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18/Fev/2022

Dólar sobe com agravamento da crise geopolítica

Temores renovados de uma eventual invasão russa à Ucrânia, após declarações de autoridades dos Estados Unidos e da Otan, levaram investidores a reduzir posições em ativos de risco e buscar abrigo em Treasuries e no dólar, movimento que acabou respingando no mercado doméstico de câmbio. Após três pregões consecutivos de queda, em que acumulou desvalorização de 2,18%, o dólar subiu no Brasil, embora não tenha encontrado forças para se aproximar novamente do patamar de R$ 5,20. Operadores ressaltam que uma pausa para correção e realização de lucros já era esperada e que não muda a tendência principal de fortalecimento do Real. A crise na Ucrânia e o recuo do petróleo e do minério de ferro, este sob impacto de medidas do governo chinês, apenas serviram de gatilho para um rearranjo técnico de posições. Com mínima de R$ 5,12 e máxima de R$ 5,18, o dólar encerrou o pregão a R$ 5,16, em alta de 0,76%. Na semana, a moeda apresenta desvalorização de 1,44% e, em fevereiro, já perde 2,62%.

Na B3, o dólar futuro para março subiu 0,60%, a R$ 5,18, com giro de US$ 11,38 bilhões. No exterior, o DXY (que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes) operou em leve alta, ao redor dos 95,800 pontos, sobretudo por conta do enfraquecimento do euro. Entre as divisas emergentes e de exportadores de commodities, quem mais apanhou foi, por motivos óbvios, o rublo. Segundo a Alphatree Capital, houve uma realização de lucros no mercado local com a questão da Rússia, mas a percepção é de que ainda há muito fluxo estrangeiro por vir e que o dólar pode testar os R$ 5,00 ainda este mês. Não deve haver uma deterioração muito forte em ativos de risco mesmo em caso de uma invasão russa à Ucrânia. Pode haver uma pressão inflacionária maior porque o petróleo tende a subir em caso de conflito, o que vai dificultar a situação do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).

Na manhã desta quinta-feira (17/02), a Otan alertou que, em vez de começar a retirar suas tropas da fronteira com a Ucrânia, a Rússia estaria, na verdade, reforçando sua presença militar na região. No início da tarde, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, afirmou que não é possível ver o recuo das tropas russas. Segundo ele, ao contrário do que que a Rússia diz, o país deve atacar o país vizinho nos próximos dias. Nos Estados Unidos, a mídia traz relatos de bombardeios por parte da Rússia no leste da Ucrânia. Com as atenções voltadas às tensões geopolíticas, investidores deixaram em segundo plano indicadores fracos da economia norte-americana (construção de novas moradias e pedidos de auxílio desemprego) e novas declarações duras do presidente do Federal Reserve de St. Louis, James Bullard. Bullard voltou a defender aumento de 100 pontos-base na taxa de juros norte-americana até 1° de julho, para que o Fed não entre "em apuros" caso não haja uma moderação da pressão inflacionária no segundo semestre.

Com a inflação em mais de 300 pontos-base acima da meta, o mercado pode perder a fé de que os preços irão desacelerar se o Fed não agir de forma rápida e agressiva. Para Bullard, uma boa parte do aperto monetário, contudo, já foi precificada pelo mercado. A Alphatree Capital também vê o mercado razoavelmente ajustado à perspectiva de normalização da política monetária norte-americana, o que reduz em muito a probabilidade de um tombo mais agudo dos mercados de risco. O Bullard está tentando levar o mercado para essa precificação de 100 pontos-base nas próximas três reuniões do Fed, com uma alta de 50 pontos já no encontro de março.

No Brasil, dado o tom duro do Banco Central brasileiro, a ideia é de que a taxa Selic, hoje em 10,75%, encerre o atual ciclo de aperto monetário perto dos 13%. Isso favorece a busca por alocação em renda fixa. O fluxo mostra uma dinâmica muito encorajadora, que deve continuar. Os estrangeiros ficaram muito tempo fora do Brasil e agora estão voltando. Novos ataques do presidente Jair Bolsonaro a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e negociações de projetos envolvendo preço de combustíveis no Congresso, foram monitorados, mas não tiveram peso relevante na formação da taxa de câmbio. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.