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24/Jan/2022

Dólar encerra em alta com ajustes e cautela fiscal

Após duas sessões de queda, em que acumulou desvalorização de 2,65% e esboçou fechar abaixo de R$ 5,40, o dólar encerrou o pregão de sexta-feira (21/01) em alta firme, na casa de R$ 5,45. Com pares do Real entre divisas emergentes, como o peso mexicano e o rand sul-africano, em rota ascendente, o tombo da moeda brasileira foi atribuído a um movimento natural de correção e realização de lucros. A falta de firmeza do Ibovespa ao longo da tarde, na esteira do aprofundamento das perdas das bolsa em Nova York, e a cautela com a questão fiscal doméstica teriam sido os gatilhos para um ajuste de posições. Investidores digerem a informação de que o governo Jair Bolsonaro negocia uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para zerar tributos (PIS-Cofins) para combustíveis e energia elétrica, aliviando pressões inflacionárias em ano eleitoral. Se a proposta vingar, haveria uma forte perda de arrecadação neste ano, levando a deterioração das contas públicas.

Senadores e deputados teriam admitido apoio à PEC, embora classifiquem a medida como eleitoreira. O Modal Mais calcula que, segundo o Orçamento anual, a PEC dos combustíveis traria uma perda de arrecadação de R$ 68,6 bilhões, levando o déficit do resultado primário de R$ 79,4 bilhões para R$ 147,6 bilhões. O movimento intensifica a incerteza fiscal e pode, portanto, levar ao aumento das expectativas de inflação em vértices mais longos. Com uma oscilação de cerca de R$ 0,07 entre a mínima (R$ 5,40) e a máxima (R$ 5,47), o dólar encerrou o pregão R$ 5,45, em alta de 0,72%. Apesar do avanço de sexta-feira (21/01), a moeda terminou a semana com queda de 1,05% e já acumula perdas de 2,16% no mês. A recuperação do Real ao longo dos últimos dias foi atribuída a um movimento forte de entrada de recursos de estrangeiros para ativos domésticos, sobretudo ações, e ao desmonte de posições defensivas de investidores estrangeiros no segmento futuro.

Uma leitura é a de que o mercado já assimilou a perspectiva de três ou quatro altas dos juros norte-americanos ao longo deste ano e agora busca retornos em países cujos ativos estavam depreciados, caso do Brasil. A expectativa é que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) sinalize a intenção de subir os juros em março no comunicado de sua decisão de política monetária na quarta-feira (26/01). Também se comentou sobre suposto efeito benéfico para o Real de declarações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que reforçou a intenção de ter o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, como companheiro de chapa. Em tese, uma aliança de Lula com setores mais distante da tradicional pauta econômica petista diminuiria os temores de uma guinada na política econômica em eventual governo Lula.

Apesar do alívio recente, a Valor Investimentos ressalta que o ambiente ainda é conturbado. A volatilidade ao longo da semana passada foi expressiva, com o dólar rodando entre 5,57 e R$ 5,37, considerando as máximas e mínimas intraday. Houve fluxo estrangeiro para a Bolsa, mas o cenário ainda continua muito desafiador para o Real. Há as questões das eleições internas e a subida de juros no exterior. Pode haver janelas de oportunidade para o dólar cair mais um pouco, mas é difícil que ocorram quedas mais significativas nos próximos meses. O Banco Ourinvest observa que o maior crescimento esperado da China aumentou o fluxo de capitais e trouxe um alívio para as taxas de câmbio de países emergentes na semana passada, tendo o Real sido o mais beneficiado. O Banco Central Chinês (PboC) informou na sexta-feira (21/10) que cortou as taxas de empréstimos em linha de crédito permanente (SLFs) em 10 pontos-base a partir de 17 de janeiro.

Nos últimos dias, o PBoC já havia anunciado redução das taxas de empréstimos de médio prazo (MLF) de um ano, o primeiro desde abril de 2020, e também a taxa de juros de contratos de recompra (repos) reversa de 7 dias, além cortes em suas taxas de juros de referência (LPRs) para empréstimos de curto e longo prazos. Embora as condicionantes das contas externas e os termos de troca sejam favoráveis a uma apreciação do Real, a JF Trust observa que a instabilidade política e fiscal sugerem que o câmbio no patamar de R$ 5,40 seja mais comprador que vendedor. A rápida descida do dólar para patamar inferior a R$ 5,50 ao longo da semana passada é atribuída à reversão de posições compradas e ao fluxo de recursos estrangeiros para a Bolsa, em meio à valorização das commodities. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.