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17/Fev/2022

Agenda com América Latina é importante para Brasil

Em 25 de janeiro entrou em vigor o Tratado de Livre Comércio entre Brasil e Chile. O país é o quinto maior destino das exportações do Brasil. O acordo negociado pelo governo Temer avança o processo de abertura iniciado em 1996 e é um dos mais modernos assinados pelo Brasil. Ele promove a redução de custos aduaneiros e cobre 17 áreas, entre serviços, compras governamentais, boas práticas regulatórias e investimentos estrangeiros. Por outro lado, em 2021 o Brasil perdeu para a China o posto histórico de maior exportador à Argentina. Os dois fatos revelam a importância para o País, especialmente para a sua indústria, de revitalizar as estratégias de integração com a América Latina. É uma cláusula pétrea da Constituição que o Brasil "buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações". Em tese, o País tem todas as condições de liderar o processo de integração latino-americana.

Na América do Sul, é o único que aglutina elementos de uma potência regional: ele faz fronteira com 11 dos 13 países da região; responde por 55% do seu PIB; é uma democracia multiétnica das mais plurais do mundo; tem uma população e um mercado consumidor de grande porte; e riquezas naturais, como minérios estratégicos, petróleo, abundância de água e uma biodiversidade incomparável. O imenso potencial energético só aumentou com o processo de transição para a economia de baixo carbono. O País é uma superpotência agropecuária, tem a economia mais diversificada da região, o maior parque industrial e um razoável desenvolvimento tecnológico. No entanto, o contraste entre essas potencialidades e a realidade é chocante. Nos últimos anos, o Brasil não apenas foi incapaz de protagonizar a liderança na integração latino-americana, como tem perdido espaço como parceiro comercial dos países da América do Sul.

Em conjunto, esses países continuam sendo o quarto principal destino das exportações brasileiras e a quarta principal origem. Mas entre 2010 e 2019, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), enquanto as importações globais da América do Sul subiram 12,9%, as exportações do Brasil para a região caíram 24,7% e as importações, 20,4%. O maior impacto é sobre os produtos manufaturados, que respondem por 82% das exportações brasileiras para o Cone Sul. A contração tem múltiplas causas. Há fatores externos, como a queda do crescimento econômico da região e o crescimento da China; e internos, como a perda de competitividade da indústria nacional ou a suspensão das reformas no Brasil; e multilaterais, como a paralisação de uma agenda de acordos do Brasil com esses países, ao mesmo tempo que eles ampliaram seus acordos com grandes economias. Em plena quarta revolução industrial, em um cenário incerto para a economia globalizada, a retomada de uma agenda de integração na América Latina é fundamental.

Isso implica, para o Brasil, promover o aprofundamento das relações do Mercosul, concomitantemente à flexibilização de regras obsoletas que obstaculizam a abertura a outras regiões do mundo; à internalização de acordos mais abrangentes, como o que entrou em vigor com o Chile e o que foi firmado com o Peru; e à ampliação de acordos bilaterais com outros países vizinhos. Além da integração comercial, é preciso especial atenção a outras áreas que podem potencializá-la, como a energia e, particularmente, a infraestrutura, que pode tanto facilitar o intercâmbio brasileiro com a América do Sul como para a Ásia, a partir de portos no Peru e no Chile. A integração deveria entrar não apenas na agenda da diplomacia oficial ou do empresariado, mas dos governos regionais, academia e a sociedade civil em geral. Pelas suas condições geográficas e culturais, o destino do Brasil está irrevogavelmente atrelado ao da América Latina. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.