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15/Fev/2022

Crédito Rural: fintech lança um cartão para Barter

A fintech MasterBarter, criada em 2020, está levando ao mercado aplicativo que permite a produtores de diversas culturas fechar barter pelo celular, receber antecipadamente parte dos recursos em sua conta digital e utilizá-los para despesas pessoais com um cartão de crédito com prazo safra. Até o fim de 2022, a expectativa é alcançar cerca de 5 mil agricultores com conta digital e o cartão "BarterCard" da empresa e transacionar ao redor de R$ 400 milhões. No ano que vem, a meta é atender aproximadamente 20 mil produtores rurais e movimentar R$ 1 bilhão. O objetivo é democratizar o barter para os pequenos agricultores, para todos os cultivos, de uma forma simples. É a única conta digital agro que fala a língua do produtor, utiliza a sua moeda, que é a produção. O BarterCard vai aumentar a liquidez do agricultor. Trata-se de um cartão de crédito associado à conta digital da MasterBarter, que terá bandeira Mastercard. A fintech tem sede em Goiânia (GO) e a ideia é que o produtor possa gastar com seu cartão de crédito a produção futura.

O plano de negócios da MasterBarter prevê chegar em 2026 com R$ 7 bilhões transacionados e quase 100 mil produtores com conta digital na plataforma. O número de empresas parceiras que farão barter com os produtores pelo aplicativo (tradings de produtos agrícolas, fabricantes de insumos e cooperativas) também vai crescer. Hoje, são 10 e no ano que vem, deve chegar de 25 a 30. Na plataforma da MasterBarter estão cadastrados atualmente cerca de 200 produtores de soja, milho, trigo e amendoim. A proposta é que cada produtor tenha em sua conta digital de 5% a 10% da produção esperada, cujo valor poderá ser antecipado e colocado à disposição no cartão de crédito BarterCard, com o compromisso de entrega do produto agrícola quando for colhido. No extrato da conta digital apresentado no aplicativo, o agricultor consegue visualizar seu saldo em sacas e solicitar a antecipação de parte do dinheiro. O recurso fica disponível para pagamento de contas pessoais com o BarterCard, com prazo safra de pagamento.

Para viabilizar essa operação, o produtor apresenta pela plataforma uma CPR (Cédula de Produto Rural, documento que descreve o volume de produto agrícola a ser entregue futuramente) assinada digitalmente e registrada no Banco Central que será cedida a um agente financeiro parceiro da MasterBarter (hoje, bancos), para que ele antecipe o recurso ao produtor. Na época da colheita, quando o produtor entregar a produção referente a seu saldo, a empresa compradora (trading ou cooperativa) pagará ao agente financeiro. O processo de apresentação de documentos é feito digitalmente, incluindo upload de arquivos de cartórios. O agricultor faz sua conta digital e na tela tem um ícone 'visite seu armazém', onde ele verifica que tem, por exemplo, 1,2 mil sacas de 60 Kg de soja. Ele pode decidir vender 300 sacas de 60 Kg, checar a cotação do dia e vender, tendo imediatamente liquidez no seu cartão para gastar. Outra operação possível dentro da MasterBarter é o produtor realizar somente o barter tradicional, com antecipação dos insumos agrícolas "físicos" para plantar e o compromisso de entregar a produção na época da colheita.

A vantagem, nesse caso, é contar com todo o processo registrado, com tecnologia blockchain. É mais seguro para os dois lados. A empresa pretende ampliar a variedade de produtos transacionados pela plataforma. Há conversas para implementar um projeto piloto envolvendo compradores de tomate e planos de envolver as cadeias de leite, carnes, cana-de-açúcar, batata, entre outras. Do lado dos compradores de alimentos, surgiram empresas interessadas em oferecer serviços e tecnologias. Além disso, é avaliada a possibilidade de atrair fabricantes de máquinas agrícolas e de peças, com foco nos pequenos produtores. A MasterBarter não interfere nas taxas de juros e nos preços dos insumos ou dos produtos agrícolas negociados entre as partes. O que diminui substancialmente é o tempo da transação e a burocracia. O tempo gasto pelo produtor é reduzido, além do risco, por exemplo, de ele perder o melhor momento para vender a soja.

Se o agricultor está registrado na plataforma, o processo de antecipação de recursos demora dois minutos. No ano em que foi criada, a MasterBarter levantou R$ 5 milhões de seus fundadores, investidores anjos e dos fundos Parallax Ventures e FRAM Capital. Para sustentar o crescimento da operação, a fintech iniciou na última semana uma nova rodada de captação, que deve se estender até maio e na qual pretende levantar mais de R$ 20 milhões. Os recursos servirão para dobrar a equipe neste ano, hoje de 16 pessoas, investir mais em tecnologia e em marketing para promoção em feiras agropecuárias. Também contribuirá para ampliar o número de empresas parceiras. Na fase pre-seed (de captação dos R$ 5 milhões), foi comprovado o modelo de negócio. Agora é hora de aumentar a escala com várias cooperativas, empresas de insumos e tradings. O faturamento da MasterBarter, proveniente de taxas cobradas dos parceiros e produtores, ainda é modesto e deve somar R$ 3 milhões no fim de 2022.

A expectativa para o longo prazo, entretanto, é alcançar de US$ 45 milhões a US$ 50 milhões ou, pelo câmbio atual, cerca de R$ 250 milhões em quatro anos. O leque de financiadores, restrito a bancos, também será ampliado. A fintech fará a prospecção de outros agentes, como fundos e empresas, e os conectará aos compradores de grãos e alimentos. Dos R$ 7 bilhões previstos para serem transacionados em 2026, em torno de metade, ou R$ 3,5 bilhões, demandará financiadores para que os recursos possam ser antecipados aos agricultores. Há conversas com diversos players, será uma combinação de ferramentas. Os R$ 3,5 bilhões restantes se referem ao valor dos insumos agrícolas "físicos" a serem contratados pelos produtores na plataforma, para os quais não será preciso antecipação de recursos. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.