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11/Fev/2022

Dólar fecha em alta com avanço da inflação nos EUA

A volatilidade deu o tom aos negócios no mercado de câmbio doméstico nesta quinta-feira (10/02), com investidores recalibrando as apostas para o ritmo de alta da taxa de juros nos Estados Unidos, após o índice de inflação ao consumidor (CPI) em janeiro (+0,6%) superar as estimativas (+0,4%) e apresentar taxa de 7,5% na comparação anual, a maior em 40 anos. O dólar trocou de direção diversas vezes ao longo do dia, em sintonia com o ambiente externo. Apesar da disparada do retorno das Treasuries, reflexo da perspectiva de uma elevação mais rápida e prolongada do juro nos Estados Unidos, a moeda norte-americana teve um comportamento misto tanto em relação a divisas fortes quanto emergentes, operando em queda firme na comparação com rand sul-africano e o peso chileno, mas em alta frente ao peso mexicano, o rublo e a rupia indiana. Instável, o Real trabalhou ora no grupo dos vencedores, ora no dos perdedores.

As mínimas da sessão vieram no início da tarde, no melhor momento para os emergentes, quando o dólar rompeu o piso de R$ 5,20 e desceu rapidamente R$ 5,17. A máxima, de R$ 5,25, ocorreu quando as bolsas norte-americanas ampliaram as perdas e as taxas dos Treasuries tocaram máximas, insufladas por declarações do presidente do Federal Reserve de St. Louis, James Bullard, que tem direito a voto nas reuniões de política monetária. Maior expoente da ala conservadora do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Bullard afirmou que gostaria de ver um aumento de 100 pontos-base na taxa de juros dos Estados Unidos (hoje entre 0% e 0,25%) até 1º de julho deste ano, com um aumento inicial de 0,50 pontos-base. Na esteira do CPI de janeiro, as apostas em torno de uma de elevação de 50 pontos-base já em março saltaram de cerca de 25% para mais de 80%.

Além do índice de inflação cheio, o núcleo do CPI, que exclui preços de energia e alimentos, que são mais voláteis, também superou as estimativas, com alta de 0,6% em janeiro e 6% na comparação anual. Após tantas oscilações, o sinal positivo prevaleceu no Brasil, com nítida influência da aceleração da moeda norte-americana ante emergentes pares no exterior. Assim, o dólar fechou no mercado doméstico cotado a R$ 5,24, em alta de 0,29%. Apesar da ter avançado nesta quinta-feira (10/02), o dólar acumula queda de 1,51% na semana. Em 2022, o dólar tem desvalorização de 5,99%. O giro com o contrato de dólar futuro para março, principal termômetro do apetite por negócios, foi robusto, superando US$ 15 bilhões. Para o Travelex Bank, o ambiente de volatilidade deve permanecer, mas o Real pode continuar a se valorizar daqui para frente, caso não haja notícias internas muito negativas ou uma alta ainda mais aguda das taxas dos Treasuries nos Estados Unidos. O Brasil tem uma taxa real de juros de 6%.

Os preços das commodities, como milho, soja e café, estão altíssimos em dólar. É claro que se houver um estresse muito forte no exterior, com a Treasury de 10 anos indo para 4%, o Real vai sentir. Mas, não é isso que está no radar. A permanência da taxa da T-note de 10 anos em 2% não significa muita coisa, já que o diferencial de juros continua enorme. A tese da rotação de portfólio, com investidores abandonando países desenvolvidos para buscar “pechinchas” entre ativos emergentes, como ações e moedas, ainda predomina nas mesas de operação. Com a perspectiva de novas altas da Selic, após a ata do Copom e declarações do diretor de política monetária do Banco Central, a renda fixa brasileira fica cada vez mais atraente. A bolsa doméstica, com peso considerável de ações de valor ligadas a commodities, apresentou alta firme, se descolando das perdas na Bolsa de Nova York.

A JF Trust chama a atenção para o fato de a China continuar a promover estímulos financeiros, com redução de depósito compulsório e taxas juros. O estoque de moeda (M2) passou de uma alta de 9,0% ao ano em dezembro de 2021 para 9,2% em janeiro, sendo que os novos empréstimos na China mais que triplicaram em janeiro, o que beneficia os preços das commodities, como o minério. Nesta quinta-feira (10/02), os mercados operaram mais sob influência da leitura de inflação nos Estados Unidos. Entre 1º e 4 de fevereiro, os estrangeiros compraram US$ 931 milhões em ações. Como a entrada líquida de dólares nesse período foi de US$ 3,85 bilhões, conclui-se que a maior parte dos recursos externos (US$ 2,92 bilhões) acabou indo para renda fixa e fundos. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.