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17/Fev/2022

Dólar cai com alta de commodities e fluxo externo

O dólar emendou o terceiro pregão seguido de queda na sessão desta quarta-feira (16/02), marcada por recuperação dos preços das commodities e enfraquecimento global da moeda norte-americana. Operadores voltaram a relatar forte apetite de estrangeiros por ativos domésticos (bolsa e renda fixa) e fechamento de câmbio por parte de exportadores. Em baixa desde a abertura dos negócios, o dólar tocou mínimas na última hora do pregão em sintonia com o ambiente externo, em meio à divulgação da ata do mais recente encontro de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano). O documento não trouxe novidades e, dado que já saíram indicadores de inflação relevantes da economia americana desde a reunião do Fed, em 26 de janeiro, é visto como já envelhecido. A divisa, que havia fechado abaixo de R$ 5,20 no dia 15 de fevereiro pela primeira vez desde 6 de setembro de 2021, rompeu o piso de R$ 5,15 ainda e passou a maior parte do dia orbitando R$ 5,14.

Na reta final da sessão, encerrou em queda de 1,02%, a R$ 5,12, mínima do dia e menor valor de fechamento desde 29 de julho de 2021. No exterior, o índice DXY (que mede o desempenho do dólar frente a seis divisas fortes) também registrou mínima após a ata do Fed, passando a ser negociado abaixo da linha de 95,800 pontos. A moeda norte-americana teve perdas frente a divisas emergentes e de exportadores de commodities. Até o rublo experimentou leve fortalecimento, a despeito de ainda haver certo receio em torno de uma eventual invasão russa à Ucrânia. Em sua ata, o Fed confirmou que deve dar início a um ciclo de alta de juro em breve (a primeira alta é esperada para março) e que será apropriado, em seguida, começar a redução seu balanço patrimonial, ou seja, retirar dinheiro do sistema. A ata traz a informação, contudo, de que ainda não há nenhuma decisão sobre o tema, algo que deve ocorrer nas próximas reuniões.

E que, quando ocorrer, a redução do balanço será em ritmo mais acelerado que na ocasião anterior, entre 2017 e 2019. Para a RPS Capital, a ata não trouxe trechos que pudessem sugerir uma postura do Fed que ainda não estivesse refletida nos preços dos ativos, como uma eventual menção a uma alta inicial mais forte dos juros já em março. Daí a reação mais amena do mercado. A alta de juros nos Estados Unidos é um dos propulsores da rotação global de portfólio, que leva investidores a migrar para ativos emergentes, movimento de que o Real tem se beneficiado, tanto por estar em níveis depreciados como pelo fato de o Brasil exibir taxa de juros de dois dígitos, e ainda em ascensão. O Citi, por exemplo elevou sua projeção de taxa Selic no fim deste ano de 12,25% para 12,75%. A performance do Ibovespa está bem superior as bolsas no exterior, com essa troca de ações de crescimento por ações de valor. Esse fluxo pode continuar, porque os estrangeiros estão voltando a alocar no Brasil após alguns anos fora. Esse movimento não representa, contudo, uma tendência estrutural de valorização dos ativos domésticos.

Os fundamentos não são bons, pois o País não tem crescimento. Mas, existe essa janela favorável de volta de alocação em Brasil. A forte demanda por moeda à vista acabou provocando uma distorção, com a taxa no spot ficando abaixo do nível do dólar futuro de vencimento mais curto, para março. Segundo a Correparti, as vendas de exportadores aumentaram muito desde terça-feira (15/02), com diversas transferências de recursos do exterior para fechando de câmbio. A percepção é que o dólar poderá romper a casa dos R$ 5,00 no curto prazo. A decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) a favor do processo de privatização da Eletrobrás foi muito bem recebida. Para a Inversa Publicações, o mercado está começando a ficar 'empossado' e distorcido", em referência a forte oferta de dólares no mercado à vista. Dados do fluxo cambial divulgados nesta quarta-feira (16/02) pelo Banco Central mostraram continuidade de conversão de dólares em Reais para aporte para ativos locais, embora já em ritmo menor.

Houve entrada líquida de US$ US$ 693 milhões pelo canal financeiro na semana passada (de 7 a 11 de fevereiro). Na semana anterior (de 31 de janeiro a 4 de fevereiro), esse fluxo havia sido positivo em US$ 4,569 bilhões. Para a Planejar, os dados do Banco Central e da Bolsa mostram que o fluxo de investimento estrangeiro continua bastante intenso em fevereiro. Uma parte vai também para a renda fixa local, já que a expectativa de alta de juros continua no radar. Isso está trazendo o dólar para baixo. A alta das commodities também beneficia o Real. É difícil dizer até onde vai o dólar. Esse é um movimento de fluxo aparentemente de curto prazo, que pode mudar de uma hora para a outra. Há muitas incertezas na economia brasileira, com inflação alta e eleições. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.