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10/Fev/2022

Inflação: alimentos puxaram o índice em janeiro

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta de 0,54% em janeiro, ante um avanço de 0,73% em dezembro de 2021. A taxa acumulada pelo IPCA em 12 meses ficou em 10,38%. Apesar de desaceleração ante dezembro, a alta de 0,54% no IPCA em janeiro foi a maior para o mês desde 2016. Seis anos atrás, o IPCA subiu 1,27%. A virada de 2015 para 2016 foi o último período em que o IPCA variou acima de 10% no acumulado em 12 meses. Na leitura de janeiro deste ano, a alta em 12 meses foi de 10,38%, acima dos 10,06% do fechamento de 2021, mas abaixo do acumulado em 12 meses até novembro de 2021, quando a variação ficou em 10,74%. A inflação de janeiro foi puxada majoritariamente por alimentos. Da alta de 0,54%, 0,23% foram acrescentados pelo avanço de 1,11% no grupo Alimentação e Bebidas.

A alta na inflação de alimentos foi puxada pela alimentação no domicílio, especialmente porque o avanço desses preços acelerou em janeiro ante dezembro. A alimentação no domicílio passou de alta de 0,79% em dezembro para 1,44% em janeiro. Os destaques foram os preços das frutas e das carnes. Fatores climáticos (excesso de chuvas na Regiões Sudeste e Nordeste e seca na Região Sul) influenciam na quantidade ofertada e na qualidade, influenciando nos preços. As frutas ficaram 3,40% mais caras e as carnes subiram 1,32%, puxando a inflação de alimentos, embora tenham registrado altas menos intensas em relação ao mês anterior (8,60% e 1,38%, respectivamente). Sozinho, o item “carnes” acrescentou 0,04% na variação agregada do IPCA de janeiro. Os preços do café moído (4,75%) subiram pelo 11º mês consecutivo, acumulando alta de 56,87% nos últimos 12 meses. Outros destaques foram a cenoura (27,64%), a cebola (12,43%), a batata-inglesa (9,65%) e o tomate (6,21%).

Na contramão, houve recuos nos preços do arroz (-2,66%), do frango inteiro (-0,85%) e do frango em pedaços (-0,71%). A pressão da inflação de alimentos só não foi maior porque a alimentação fora do domicílio desacelerou de uma alta de 0,98% em dezembro de 2021 para um avanço de 0,25% em janeiro. A refeição passou de 1,08% em dezembro para 0,44% em janeiro, enquanto o lanche passou de 1,08% em dezembro para -0,41% em janeiro. A inflação de janeiro foi mais disseminada do que na maior parte de 2021. O índice de difusão, que mede a proporção dos itens que tiveram alta de preços em relação ao total de produtos e serviços cujos preços são pesquisados, ficou em 73%. O índice ficou abaixo dos 75% de dezembro de 2021. Ainda assim, ano passado, o indicador ficou acima de 70% apenas em dezembro e em agosto (72%). Contribui para isso uma elevação generalizada de custos, por causa da inflação de itens usados como insumo de diversas atividades, como os combustíveis e a energia elétrica.

A disseminação também é marcada pela indexação. O aluguel residencial subiu 1,54% no IPCA de janeiro, com impacto positivo de 0,06% da variação agregada. Em 12 meses, o aluguel acumula alta de 8,01% no IPCA. Com uma inflação mais elevada, na casa dos 10%, os índices que reajustam os aluguéis acabam influenciando. A inflação de janeiro só não foi maior por causa da redução nos preços dos combustíveis, mas a queda foi influenciada pela redução do ICMS cobrado sobre a gasolina no Rio Grande do Sul. A gasolina ficou 1,14% mais barata no IPCA de janeiro. Sozinha, tirou 0,07% da variação agregada de 0,54% do índice. Com isso, contribuiu para o grupo Transportes registrar deflação de 0,11%, o único dos nove grupos de produtos e serviços cujos preços são pesquisados no IPCA a ter variação negativa. Com a queda de 0,11%, o grupo Transportes teve impacto negativo de 0,02% na variação agregada.

O comportamento do IPCA na região metropolitana de Porto Alegre (RS) sinaliza o efeito da redução dos impostos estaduais sobre os combustíveis. Por lá, a gasolina ficou 6,20% mais barata em janeiro, influenciando a variação agregada no IPCA nacional. No País, os combustíveis caíram 1,23% no IPCA de janeiro. Além da gasolina, também houve queda nos preços do etanol (-2,84%) e do gás veicular (-0,86%), mas o óleo diesel subiu 2,38%. A queda nos preços médios da gasolina foi a segunda seguida, ante o recuo de 0,67%, mas, em 12 meses, a alta acumulada é de 42,71%. Da mesma forma, o etanol acumula alta de 54,95% em 12 meses até janeiro, mesmo após dois meses de queda. Mas, a trégua pode ser temporária. Os preços de combustíveis nas refinarias, que haviam caído em dezembro, foram reajustados para cima em 12 de janeiro.

Como ocorreu em meados do mês, essa última alta de preços nas refinarias pode não ter chegado totalmente para os consumidores finais, e é possível que ocorram novas altas nos postos nas próximas semanas. É preciso aguardar para ver como o reajuste na refinaria vai ser repassado para o consumidor final. A deflação no grupo dos Transportes também foi influenciada pelo recuo nos preços das passagens aéreas (-18,35%). Sozinhas, as passagens tiraram 0,11% da variação agregada do IPCA de janeiro, o maior impacto negativo no mês. O recuo nos bilhetes aéreos foi sazonal, já que, nos últimos anos, os preços têm caído em janeiro, após subirem em dezembro. Também no grupo Transportes, os transportes por aplicativo ficaram 17,96% mais baratos, e o aluguel de veículo recuou 3,79%. Na contramão do grupo, subiram os preços das motocicletas (2,45%), dos automóveis novos (2,19%) e dos automóveis usados (1,53%).

A variação positiva do táxi (1,23%) decorre do reajuste de 9,75% nas tarifas no Rio de Janeiro (RJ), válido desde 11 de janeiro. Em ônibus urbano (0,22%), houve reajustes em Fortaleza (CE), com alta média de 8,55% a partir de 15 de janeiro; Vitória (ES), com reajuste de 4,84% a partir de 9 de janeiro; e Campo Grande (MS), com reajuste de 4,75% a partir de 17 de janeiro. A conta de luz ficou mais barata em janeiro, dando uma trégua para a inflação no início do ano, mas, assim como no caso dos combustíveis, a queda de preços foi influenciada pela redução do ICMS no Rio Grande do Sul. A tarifa de energia elétrica ficou 1,07% mais barata em janeiro. Sozinho, o item tirou 0,05% da variação agregada do IPCA, que subiu 0,54% em janeiro. Com isso, o grupo Habitação, que inclui a conta de luz, avançou 0,16% em janeiro, abaixo dos 0,74% de dezembro. A queda de 6,81% na tarifa de energia elétrica em Porto Alegre (RS), marcada pela decisão do governo estadual de baixar o ICMS, foi determinante para o recuo na média nacional.

No acumulado em 12 meses, a alta média nos preços da conta de luz segue elevada, em 27,02%, porque permanece em vigor a bandeira vigor a bandeira Escassez Hídrica, que acrescenta R$ 14,20 na conta de luz a cada 100 kWh consumidos. O sistema de bandeiras tarifárias, da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), repassa mais rapidamente ao consumidor final a variação de custos de geração de energia, que são maiores nos períodos de seca, quando são acionadas as usinas termelétricas, mais caras. A bandeia Escassez Hídrica é extraordinária, aplicada como medida para enfrentar a estiagem do ano passado, que levou os reservatórios das usinas hidrelétricas aos níveis mais baixos da história. Ainda no grupo Habitação, o alívio na inflação de janeiro veio também do gás de botijão, um dos itens que mais têm pesado no bolso do consumidor, que ficou 0,73% mais barato na comparação com dezembro. Foi a primeira queda após 19 meses seguidos de alta.

O alívio parece insuficiente, já que, nesses 19 meses de altas, o preço médio do botijão de gás acumulou alta de 48,72%. No acumulado em 12 meses até janeiro, a alta é de 31,78%. A redução nas alíquotas de ICMS cobradas pelo governo do Rio Grande do Sul sobre combustíveis e a conta de luz fez com que Porto Alegre (RS) tivesse deflação em janeiro. O IPCA da região metropolitana de Porto Alegre (RS) caiu 0,53%, o único dos 16 locais pesquisados com queda média nos preços. Na média nacional, o IPCA subiu 0,54% em janeiro. Os preços dos combustíveis e da conta de luz, por causa da redução de impostos, pesaram nessa queda. A gasolina ficou 6,20% mais barata em Porto Alegre. Já a conta de luz caiu 6,81%. Apesar da queda em janeiro, o IPCA de Porto Alegre acumula alta de 10,13% nos 12 meses até o mês passado, um pouco abaixo dos 10,38% da média nacional. Na contramão, a maior variação do IPCA de janeiro ocorreu em Aracaju – SE (0,90%), onde a inflação foi puxada pelo tomate (com alta de 34,90%) e pelas frutas (alta de 6,41%).

No acumulado em 12 meses, a maior alta do IPCA ocorre na região metropolitana de Curitiba (PR), com salto de 12,77%. O índice de preços de serviços registrou alta de 0,39% em janeiro, ante 0,79% em dezembro. A alta voltou a ficar abaixo da variação média do IPCA, que avançou 0,54% em janeiro. Em dezembro de 2021, a alta de 0,79% ficou acima da variação agregada do IPCA, uma alta de 0,73%. Alguns dos principais itens de serviços tiveram deflação em janeiro. O destaque foram as passagens aéreas, com tombo de 18,35%. Outras quedas foram transporte por aplicativo (17,96%), aluguel de veículo (3,79%) e manicure (0,37%). Houve alívio também no índice de preços monitorados do IPCA. Esses preços tiveram redução média de 0,35% em janeiro, ante uma alta de 0,05% em dezembro. Os destaques no alívio com os preços monitorados foram o gás de botijão (-0,73%), a energia elétrica (-1,07%) e gasolina (-1,14%). Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.