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08/Fev/2022

Alimentos e combustíveis são riscos para inflação

Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), embora esperada, a aceleração do Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) em janeiro, puxada pelos preços das commodities, chama atenção para as principais dúvidas para a inflação em 2022, os alimentos e os combustíveis. O IGP-DI subiu 2,01% em janeiro, ante 1,25% em dezembro de 2021. A alta foi puxada pelo IPA-DI, que mede os preços no atacado, com destaque para as matérias-primas brutas, que saltaram 4,42% em janeiro. Foi o segundo mês seguido de avanço acelerado, ante os 4,40% de dezembro, acendendo o sinal de alerta sobre os preços de commodities alimentícias ou usadas na manufatura. Esse movimento forma um cenário “bem pior” para a inflação ao consumidor em 2022, em que as expectativas caminham mais para 6,0%, acima do teto de meta perseguida pelo Banco Central (BC).

Minério de ferro, milho, soja e algodão foram algumas das matérias-primas que ficaram mais caras. Os motivos por trás dos reajustes são conhecidos. No caso das agrícolas, a seca na Região Sul do País na virada do ano quebrou as safras de soja e milho, apontando para restrição na oferta desses grãos e para alta de preços. No caso das matérias-primas metálicas e energéticas, especialmente o petróleo, perspectivas de crescimento global e as tensões diplomáticas entre a Rússia e os países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), por causa da Ucrânia, têm elevado as cotações. A seca na Região Sul frustrou as expectativas de um ano mais leve para os preços de alimentos. Depois de saltar em 2020 e subir em torno de 8% em 2021, a perspectiva era de um alívio maior em 2022, com uma safra mais forte. Agora, ao elevar os preços de soja, farelo de soja e milho, a quebra de safra no Sul tende a ter impactos indiretos, sobre os preços das carnes, por exemplo.

Mesmo no IPA-DI, os preços das carnes, especialmente suína e frango, que dependem mais da soja e do milho como insumo para ração, ainda estão comportados na leitura de janeiro, mas uma nova rodada de encarecimento dos insumos pode jogar por terra o alívio dos últimos meses. Esse prejuízo nas lavouras de ciclo mais longo acaba chegando às proteínas carnes. Algumas carnes estão com número negativo no IPA-DI de janeiro, mas a seca coloca em xeque o alívio. A incógnita sobre os preços dos alimentos se repete nos combustíveis. Os rumos das tensões diplomáticas envolvendo a Ucrânia são imprevisíveis, mas a disputa não parece que vai terminar bem. Os combustíveis também têm efeitos indiretos e espalhados, como no transporte de cargas e na mobilidade urbana. Não só os combustíveis, mas os custos de manutenção de veículos como um todo saltaram desde o início da pandemia, o que coloca pressão por reajustes nas tarifas de ônibus urbano.

Para piorar, o quadro é agravado pelas incertezas quanto ao rumo da taxa de câmbio. O cenário eleitoral tende a levar muita volatilidade às cotações do dólar, especialmente porque sinaliza para o desequilíbrio das contas do governo. As políticas públicas em debate na campanha poderão dar sinais ora de reformas, ora de mais gastos. Além disso, em ano eleitoral, os choques de oferta nos alimentos e nos combustíveis podem aumentar a pressão política por subsídios públicos para esses itens, como já vem ocorrendo com as propostas de reduzir impostos sobre diesel e gasolina. Num ciclo vicioso, sinais de maior desequilíbrio nas contas públicas aumentam o risco do País e, consequentemente, a cotação do dólar, alimentando mais inflação. Sempre que se utiliza políticas heterodoxas para resolver um problema de preços, lá na frente, é preciso pagar. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.