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28/Jan/2022

Dólar tem recuo no Brasil mesmo com alta externa

A piora do apetite por risco no exterior, com queda das bolsas em Nova York e aceleração dos ganhos da moeda norte-americana frente a divisas fortes e emergentes, acabou respingando no mercado doméstico de câmbio. Depois de furar o piso de R$ 5,40 e tocar no patamar de R$ 5,35, em meio a relatos de fluxo estrangeiro (para Bolsa e renda fixa) e provável internalização de recursos de emissões externas, o dólar diminuiu bastante o ritmo de queda e fechou na casa de R$ 5,42 nesta quinta-feira (27/01). Apesar da perda de fôlego no fim do dia, o Real foi uma das duas únicas moedas emergentes que se apreciaram na sessão desta quinta-feira (27/02). A outra foi o rublo, beneficiado pelo arrefecimento das tensões geopolíticas envolvendo a Ucrânia, após autoridades da Rússia se mostrarem abertas a diálogo com os Estados Unidos.

No dia seguinte à decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) e à fala dura do presidente da instituição, Jerome Powell, que ratificou a aposta de alta de juros em março, o mercado absorveu a alta de 5,7% do PIB dos Estados Unidos em 2021, o maior ritmo de crescimento desde 1984. Isso deve levar parte dos investidores a ousar pôr suas fichas na possibilidade de que o Fed promova uma elevação inicial de 0,50%. A resultante foi uma rodada de apreciação do dólar frente a divisas fortes, sobretudo o euro, o que levou o índice DXY a uma escalada até o patamar dos 97,200 pontos. Além do Real e do rublo, outras moedas emergentes até esboçaram uma alta pela manhã, mas acabaram sucumbindo mais tarde. No Brasil, o dólar até se fortaleceu e tocou R$ 5,43, mas não conseguiu virar o jogo contra o Real. Com mínima a R$ 5,35 (menor valor intraday desde 1° de outubro) e máxima a R$ 5,43, a divisa fechou a R$ 5,42, em queda de 0,32%, o que leva a perda acumulada em janeiro a 2,73%.

Analistas atribuem a resiliência do Real ao fato de o Banco Central brasileiro liderar o movimento de aperto monetário entre economias emergentes, levando o Brasil a ter um dos maiores juros reais do mundo. Após a divulgação do IPCA-15 de janeiro acima do esperado, cresceu a aposta não apenas em nova alta de 1,50% da Selic na reunião do Copom na semana que vem, para 10,75%, como de taxa básica terminal acima de 12%. A MB Associados, por exemplo aumentou a projeção de alta do IPCA de 2022 de 4,70% para 5,80%, acima do teto da meta do ano (5,0%). Com a mudança, a consultoria elevou também a estimativa de taxa Selic no fim do ciclo, de 11,75% para 12,25%. Também favorece a moeda brasileira o movimento de rotação internacional de carteiras, com investidores reduzindo posições em ações norte-americanas para alocar e mercados emergentes cujos preços são vistos como depreciados, caso da bolsa brasileira.

A Infinity Asset observa que, além do fluxo estrangeiro, o Real é beneficiado por uma reversão do posicionamento do investidor local, que vinha carregando posições pesadas a favor do dólar. O Real, após ter ficado muito para trás em relação a outras divisas emergentes, agora se recupera e é até utilizado como opção de hedge. O Real destoa, por ora, do fortalecimento global do dólar porque, além dos juros locais elevados, estava muito depreciado em relação a outras divisas emergentes. Não é uma questão de fundamentos. É preciso observar até quando essa posição do estrangeiro em Brasil vai se manter e de certa forma isolar o Real desse dólar mais forte no mundo. Segundo a Armor Capital, as contas externas demonstram que está havendo retorno dos investidores brasileiros que remeteram para comprar ativos financeiros no exterior. A Armor vê o dólar a R$ 5,35 como valor bem próximo do que considera o ponto de equilíbrio (em torno de R$ 5,30). Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.