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22/Fev/2022

Inflação: pressão persistente em bens industriais

A persistência de problemas em cadeias globais de suprimentos, em parte fortalecida pelos impactos da variante Ômicron do coronavírus sobre economias produtoras do mundo, pode manter a inflação dos bens industriais elevada por mais tempo no País. A tendência é de alívio mais substancial do grupo apenas após o primeiro trimestre, um movimento que pode postergar a desaceleração do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2022. Os sinais de pressão mais duradoura do que o esperado no grupo foram sentidos principalmente após a divulgação do IPCA de janeiro, quando a inflação acumulada em 12 meses pelos bens industriais avançou pelo décimo sétimo mês consecutivo, a 12,67%, o nível mais elevado desde setembro de 2003. O banco britânico Barclays resumiu o resultado como um sinal de "pressão implacável" dos bens industriais e aumentou a estimativa de inflação do ano de 4,90% para 5,30%.

A gestora Quantitas afirma que está postergando há vários meses a perspectiva de inflexão dessa inflação de bens industriais, e essa postergação foi tanta que, em janeiro, vários itens mostraram as taxas máximas da série. É um processo de transmissão das pressões globais que não só não está suavizando, como ainda está em aceleração. Talvez ainda não tenha alcançado o pico dessa inflação de industriais. A disseminação da variante Ômicron do coronavírus pode ter sido responsável por atrasar o esperado processo de normalização das cadeias globais de suprimentos, devido ao seu impacto sobre economias produtoras de insumos como semicondutores. Por isso, o cenário é de pressões para cima na inflação de bens ao longo do primeiro trimestre, com efeitos principalmente em automóveis e eletroeletrônicos. Será uma pressão ainda alta e nada consistente com as metas do Banco Central.

O cenário da Quantitas indica aumento de 8,20% dos preços de bens industriais em 2022, abaixo dos 11,99% atingidos em 2021, mas bem acima da média histórica de 4,99% ao ano registrada pelo grupo desde 2000. Para o IPCA fechado, a expectativa é de 6,10% este ano. A curva de preços de commodities é outro fator que ameaça uma inflação mais persistente dos bens industriais em 2022. Em estudo produzido para clientes, a LCA Consultores elevou a projeção de Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA-M) industrial do ano de 8,2% para 11,5%, devido às estimativas de preços mais elevados do petróleo e minério de ferro. A taxa maior esperada no atacado fez com que a estimativa para os bens industriais no IPCA avançasse de 5,4% para 6,3%. Haverá aumentos do minério neste primeiro semestre, que poderão perder força na segunda metade do ano, mas não a ponto de neutralizar as pressões do início deste ano.

A previsão é de alta de 31,2% para os preços da indústria extrativa no IPA-M de 2022. Quanto à influência do petróleo, é projetada nova alta do item produtos derivados do petróleo e biocombustíveis em 2022, mas longe do registrado em 2021 (12,8%, ante 76,6%). A ASA Investments espera aumento de 7,5% dos preços dos bens industriais em 2022, em um cenário de normalização das pressões em cadeias de suprimentos a partir do segundo semestre. As projeções levam em consideração um preço médio de US$ 85,00 a US$ 90,00 para o barril de petróleo no ano, com um gradual ajuste de oferta por parte da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). O IPCA deve ficar em 5,70% em 2022, com riscos para cima caso a pressão sobre bens industrializados se estenda ao longo do segundo semestre do ano e diante da possibilidade de uma aceleração mais forte das commodities agropecuárias. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.