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16/Fev/2022

Grãos: estiagem reduz potencial produtivo da safra

Segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o prejuízo dos produtores rurais com a quebra da safra de grãos 2021/2022 já soma R$ 71,9 bilhões. A previsão considera a redução da produção em relação ao potencial esperado e os preços de mercado, ou seja, calcula quanto os agricultores deixarão de embolsar com a menor produção. No montante, constam os prejuízos com as perdas da produção de soja, milho verão, arroz e feijão 1ª safra, contabilizados nos Estados da Região Sul e em parte de Mato Grosso do Sul. São variáveis correlacionadas. Se a safra tivesse ocorrido na plenitude, dificilmente haveria preços nos patamares atuais. Contudo, a conjuntura internacional e a demanda aquecida poderiam fornecer suporte aos preços em caso de safra cheia. O Rio Grande do Sul lidera o prejuízo, com R$ 30,3 bilhões, seguido pelo Paraná, com R$ 28 bilhões, por Mato Grosso do Sul, com R$ 10,4 bilhões, e por Santa Catarina, com R$ 3,2 bilhões.

Em relação às culturas, as maiores perdas monetárias são reportadas na soja, com R$ 62,1 bilhões. O milho safra de verão (1ª safra 2021/2022) aparece na sequência, com R$ 8,3 bilhões, seguido pelo arroz, com R$ 859,2 milhões, e pelo feijão 1ª safra, com R$ 610 milhões. Estas estimativas são as mais recentes da entidade, contabilizadas neste mês. Em quantidade que deixou de ser produzida, as perdas contabilizadas na safra de grãos da Região Sul e parte de Mato Grosso do Sul alcançam 25,215 milhões de toneladas. Há algumas variações em relação às culturas, mas, de forma geral, o Rio Grande do Sul tem liderado as perdas em virtude da intensidade dos impactos (ligados às intempéries climáticas). Por culturas, a maior quebra foi verificada na soja. Na oleaginosa, as perdas totalizam quase 19 milhões de toneladas. No milho safra de verão (1ª safra 2021/2022), a quebra é estimada em 5,2 milhões de toneladas, enquanto 890 mil toneladas de arroz e 125 mil toneladas de feijão 1ª safra foram perdidas.

As perdas concentradas na Região Sul são resultado de efeito cumulativo de condições climáticas adversas em dezembro e janeiro, após um plantio em janela adequada em novembro, em virtude da precipitação abaixo da média e das temperaturas elevadas. A entrada de água no solo foi muito menor do que o volume perdido pelas plantas na evaporação. O balanço hídrico ficou muito aquém do necessário para o bom desempenho. As perdas foram de comprimento, ao número de grãos, ao tamanho dos grãos, o que culmina em potencial menor de produtividade. A quebra na safra da Região Sul, contudo, foi parcialmente compensada por ganhos de produtividade observados na Região Centro-Oeste, que amenizaram o impacto total na produção, estimado em 22,9 milhões de toneladas. São perdas na comparação com o que a safra tinha condição máxima de expressar estimada em dezembro, considerando o cumprimento da janela de plantio, o início da safra com precipitação adequada.

Depois com o La Niña, a safra desandou na Região Sul, mas houve cenário de recomposição por outras regiões. Na soja, a estimativa é de redução de 17,3 milhões de toneladas em relação ao potencial produtivo inicialmente esperado para a oleaginosa, com a produção nacional 2021/2022 prevista em 125,47 milhões de toneladas. Em milho safra de verão (1ª safra 2021/2022), houve corte de 4,6 milhões de toneladas, ante o potencial produtivo da safra, que deve ficar em 24,4 milhões de toneladas. No arroz, as perdas são de 890 mil toneladas, ante o potencial inicialmente esperado, com a safra prevista em 10,6 milhões de toneladas. A 1ª safra de feijão apresentou redução de 109 mil toneladas ante o inicialmente estimado, para 3,06 milhões de toneladas previstas. Com os cortes na Região Sul e ganhos de produtividade na Região Centro-Oeste, a CNA projeta safra total de grãos 2021/2022 no País em 268,3 milhões de toneladas. Se tivesse o cenário ideal de condições, sem perdas no Sul e com ganhos de rendimento no Centro-Oeste, seria uma das maiores safras da história, próximo dos 300 milhões de toneladas que o setor almeja.

A projeção inclui estimativa de 86 milhões de toneladas para produção de milho na 2ª safra de 2022, aumento expressivo ante a temporada anterior, quando houve quebra significativa de produção. É um número ainda muito incerto por causa do momento, ainda dependente das condições climáticas do período até meados de julho. Novas revisões tendem a ser feitas com o avanço da colheita da safra de verão (1ª safra 2021/2022) e o prejuízo com as perdas ainda pode aumentar. Pode haver reduções mais abruptas das que estão sendo verificadas na Região Sul, mas, para a Região Centro-Oeste, pode haver revisões positivas. O quadro de suprimento ainda é um pouco incerto neste momento. A CNA pediu ao governo, por meio de ofícios encaminhados em 25 de janeiro, medidas emergenciais e estruturantes para auxiliar produtores rurais de várias regiões do País prejudicados ou pela seca ou enchentes.

As propostas de caráter urgente incluíam medidas emergenciais de crédito, de renegociação de dívida, questões de seguro rural, prorrogação das parcelas de crédito de investimento e parcelamento dos financiamentos de custeio, retirada de taxas cobradas pelas instituições financeiras sobre o valor dos financiamentos para alongamento das operações de crédito, entre outros. Ainda não houve uma resposta concreta por causa da 'nebulosidade' em relação ao orçamento federal, mas a sinalização é positiva, pois o governo tem demonstrado interesse em resolver a situação dos produtores. Sobre os boatos de que as medidas poderiam ser apresentadas nesta semana, a entidade não possui confirmação de prazo de eventuais medidas neste momento. Apesar de não haver confirmação, a expectativa é de que ocorram. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.