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08/Fev/2022

Dólar fecha no menor patamar desde setembro/21

Após três pregões consecutivos de alta, o dólar recuou na sessão desta segunda-feira (07/02) e voltou a trabalhar abaixo da casa de R$ 5,30. Em trajetória descendente desde a manhã, em linha com o sinal predominante de baixa da moeda norte-americana frente a divisas emergentes e ligadas a commodities, o dólar acelerou as perdas e desceu até a linha de R$ 5,25 na reta final dos negócios, fechando no menor patamar desde meados de setembro. Além da maré positiva para emergentes, operadores atribuíram a baixa mais expressiva do dólar no Brasil a fluxos pontuais de recursos externos, em especial para renda fixa, e a ajustes de posições no mercado futuro, que trabalhou com liquidez bastante reduzida (contrato de dólar para vencimento em março girou menos de US$ 10 bilhões).

O apetite mais reduzido por negócios revela certa cautela diante da agenda carregada no Brasil e no exterior: ata do Copom nesta terça-feira (08/02), IPCA de janeiro na quarta-feira (09/02) e índice de inflação ao consumidor (CPI) nos Estados Unidos na quinta-feira (10/02). Nas mesas de operação, comenta-se que há certo receio também em torno das PECs dos Combustíveis apresentadas na Câmara dos Deputado e no Senado, embora o provável aumento do risco fiscal ainda não seja fato preponderante na formação da taxa de câmbio. Com variação de cerca de R$ 0,07 entre a máxima (R$ 5,32) e a mínima (R$ 5,25), o dólar encerrou o pregão em queda de 1,26%, a R$ 5,25, menor valor desde 15 de setembro do ano passado (R$ 5,24). Depois de fechar janeiro com desvalorização de 4,84%, a divisa acumula baixa de 0,96% neste mês e já perde 5,76% em 2022.

No exterior, o índice DXY (que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes) experimentou algumas trocas de sinal e operava com viés, na casa dos 95,400 pontos, apesar dos ganhos em relação ao Euro. O Banco Central Europeu (BCE) afirmou nesta segunda-feira (07/02) que a inflação deve seguir elevada no curto prazo, mas que, no longo prazo, é consistente com a expectativa da instituição. Entre emissões corporativas em andamento, a Usina Coruripe captou US$ 300 milhões no mercado de dívida externa, com a emissão de bonds de cinco anos. Os bonds, que tem opção de recompra em três anos, ofereceram retorno ao investidor de 10%. Para a Fair Corretora, a performance do Real só pode ser explicada por algum fluxo mais forte de entrada de recursos ou desmonte de operação comprada (que ganha com o avanço da moeda norte-americana) no mercado futuro. Com essa questão da PEC dos Combustíveis, não era para o dólar estar caindo tanto no País.

O Real está muito melhor que outros emergentes, mas esse movimento é algo pontual. A possibilidade de nova rodada de apreciação do Real parece menor, uma vez que grande parte das posições compradas em dólar já foram desmontadas e, com a taxa de câmbio nos níveis atuais, é recomendável manter algum nível de hedge (proteção) cambial. Um estresse maior no exterior ou as medidas populistas do governo pode fazer o dólar subir de novo. Com o dólar na casa de R$ 5,30, já dá para pensar em montar uma posição. A Valor Investimentos observa que, mesmo com a possível redução do ritmo de alta da Selic, sinalizada pelo Copom em seu comunicado na semana passada, o Brasil vai continuar a ter um juro real muito atrativo. A expectativa é que a ata confirme que a próxima alta dos juros será menor. O mercado acredita que a Selic pode chegar a algo entre 11,75% e 12,25% até o fim do ciclo de aperto. Mesmo com a subida de juros nos Estados Unidos, o diferencial de juros vai continuar bem elevado.

Há possibilidade de queda adicional do dólar, embora a taxa já esteja perto de R$ 5,00 e o quadro fiscal seja preocupante. A Coface para América Latina trabalha com cenário-base de elevação da Selic em 1% em março, para 11,75%, e em 0,50% em maio, alcançando 12,25%. A ata do Copom deve trazer uma recalibragem no tom do comunicado. O Banco Central já sinalizou o ritmo de aperto monetário. Mas, ele deve mostrar também a importância do controle das expectativas de inflação. A Veedha Investimentos espera que o Banco Central, após acenar com diminuição do ritmo de elevação da Selic, mostre como vai chegar até o fim do ciclo. Congresso retomou os trabalhos e essa questão fiscal pode elevar a percepção de risco do mercado. Isso pode dificultar a tarefa do Banco Central. Há possibilidade de o Copom encerrar o processo de alta da Selic sem conseguir pôr as expectativas de inflação na trajetória da meta. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.