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26/Jan/2022

Dólar em baixa com fluxo externo e Brasil na OCDE

Após uma manhã de troca de sinais e oscilação entre margens estreitas nesta terça-feira (25/01), o dólar não apenas se firmou em queda como rompeu o piso de R$ 5,45, renovando sucessivas mínimas até tocar, pontualmente, o patamar de R$ 5,42. Operadores atribuíram a onda de apreciação do Real a pelo menos três fatores: fluxo expressivo de estrangeiros para a Bolsa, que atingiu os 110 mil pontos na etapa vespertina em meio à alta do petróleo, convite do Brasil para entrar na Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) e leve redução da aversão ao risco no exterior. Com máxima de R$ 5,52 e mínima a R$ 5,42, o dólar encerrou a sessão em queda de 1,24%, a R$ 5,43. Com isso, a moeda já acumula desvalorização de 2,52% em janeiro. Com o feriado de aniversário de São Paulo, operadores afirmam que os negócios no mercado spot foram limitados, o que pode ter feito com que fluxos específicos tivessem mais peso na formação da taxa de câmbio.

Entre as divisas emergentes, o dólar avançava contra o peso mexicano, caía em relação ao peso chileno e operava ao redor da estabilidade frente ao rand sul-africano. O índice DXY (que mede o desempenho do dólar frente a seis divisas fortes) seguia em terreno positivo, mas desacelerava os ganhos, abaixo da linha de 96,000 pontos. Mesmo com o DXY levemente mais forte no exterior, o dólar caiu no Brasil, movimento que se intensificou à tarde com a melhora do ambiente externo e a notícia que a OCDE formalizou o convite para o Brasil entrar no bloco. Segundo a Integral Group, isso teve reflexo imediato no câmbio. A tese nas mesas de operação é que os ativos locais, por estarem com preços muito "descontados", são beneficiados pelo rodízio de carteiras promovido pelos investidores estrangeiros, diante da expectativa pela decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) nesta quarta-feira (24/01), com provável aceno de alta inicial de juros em março. No exterior, contudo, ainda pesa contra os ativos de risco a crise geopolítica entre o Ocidente e a Rússia, cujas tropas estão na fronteira com a Ucrânia.

A Treviso Corretora pondera que ausência de notícias mais negativas vindas do governo federal, após a sanção presidencial ao Orçamento de 2022, deixa o mercado com mais apetite ao risco. Tem entrada forte de estrangeiro na Bolsa para aproveitar “pechinchas”. Muitos investidores também querem aproveitar o juro alto, explorando o diferencial com as taxas no exterior. É possível observar uma diminuição da demanda por posições defensivas. Além do apetite por ações domésticas, operadores notaram continuidade do movimento de desmonte de posições defensivas no mercado futuro de câmbio. Os juros locais em níveis elevados encarecem o custo do hedge. À espera do IPCA-15 de janeiro nesta quarta-feira (24/01), o mercado mantém a expectativa de alta da Selic em 1,5% no encontro do Copom na semana que vem. O Instituto Finanças internacionais (IIF) afirma que, ajustado pelo risco, o Real se destaca entre as demais moedas emergentes, dado o nível dos juros locais, que são superados apenas por Turquia, Ucrânia, Egito e Cazaquistão. É possível apostar contra o Real, mas é preciso considerar esse fator.

A Integral observa que, além dos problemas geopolíticos, o azedume mais forte no exterior refletia certa apreensão em torno da reunião da decisão de política monetária do Fed. Parte do mercado embutia nos preços a possibilidade de o Fed acenar com quatro altas de juros neste ano e trazer uma mensagem explícita sobre a intenção de reduzir seu balanço patrimonial, o que, na prática, significa tirar dinheiro do sistema. O Fed pode vir com o discurso de três altas, começando em março, e não deve falar em redução de balanço. É ainda muito cedo. Para a Veedha Investimentos, o mercado já havia assimilado em dezembro a perspectiva de, pelo menos, três altas de juros nos Estados Unidos neste ano. Desde então, vem precificando a possibilidade de mais altas além dessas três. Isso vai ser dado pelos indicadores econômicos. O CPI de dezembro bateu e máxima em quatro décadas. Já tem casas no exterior prevendo que o Fed tenha que elevar a taxa de juros em todas as reuniões após março. Talvez o comunicado não seja suficiente para dar o tom do ajuste. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.