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10/Fev/2022

Dólar recua com o forte apetite externo aos riscos

Após uma manhã de instabilidade nesta quarta-feira (09/02), em que chegou até a flertar com o teto de R$ 5,30, o dólar perdeu força no mercado local de câmbio, alinhando-se ao movimento de enfraquecimento da moeda norte-americana em relação a divisas emergentes, em meio a forte apetite ao risco no exterior. Operadores atribuíram a falta de fôlego do Real na primeira etapa de negócios a fatores técnicos no mercado futuro de dólar, com retomada de posições defensivas por players relevantes. Passado esse momento de rearranjo técnico, a moeda norte-americana não encontrou forças para se manter em alta, dada a aceleração dos ganhos das divisas pares do Real no exterior e a perspectiva de prolongamento das altas da taxa Selic, após discurso duro do diretor de política monetária do Banco Central. A esse pano de fundo favorável se somou um gatilho poderoso para apostas no Real: a confirmação de que o apetite do investidor estrangeiro por ativos domésticos continua elevado.

Dados de fluxo cambial, divulgados pelo Banco Central, mostraram que houve entrada líquida US$ 4,469 bilhões pelo canal financeiro na semana passada (de 31 de janeiro a 4 de fevereiro). No total, o fluxo cambial no período foi positivo em US$ 4,936 bilhões, já que houve também entrada de US$ 368 milhões via comércio exterior. No acumulado do ano, até 4 de fevereiro, o fluxo cambial é positivo em US$ US$ 5,725 bilhões, graças à entrada líquida de US$ 9,465 bilhões pelo canal financeiro. Do lado do comércio exterior, o saldo neste ano é negativo em US$ 3,740 bilhões. Segundo a Commcor DTVM, o dólar vinha tentando perder os R$ 5,25 faz tempo sem sucesso. Quando chegava a esse patamar, entrava compra, porque havia dúvida se a tendência de queda iria continuar. O fluxo positivo em fevereiro mostrou que a entrada de capital estrangeiro continua muito forte e deu coragem para os vendidos (que ganham com a queda do dólar) aumentarem suas posições.

Com variação de cerca de R$ 0,08 entre a máxima (R$ 5,29) e a mínima (R$ 5,21), o dólar fechou em queda de 0,64%, a R$ 5,22, o menor valor desde 13 de setembro. Com isso, a divisa já perde 1,79% na semana e acumula desvalorização de 6,26% em 2022. O dólar futuro para março caiu 0,45%, para R$ 5,26, com giro de US$ 12,7 bilhões. No exterior, o índice DXY (que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis moedas fortes) operou em queda durante a quarta-feira (09/02), ao redor dos 95,500 pontos. A moeda norte-americana caiu em bloco em relação a divisas emergentes e de países exportadores de commodities, com perdas de mais de 1% ante o peso chileno e ao rand sul-africano, ambos vistos como pares do Real. Segundo a JF Trust, a redução do dólar no exterior e o superávit no fluxo cambial na semana passada, confirmado pelo Banco Central, beneficiam o movimento de revalorização do Real para a faixa de R$ 5,20.

Ressalta-se o clima de menor aversão ao risco no exterior, em razão de balanços trimestrais positivos nos Estados Unidos e do aumento da probabilidade de uma saída negociada da crise geopolítica provocada pela ameaça russa de invasão à Ucrânia. Isso deixa o efeito do estrago fiscal potencial da PEC da zeragem dos combustíveis para os próximos dias. As atenções também estiveram voltadas ao IPCA de janeiro e à participação do diretor de política monetária do Banco Central, Bruno Serra, em um evento virtual. O IPCA desacelerou de 0,73% em dezembro para 0,54% em janeiro. Foi a maior alta mensal para os meses de janeiro desde 2016. Em seu discurso, o diretor do Banco Central reforçou o tom mais duro da ata do Copom, ao dizer que o Banco Central tem mais alguns ajustes pela frente a serem feitos na taxa Selic. Como a inflação está em dois dígitos, há bastante trabalho pela frente, afirmou Serra. Ele vê a taxa de câmbio ainda bastante depreciada e acredita que o Brasil tem ainda muito espaço para surfar na rotação global de ativos. Para a Commcor DTVM, o discurso do Bruno Serra pode ajudar o dólar a cair mais.

O carry trade (operações que busca ganhar com o diferencial de juros entre países) voltou para todos os emergentes. Mas, o Brasil começou a subir antes os juros e já tem uma taxa bem mais alta. É preciso estar atento aos impactos da divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI) em janeiro nos Estados Unidos nesta quinta-feira (10/02), que vai servir para investidores calibrarem as apostas em torno do ritmo e da magnitude da alta de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) neste ano. Se o número vier forte, esse movimento de queda do dólar no mundo pode ser interrompido. A RB Investimentos ressalta que, embora a perspectiva de uma taxa Selic ainda maior ajude o Real, o grande propulsor da queda do dólar no Brasil nesta quarta-feira (09/02) foi o movimento global de fortalecimento de divisas emergentes. Mas, nesta quinta-feira (10/02), o dólar pode se valorizar em comparação a outras moedas, com a divulgação da inflação nos Estados Unidos, que deve confirmar a necessidade de o Fed subir juros de forma mais rápida. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.