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16/Fev/2022

Dólar recua com o alívio das tensões geopolíticas

Sinais de que a Rússia pode abandonar eventual plano de invadir a Ucrânia, após notícias de desmobilização parcial das tropas russas na fronteira entre os dois países, abriram espaço para uma redução dos prêmios de risco mundo afora, levando a uma rodada de enfraquecimento global da moeda norte-americana. Apesar do tombo de commodities como minério de ferro e petróleo, o Real se destacou novamente, figurando no grupo das divisas emergentes que mais se valorizaram. Esse desempenho foi atribuído, em grande parte, à atratividade da renda fixa local, dada a expectativa de que a taxa Selic supere 12%. Em queda desde a abertura dos negócios, o dólar chegou a operar momentaneamente na casa de R$ 5,16, a mínima da sessão (-0,99%). Depois de orbitar os R$ 5,18, o dólar terminou a sessão em baixa de 0,72%, a R$ 5,18, o menor valor desde 6 de setembro de 2021, quando encerrou a R$ 5,17.

Após terminar janeiro com desvalorização de 4,84%, a divisa já acumula perdas de 2,36% em fevereiro. O dólar já havia esboçado fechar abaixo do piso de R$ 5,20 nas últimas sessões, mas acabou se recuperando, seja por falas mais duras de dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), em meio a leituras fortes de inflação nos Estados Unidos, seja pelo temor de invasão russa à Ucrânia. O alívio nas tensões geopolíticas prevaleceu sobre o forte avanço da inflação ao produtor nos Estados Unidos em janeiro (PPI subiu 1%, o dobro do esperado por analistas) e que a cautela diante da divulgação, nesta quarta-feira (16/02), da ata da mais recente reunião de política monetária do Fed. Para a Integral Group, o mercado já absorveu a perspectiva de que o Federal Reserve possa elevar a taxa de juros em 50 pontos-base em março e levá-la para cerca de 1,5% ainda neste ano.

As atenções estarão mais voltadas a sinais de em torno ritmo de redução do balanço patrimonial do Fed, que significa, na prática, retirada de dinheiro do sistema. Ao longo dos próximos meses, o grande termômetro para saber o tamanho da alta de juros nos Estados Unidos é o comportamento das Treasuries mais longas. Um avanço do retorno da T-note de 10 anos para o patamar de 2,5% poderia ter impacto mais forte em ativos de risco. O Fed deve dar em março uma resposta mais firme às pressões inflacionárias, mas dizer ainda que é 'data dependent' em relação ao grau de elevação dos juros. O mercado já precificou alta de 0,50 pontos base em março e vai ser mais sensível à questão do balanço. No caso brasileiro, pode ocorrer pelo menos mais duas altas da taxa Selic (em 1% em março e em 0,75% em maio - para 12,50%).

A forte apreciação do Real está muito ligada ao fluxo de capital de curto prazo, em meio a uma rotação global de portfólio. Deve haver um aumento da volatilidade da taxa de câmbio a partir de abril ou maio, quando a corrida eleitoral vai "começar a fazer preço" no mercado. O cenário base da Integral Group é de dólar a R$ 5,90 no fim do ano. No exterior, o índice DXY (que mede o desempenho do dólar frente a seis divisas fortes e é um bom termômetro do apetite ao risco) trabalhou em queda firme nesta terça-feira (15/02), no limiar dos 96,000 pontos, sobretudo por conta das perdas frente ao euro. Entre os emergentes, dólar perdeu mais força em relação ao peso chileno, o Real, por razões óbvias, o rublo. Do lado político, sinais de que a PEC dos Combustíveis apresentada no Senado (apelidada de PEC Kamikaze), por trazer possibilidade de renúncia fiscal superior a R$ 100 bilhões, pode não vingar ajudam a diminuir a percepção de risco.

Há, contudo, perspectiva de votação de projetos relacionados aos preços de combustíveis nesta quarta-feira (16/02) no Senado. Um deles inclui uma conta de estabilização dos preços e a mudança do modelo de cobrança do ICMS sobre os combustíveis, mas com liberdade para cada governador definir a alíquota. A Golden Investimentos observa que, a despeito da queda da percepção global de risco, refletida no arrefecimento do índice DXY, e de um quadro fiscal interno razoável, o grande propulsor do Real são as operações de carry trade (que exploram o diferencial de juros entre países). Há um grande fluxo de estrangeiro e não se sabe quando o estrangeiro vai parar de alocar. O mercado já começa a especular com taxa de câmbio a R$ 5,10 ou R$ 5,00. Sem dúvida, o carry trade voltou. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.