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04/Fev/2022

Dólar sobe com redução no ritmo de alta da Selic

O dólar ganhou força no mercado doméstico na sessão desta quinta-feira (03/02) em meio a ajustes de posições na esteira dos sinais emitidos pelo Copom, que elevou a taxa Selic a 10,75% ao ano, e ao avanço predominante da moeda norte-americana frente a divisas emergentes pares do Real. O comitê do Banco Central sinalizou que vai diminuir o ritmo de alta dos juros e que o ciclo de aperto monetário está perto do fim, o que desautoriza, por ora, aposta em taxa básica acima de 12% e, por tabela, de ampliação ainda maior entre o diferencial de juros interno e externo. Ao recado do Copom se somou a segunda alta consecutiva de juros por parte do Banco da Inglaterra, para 0,50%, e o tom surpreendentemente mais duro do Banco Central Europeu (BCE). Após anunciar a manutenção dos juros na zona do euro, o BCE mostrou preocupação com a inflação, levando o euro a uma forte valorização frente ao dólar. Casas como o Danske Bank e o Morgan Stanley passaram a prever uma elevação inicial da taxa de juros na zona do euro no fim deste ano. O programa de compra de títulos pode terminar no terceiro trimestre.

Com o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) na vanguarda, os bancos centrais dos países desenvolvidos vão embarcar em um processo de normalização da política monetária nos próximos meses enquanto o Banco Central brasileiro já está quase no fim de seu ciclo de aperto. Era natural que, diante de tal quadro, houvesse ajustes e realização de lucros no mercado de câmbio local, após a recente rodada expressiva de apreciação da moeda brasileira. Esse movimento de ajuste na taxa de câmbio foi mais intenso pela manhã, quando o dólar correu até a máxima de R$ 5,32. No início da tarde, o dólar desacelerava e, após passar a etapa vespertina orbitando R$ 5,30, fechou a R$ 5,29, em alta de 0,36%. O dólar ainda acumula queda de 1,76% na semana e desvalorização de 5,03% neste ano. No exterior, com a arrancada do euro após o discurso do BCE, o índice DXY (que mede a variação do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes) trabalhou em baixa firme, na casa dos 95,300 pontos.

Em relação a divisas emergentes e de países exportadores de commodities, a moeda apresentou sinal predominantemente positivo, com alta frente o peso mexicano, o peso chileno e o rublo, enquanto recuou ante o rand sul-africano. Para a RPS Capital, após a queda expressiva do dólar em janeiro, com forte fluxo de recursos externos, é difícil que haja uma nova rodada de apreciação do Real. Com os bancos centrais desenvolvidos cada vez mais 'hawks' (com postura mais dura) e os fundamentos locais ruins, não deve haver uma entrada de recursos expressiva por parte dos estrangeiros daqui para frente. O forte fluxo externo para ativos domésticos no mês passado é considerado como um evento pontual. A apreciação recente do Real não foi fruto de um movimento "idiossincrático" que abrangeu apenas ativos brasileiros. A queda do dólar no Brasil se deu em conjunto com a recuperação de divisas pares, à exceção do peso mexicano.

Na esteira do discurso mais duro do Federal Reserve, os investidores promoveram um rearranjo global de portfólio que favoreceu os emergentes, cujas moedas estavam em patamares atraentes. Se não há chance de o dólar cair muito mais no mercado doméstico, também não deve haver uma depreciação relevante do Real, uma vez que a taxa de juros local torna muito custosa as apostas contra a moeda brasileira. Com crescimento baixo e juro real alto, não haverá uma melhora grande dos ativos. Pode ter alguns pequenos ralis, mas nada consistente. A HCI Invest aposta em manutenção do apetite de estrangeiros por ativos locais ao longo deste mês, suportado em grande parte por uma taxa de juros ainda elevada, apesar da sinalização do Copom de redução do ritmo de aperto. Depois de vários dias de baixa, o dólar teve alta. Mas, o suporte de R$ 5,26 pode ser rompido ainda em fevereiro. Depois, pode haver outro suporte em R$ 5,15. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.