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31/Jan/2022

Pandemia e as mudanças nos hábitos de consumo

De acordo com a pesquisa "10 Principais Tendências Globais de Consumo - 2022", da Euromonitor International, empresa especializada em pesquisas de mercados globais, o consumidor tem se tornado mais complexo em todo o mundo. Ao mesmo tempo em que se mostra mais interessado pelas inovações tecnológicas em seu dia a dia, busca imóveis em locais que estejam mais próximos da natureza e companhias mais comprometidas com ações que minimizem as mudanças climáticas. Quer ter acesso a produtos globais, mas tem se esforçado para comprar localmente. A pandemia de coronavírus também influenciou hábitos de consumo: ampliou a digitalização (inclusive dos mais idosos), fez com que os compradores estivessem atentos a produtos alternativos para enfrentar momentos de escassez e provocou novas formas de autoavaliação assim como da relação com o próximo. Um ponto antigo, no entanto, se solidificou: seja para investir mais, poluir menos ou resgatar valores, economizar é uma tendência fortalecida.

As empresas precisam evoluir tão rapidamente quanto o comportamento do consumidor está mudando. Os hábitos de compra anteriores não necessariamente implicam lealdade à marca. Os consumidores vão preferir e confiar nas marcas que se mostrarem humanizadas. Modelos híbridos eficazes permitem que as empresas alternem entre compromissos presenciais e virtuais, enquanto o futuro próximo permanece imprevisível. A pesquisa é dividida em uma dezena de tendências que precisam estar no radar dos empresários. A primeira é a que o consumidor passou a estar preparado para alternativas ao não encontrar o seu produto preferido nas prateleiras. Os consumidores estão procurando maneiras de comprar itens similares ou de encontrar soluções criativas alternativas, salienta-se o crescimento da busca de assinatura de clubes ou compras em grupo. Logo, o cliente já não está tão fiel a marcas. A segunda está relacionada à preservação do meio ambiente. Conforme a Euromonitor International, os consumidores esperam que as marcas se posicionem e estão agindo por meio dos produtos que compram.

O ativismo verde e os estilos de vida baseados no baixo teor de carbono vieram para ficar. E a indicação para as empresas é óbvia: para conquistar os agentes do clima, as companhias devem oferecer produtos com certificação de pegada de carbono. Segundo a pesquisa, 67% dos consumidores tentaram causar impacto positivo no meio ambiente por meio de suas ações cotidianas e, em 2021, um terço deles globais já tinham reduzido ativamente suas emissões e um quarto usou créditos de carbono para compensá-las, ainda que dietas com baixo teor de carbono, casas com eficiência energética e viagens sustentáveis ainda sejam incipientes. O terceiro ponto tem a ver com os idosos, que passaram de uma postura de resistência à confiança digital. Os consumidores mais velhos foram forçados a ficar online enquanto o mundo se fechava. Agora, familiarizados e confortáveis com a tecnologia, têm autonomia para fazer compras e utilizar os serviços por meio desse canal. O levantamento salienta que a população global com mais de 60 anos aumentará 65% de 2021 a 2040, atingindo mais de dois bilhões de pessoas.

Mais de 60% dos consumidores com mais de 60 anos visitaram um site de rede social pelo menos uma vez por semana no ano passado, enquanto 21% jogaram on-line semanalmente. Por isso, o grupo relativamente rico deve estar no foco das companhias, com facilitação de seu acesso digital. O quarto ponto está relacionado às finanças, já que os consumidores estão ganhando confiança para investir e se tornando experientes em poupar para fortalecer a segurança financeira. O objetivo das empresas deve ser também o de fornecer ferramentas e soluções fáceis de usar para fazer com que qualquer consumidor se sinta financeiramente empoderado. Incerteza, instabilidade e lockdowns fizeram com que muitos consumidores, como os guiados por `a ordem é pechinchar" gastassem menos e economizassem mais. Globalmente, 15% da renda disponível das famílias foi poupada em 2019, passando para 17% em 2020. No mesmo período, os gastos caíram 4%.

A Euromonitor International também salientou que tem caído o número de pessoas fora do sistema bancário e dá destaque à chegada das fintechs ao mercado, que costumam oferecer serviços bancários digitais com taxas mais baixas, e à disseminação das criptomoedas como método de pagamento alternativo. O case da criação do Nubank no Brasil é citado como um exemplo. A quinta área mencionada tem a ver com "paixão e propósito que impulsionam a ação". A pandemia conduziu os consumidores a uma grande renovação da vida, resultando em drásticas mudanças pessoais e em um recomeço coletivo em relação a valores, estilos de vida e objetivos. As empresas devem inovar em bens, serviços e experiências que respondam a esse momento único, juntamente com um marketing que reconheça e abrace a revolução. Em 2015, apenas 12% dos consumidores priorizaram o tempo para si mesmos, o que dobrou para 24% em 2021. Os consumidores agora apreciam mais o equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Esta mudança continuará sendo a tendência dominante que caracteriza as alterações no estilo de vida no curto prazo.

Ecossistemas do futuro, simulados e digitais 3D (Metaverso) são os temas da sexta tendência. Os consumidores estão adotando esses espaços digitais para socializar com as comunidades, e marcas no centro do movimento metaverso podem promover a equidade. Esses ambientes imersivos podem impulsionar o comércio eletrônico e as vendas de produtos virtuais à medida que o acesso se expande. Em 2021, mais de 30% dos consumidores compraram bens ou serviços depois de ver uma postagem de um influenciador ou um anúncio no TikTok. À medida que o Movimento Metaverso segue ganhando mais participantes experientes em tecnologia, as empresas devem aprender seu papel para aumentar o reconhecimento da marca e gerar receita. O sétimo ponto é o crescimento do comércio de segunda mão, venda reversa (recommerce) e marketplace pessoa a pessoa (peer-to-peer). Economizar é a tendência, daí a importância de as companhias investirem em iniciativas de economia circular, como programas de reciclagem, aluguel ou revenda, que agregarão valor enquanto impactando positivamente no meio ambiente.

A moda vintage e a "moda lenta" (slow fashion) ajudaram essa tendência no mercado de vestuário a se desenvolver. E, no futuro, um quinto dos consumidores considerará aumentar as compras de itens de segunda mão. O oitavo ponto é a busca pelo "melhor dos dois mundos". O consumidor descobriu que comunidades suburbanas e rurais oferecem moradias mais espaçosas e paisagens mais verdes, que os levam para fora da área metropolitana. Ao mesmo tempo, os moradores da cidade também querem que esses benefícios sejam trazidos para seus bairros. Empresas que fortalecerem a distribuição do comércio eletrônico, expandirem as linhas de produtos sustentáveis e atenderem os `urbanos rurais' vão sair como vencedoras. O penúltimo item tem relação com aceitação, autocuidado e inclusão no estilo de vida do consumidor. As pessoas, em busca do amor-próprio, priorizam a própria felicidade, sentindo-se confortáveis em sua pele e desfrutando de bens e serviços que elevam seu senso de identidade.

As empresas precisam criar conexões profundas com os clientes, ofertando produtos que evocam o bem-estar físico, emocional ou espiritual. Marcas de beleza que oferecem produtos com qualidade de salão em casa e fabricantes de alimentos e bebidas que investem em ingredientes funcionais, com pouco ou sem álcool, com a busca por opções mais saudáveis, estão em alta. Por fim, a 10ª tendência aborda o "paradoxo da socialização". "Os consumidores estão se aproximando de um retorno à vida pré-pandêmica de maneiras diferentes, com base em seus níveis de conforto. Alguns estão ansiosos para retomar suas atividades normais, enquanto outros hesitam, criando esse paradoxo. Por isso, as empresas devem fornecer soluções integradas e várias opções em todos os canais, sem sacrificar a experiência. À medida que o foco muda da sobrevivência para o crescimento, as empresas que implantarem esses modelos conseguirão fazer mais facilmente a transição entre as fases de recuperação. Adotar políticas flexíveis, como isenção de taxas de cancelamento, é um bom exemplo. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.