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25/Fev/2022

Carbono: agronegócio poderá neutralizar até 2030

O setor agropecuário brasileiro, responsável por cerca de 27% do Produto Interno Bruto (PIB) do País, caminha para cumprir a Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). Estudos do Observatório de Conhecimento e Inovação em Bioeconomia, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), projetam que o setor tem potencial para neutralizar as emissões de gases de efeito estufa provenientes das produções pecuárias e de soja até 2030. Os pesquisadores apontam dois principais processos para a descarbonização da produção: a recuperação de pastagens degradadas, evitando o desmatamento, e os sistemas integrados de Lavoura-Pecuária-Floresta (LFP). Os documentos afirmam que a degradação dos pastos afeta diretamente a capacidade de suporte das áreas, e que esse processo, além de gerar prejuízos econômicos ao produtor, tem também impactos negativos ao meio ambiente. Os sistemas LFP consistem em combinar diferentes tipos de produção agropecuárias na mesma localidade.

Ou seja, o produtor terá uma rotatividade do uso do solo, entre lavoura e pecuária. A pesquisa afirma que a combinação de agricultura e pastagem dentro da mesma área leva a sinergias entre os componentes do sistema que podem gerar ganhos de produção, redução de custos e melhoria dos serviços ecossistêmicos de biodiversidade. Esse tipo de integração ainda reduz os riscos de perda da atividade agrícola relacionados ao clima e à variação de preços de mercado. O setor agropecuário é responsável por 28% das emissões totais de GEES no país. Entretanto, é o principal responsável pela emissão de gás metano (CH4) no Brasil, equivalente a 76,1% das emissões. Essas áreas de pastagem ocupam cerca de 167 milhões de hectares do território nacional. Desse total, cerca de 42%, ou 70,9 milhões de hectares, apresentam degradação moderada ou severa. Até 2030, haveria a remoção líquida total de 1.223,6 Mt de CO2eq, em média 94,1 Mt de toneladas de CO2eq por ano, invertendo, dessa forma, as emissões do sistema de pecuária associadas às pastagens.

Entre 1990 e 2020, a produção de soja no Brasil cresceu 532,9%, e a áreas plantadas cresceram 229%. Atualmente, a produção de soja gira em torno de 3,3 toneladas por hectare, 92,4% a mais do que as 1,7 toneladas por hectare produzidos em 1990. É a principal cultura agrícola brasileira e seu valor bruto da produção (VBP) atingiu R$250,8 bilhões em 2020, representando 42,0% do total do VBP agrícola e 28,0% dos R$896,7 bilhões de toda a agropecuária nacional. Na área das plantações, a soja brasileira já considerada uma cultura de “baixo carbono”, emite cerca de 9 Mt CO2eq ao ano. Isso porque a principal forma de plantação no país é o sistema de plantio direto (SPD), que consiste em plantar as sementes sem as etapas de aragem e gradagem do solo, ou seja, sem um preparo anterior da área. Dessa forma, para proteger o solo, é necessário mantê-lo sempre com vegetação ou com plantas em desenvolvimento.

Assim, através da expansão do SPD, até 2030, um total de 25,9 Mt CO2eq poderiam deixar de ser jogados na atmosfera, já que esse sistema aumenta o potencial de sequestro de carbono da soja. Os pesquisadores apontam ainda que a produção do grão no Brasil tem potencial para não ser apenas “carbono neutro”, como também um sumidouro de carbono. Além da redução dos gases de efeito estufa, a adesão a sistemas de plantação sustentáveis aumenta a eficiência produtiva, e é vantajosa para o pecuarista. Na quarta-feira (23/02), a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, participou de uma cerimônia de assinatura de um acordo de cooperação técnica entre o Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES) e a pasta, sobre pecuária bovina de baixo carbono. O acordo busca apoiar a realização de estudos para a criação de mecanismos de incentivo à redução de emissões de carbono na produção de carne e leite bovinos no Brasil. Fonte: CNN. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.