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15/Fev/2022

Dólar recua com maior fluxo de recursos externos

Com relatos de fluxo de recursos estrangeiros para ativos domésticos e perspectiva cada vez maior de taxa Selic na casa de 12%, o dólar recuou no mercado doméstico de câmbio na sessão desta segunda-feira (14/02), a despeito de a moeda norte-americana ter ganhado força em relação a ampla maioria de divisas fortes e emergentes. Afora uma pequena alta na primeira hora de negócios, quando tocou na máxima do dia (R$ 5,26), a divisa trabalhou em baixa durante todo o pregão, operando em diversos momentos abaixo da linha R$ 5,20, uma barreira técnica que, se superada em um fechamento, poderia abrir uma janela para nova rodada de apreciação do Real. O rumo dos ativos hoje foi muito influenciado pela oscilação das expectativas sobre os desdobramentos da crise geopolítica, em meio a relatos contraditórios sobre uma iminente invasão russa a Ucrânia. No início da tarde desta segunda-feira (14/02), sinais de que os russos estavam dispostos a negociar com as potências Ocidentais deram certo fôlego as bolsas em Nova York e tiraram um pouco da pressão sobre o dólar no exterior.

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, chegou a afirmar que uma saída diplomática ainda é possível. Foi quando, no Brasil, a moeda registrou mínima, descendo até R$ 5,19 (-0,89%). Mas, na reta final dos negócios, a situação mudou e uma incursão da Rússia na Ucrânia voltou a ser o cenário mais provável. O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou que foi avisado de que a Rússia atacará o país nesta quarta-feira (16/02). Na sequência, os mercados acionários norte-americanos aprofundaram as perdas e o índice DXY (que mede o desempenho do dólar em relação a uma cesta de seis divisas) acelerou os ganhos e voltou a toar o patamar de 96,300 pontos. No Brasil, o dólar diminuiu bastante o ritmo de queda e, após operar por certo tempo na casa de R$ 5,22, fechou a R$ 5,21, em queda de 0,46%. Com baixa de 1,65% em fevereiro, o dólar já acumula perda de 6,41% em 2022. Entre os pares do Real, o rand sul-africano e o peso mexicano também conseguiram ganhar terreno frente ao dólar, mas com desempenho inferior ao da moeda brasileira.

Após o encerramento dos negócios, surgiram relatos, de um alto funcionário do governo ucraniano, de que Zelensky teria sido irônico quando se referiu ao suposto ataque russo na quarta-feira (16/02). Mais uma vez, operadores relataram entrada de fluxo estrangeiro para ativos domésticos e citaram a taxa de juros elevada do Brasil como a principal razão para o fôlego do Real. Além de atrair capitais de curto prazo para operações de carry trade, os juros domésticos encarecem o hedge e desencorajam montagens de posições compradas (que apostam na alta do dólar). Na esteira do tom duro da ata do Copom e de declarações do diretor de política monetária do Banco Central, Bruno Serra, na semana passada, a mediana das projeções do Boletim Focus para a taxa Selic no fim deste ano passou de 11,75% para 12,25%, refletindo a revisão de expectativa promovida por diversas casas ao longo dos últimos dias. segundo a Fair Corretora, apesar de toda a incerteza com a questão da Ucrânia e da alta dos Treasuries, o fluxo de recursos continua muito forte. O diferencial de juros é elevado.

O problema é que esse capital é de curto prazo e pode sair a qualquer momento. Exportadores e importadores mantêm uma postura cautelosa, evitando fechar grandes operações. O dólar já caiu bastante e a visibilidade agora é muito baixa. Se a Rússia invadir a Ucrânia, o dólar pode subir. A forte entrada de divisas acabou amenizando a transmissão das preocupações fiscais sobre a formação da taxa de câmbio. Embora pareça haver certo recuo em torno da PEC dos Combustíveis apresentada no Senado, uma nova onda de pressão por mais gastos públicos ou renúncia fiscal em ano eleitoral deve acontecer. O cenário externo é complicado. Vai ter alta de juros nos Estados Unidos. Internamente, a economia é muito fraca e mais gastos. Assim, é difícil imaginar um dólar muito mais para baixo. O Senado pautou para a próxima quarta-feira (16/02) a votação de três projetos de lei que tentam reduzir o preço dos combustíveis no País, mas a PEC do senador Carlos Fávaro (PSD-MT), apelidada de "PEC Kamikaze" pela equipe econômica, ainda não tem data para ser apreciada.

Por ora, a possibilidade de uma normalização mais rápida da política monetária norte-americana, com altas sucessivas da taxa de juros nos Estados Unidos a partir de março não abala o Real. Maior expoente da ala dura do Federal Reserve (o banco central norte-americano), o presidente do Federal Reserve de St. Louis, James Bullard, voltou a defender uma elevação 100 pontos-base da taxa básica até 1° de julho. Para o dirigente, a redução do balanço patrimonial do Fed, o que, na prática, significa retirada de dinheiro do sistema, deveria começar já no segundo trimestre. Monitoramento do CM Group mostra que as apostas em alta da taxa dos Fed Funds em 50 pontos-base em março predominam no mercado após declarações do dirigente do Fed. A JF Trust vê o fluxo externo ainda expressivo para ativos locais como responsável pela persistência no descolamento do mercado cambial doméstico do comportamento do dólar no exterior. O carry trade segue beneficiando o Real frente ao dólar, com a expectativa de juro maior no curto prazo. No exterior, a moeda norte-americana avança por conta da crise geopolítica e da possibilidade de alta maior de juros pelo Federal Reserve. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.