econômicas que possam ser impostas aos russos pelos países membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). É preciso analisar a abrangência destas sanções secundárias aplicadas por Estados Unidos e Europa. Dificilmente haverá sanção por parte do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), porque a Rússia tem poder de veto no comitê. São estas sanções que vão determinar a extensão do impacto sobre o agro brasileiro. A reação nos preços das commodities agrícolas e dos fertilizantes e, consequentemente, nos alimentos já é uma questão considerada como certa pelo governo.

Os produtos do agronegócio são a base da balança comercial entre Brasil e Rússia. Nas importações, o destaque é para os fertilizantes, com a Rússia contribuindo com cerca de 20% dos adubos internalizados anualmente e sendo o maior fornecedor de adubos ao Brasil. No ano passado, a importação de adubos russos pelas indústrias brasileiras foi de 9,273 milhões de toneladas de um total de 41,573 milhões de toneladas, segundo dados do Comextat (serviço de estatísticas de comércio exterior do Brasil) da Secretaria de Comércio Exterior, do Ministério da Economia. Trigo e malte também compõem o rol de principais produtos agrícolas russos importados pela indústria brasileira. Do lado das exportações, as vendas brasileiras de soja para o país lideram o ranking da relação bilateral com 768,18 mil toneladas exportadas em 2021. Na sequência, constam itens como carnes, açúcares e café.

O efeito das sanções sobre o agronegócio brasileiro pode ser de diferente ordem no tocante às exportações e às importações. Há entendimento de que eventuais sanções afetando os grãos russos poderiam até mesmo aumentar o fluxo de exportações do agro brasileiro, com outras origens recorrendo ao fornecimento do País. Por outro lado, embargos comerciais às exportações russas tendem a refletir diretamente na importação de adubos pelo Brasil. Além disso, as sanções podem ser de ordem financeira, proibindo negócios e remessas financeiras de empresas norte-americanas ou europeias, neste caso, com as companhias russas. O governo monitora quais sanções serão adotadas e quais serão os países que irão aderir a estas sanções.

Além das sanções, há ainda os entraves para escoamento em virtude de as principais rotas logísticas do país estarem próximas do bloco europeu. Diferentemente do que ocorre com o Irã, um comércio entre Brasil e Rússia aos moldes de bater trader ou barter humanitário (troca comercial de produtos alimentícios e commodities) esbarraria na dificuldade russa em se inserir no comércio em cenário de isolamento. A Rússia está inserida no comércio internacional e não está habituada com esta situação de isolamento. Se os Estados Unidos aplicarem sanção do sistema financeiro, como feito com o Irã, a situação ficará muito difícil para o comércio russo, que não está habituado em lidar com sanções. O impacto das sanções dependerá também da participação da China e de eventuais alternativas buscadas pela Rússia para manter o escoamento de produtos. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.