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27/Jan/2022

Dólar fecha em alta após discurso de Jerome Powell

Após passar a maior parte desta quarta-feira (26/01) em queda firme e ter rompido pontualmente o piso de R$ 5,40, o dólar ganhou força na reta final da sessão e fechou em leve alta, na casa de R$ 5,44. O tropeço do Real nos minutos finais do pregão se deu em meio a uma aceleração dos ganhos da moeda norte-americana no exterior, enquanto investidores assimilavam declarações mais duras do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, sobre o processo de normalização da política monetária nos Estados Unidos. Espelho do desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes, o índice DXY saltou mais de 400 pontos, para a casa de 96,400 em poucos minutos, e as taxas dos Treasuries renovaram máximas, com a T-note de 10 anos na linha de 1,84%.

A moeda norte-americana também acelerou os ganhos em relação a divisas emergentes e de exportadores de commodities. Com mínima a R$ 5,39 e máxima a R$ 5,45, o dólar fechou a R$ 5,44, alta de 0,11%. O Real, ressalte-se, sofreu menos que seus pares em meio à onda de fortalecimento da moeda norte-americana no exterior. No acumulado de janeiro, o dólar ainda acumula queda expressiva, de 2,42%. O contrato de dólar futuro para fevereiro perdeu fôlego com o mercado à vista já fechado e fechou a R$ 5,43, em queda de 0,20%. As reações do mercado às manifestações do Fed foram distintas. O comunicado foi recebido de forma tranquila e, no Brasil, o dólar chegou até a romper, momentaneamente, R$ 5,40. Como esperado, o Fed manteve a taxa básica e acenou com alta dos juros em breve.

O fim da compra mensal de bônus virá só no início de março. O discurso de Jerome Powell foi interpretado como mais duro. Ele destacou as pressões inflacionárias, ao dizer quer há risco de que a inflação possa ser mais persistente do que o esperado e afirmou que, se as condições forem apropriadas, os juros devem subir em março. Ele reiterou também que o processo de enxugamento da liquidez deve ser mais rápido que no pós-crise de 2008. Powell se esquivou em relação ao ritmo de elevação da taxa básica, algo que depende dos dados, mas disse que há muito espaço para subir os juros sem afetar o mercado de trabalho. Na avaliação da JF Trust, o comunicado do Fed veio em um tom moderado, afastando temores de uma postura mais dura em relação a trajetória da taxa de juros, o que explica a reação inicial amena dos ativos de risco.

Mas, Powell foi mais hawkish, mostrando uma preocupação com a inflação que não estava nem no comunicado nem em seu discurso anterior. Isso provocou uma correção das bolsas norte-americanas e fortaleceu o dólar. O mercado provavelmente passará a projetar, no mínimo, quatro altas da taxa de juros nos Estados Unidos ao longo deste ano. Mas, percebe-se um receio grande do Fed com uma correção muito acentuada das bolsas norte0americanas e o impacto muito forte dos juros nas empresas. A Veedha Investimentos vai na mesma linha e afirma que a fala de Powell dá a impressão de que o Fed está muito mais preocupado com a inflação do que estava na reunião de dezembro, o que fez o dólar ganhar força na comparação com seus pares e encurtou o fôlego do Real.

O dólar é a moeda que fundamenta a precificação dos investimentos, porque é um ativo global. Como o Federal Reserve 'manda' na moeda, o mundo observa de perto a condução da política monetária. No Brasil, o IPCA-15 de janeiro, acima das expectativas, não apenas reforça a perspectiva de alta de 1,50% da Selic na reunião do Copom na próxima semana como sugere um aperto maior e mais prolongado da política monetária, o que, em tese, dá suporte ao Real. Juros mais elevados tendem a atrair recursos para a renda fixa e operações de 'carry trade', além de encarecerem o custo do hedge e desestimularem apostas mais contundentes contra a moeda brasileira. O IPCA-15 subiu 0,58%, desaceleração frente a dezembro (0,78%), mas acima das projeções (0,45%).

A abertura do índice, com pressão em preços de bens e difusão elevada causaram preocupações. Com o resultado, o IPCA-15 acumulou alta de 10,20% em 12 meses. Para a JF Trust, o dólar pode até subir um pouco em relação ao Real nesta quinta-feira (27/01), mas não deve ter fôlego para voltar ao patamar de R$ 5,70 nos próximos dias, dado que boa parte do discurso de Powell já foi incorporada aos preços e há apetite de estrangeiros por ativos domésticos. O fluxo pode mudar, mas, pelos fundamentos, a taxa de câmbio pode até retroceder um pouco, embora não muito abaixo de R$ 5,40. Uma alta mais forte do dólar só se houver um descalabro na inflação norte-americana e o mercado precificar taxa de juros de 3% nos Estados Unidos. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.