ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

20/Jan/2022

Dólar tem forte baixa com cenário externo positivo

Em dia marcado por enfraquecimento global da moeda norte-americana, o dólar apresentou forte queda no mercado doméstico de câmbio nesta quinta-feira (19/01), fechando abaixo do patamar de R$ 5,50 pela primeira vez desde o dia 16 de novembro do ano passado. O Real, que costuma ter desempenho inferior à de seus pares, apresentou os maiores ganhos entre divisas emergentes e de países exportadores de commodities. Ao cenário externo positivo, marcado por valorização das commodities e recuo do yield dos Treasuries, somaram-se peculiaridades locais. O Ibovespa, em patamares atrativos e com peso relevante de commodities, é um forte chamariz para investidores estrangeiros em meio às altas do petróleo e do minério de ferro. Além disso, o Brasil promove um ajuste mais forte da política monetária e exibe juros bem mais atraentes que outros emergentes, o que estimula operações de carry trade. Segundo a Planejar, observa-se o ingresso de mais ou menos R$ 1 bilhão de estrangeiros por dia para a Bolsa, motivados pela valorização das commodities.

Segundo a Valor Investimentos, há um fluxo grande de estrangeiro atrás de oportunidades, puxado principalmente por ações, mas também tem dinheiro vindo para aproveitar os juros altos. Já em queda desde a abertura, o dólar rompeu a faixa R$ 5,50, considerada uma relevante barreira técnica e psicológica, no fim da manhã desta quinta-feira (19/01), provando reversão de posições compradas (que apostam na alta da moeda norte-americana). Rapidamente, a divisa emendou uma sequência de baixas adicionais, descendo para a casa de R$ 5,46. Na mínima, atingiu R$ 5,45 (-1,83%). No fim do dia, o dólar recuou 1,70%, a R$ 5,4659, menor valor de fechamento desde 12 de novembro, quando encerrou a R$ 5,45. Foi também o maior tombo percentual em um único pregão desde a última sessão de 2021, dia 30 de dezembro, quando recuou 2,06%. Com uma aceleração das perdas após o fechamento do mercado spot, o dólar futuro para fevereiro caiu 2,28%, a R$ 5,45, com giro de US$ 12,89 bilhão.

Além de aspectos técnicos e da atratividade dos ativos domésticos, houve um componente extra que contribuiu para o desempenho da moeda brasileira: declarações em tom conciliador do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que reforçou a disposição de ter o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alkmin como companheiro de chapa, na construção de uma frente ampla no pleito de outubro. Segundo a Davos Investimentos, as declarações do ex-presidente Lula ajudaram. O candidato líder nas pesquisas diz que é necessário ter uma aliança ampla, o que incluiria o centro e até o campo de centro-direita. Uma base como essa deixaria o discurso menos radical, o que agrada o mercado financeiro. O Banco Central informou que o fluxo cambial registrado em janeiro, até o dia 14, ficou negativo em US$ 1,196 bilhão, com entradas líquidas de US$ 674 milhões pelo canal financeiro e saída de US$ 1,871 bilhão via comércio exterior. Esses números não abrangem os últimos dias, o que explica o aperto ainda modesto, embora positivo, do lado financeiro.

O Banco Ourinvest observa que o ambiente externo é positivo para todas as divisas emergentes, em meio à alta das commodities, e que houve uma queda das taxas dos Treasuries, aliviando as pressões observadas na terça-feira (19/01). O leilão de swap cambial do Banco Central pode ter dado um empurrão adicional para a queda do dólar no Brasil. A agenda de indicadores foi fraca. O Banco Central vendeu no fim da manhã a oferta integral de 17 mil contratos de swap cambial (US$ 750 milhões), em operação já programada para rolagem dos contratos que vencem em março. A despeito do desempenho positivo do Real, analistas dizem que é cedo para falar em uma rodada mais forte de apreciação da moeda brasileira. Segundo a Planejar, essa queda do dólar é motivada pela alta das commodities e fluxo para a bolsa. Isso pode se reverter a qualquer momento. E a alta de juros nos Estados Unidos tende a fortalecer o dólar. Para a Davos Investimentos, deve haver ainda muita volatilidade no câmbio com as eleições no Brasil e com o aumento de juros no exterior. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.