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20/Jan/2022

Crédito Rural: AGROLEND projeta forte expansão

A fintech Agrolend, fundada há pouco mais de um ano por um grupo de profissionais oriundos do mercado financeiro, acaba de levantar R$ 80 milhões em uma rodada de investimentos Séries A que deve permitir à empresa sair de uma carteira de R$ 40 milhões concedidos em 2021 para aproximadamente R$ 400 milhões em 2022 e R$ 1 bilhão em 2023. A captação foi liderada pelo Valor Capital Group e envolveu investidores como a empresa americana Continental Grain, SP Ventures, Provence Ventures e Barn Invest, além de investidores-anjo. A captação em uma série A é um marco para fintechs, por representar a consolidação como empresa, com contratos, equipe e receita. Os R$ 80 milhões vão permitir, via estruturação de novos Fidcs (Fundos de investimento em direitos creditórios), alavancar R$ 1 bilhão de carteira em dois anos. Esta é uma segunda captação, além da realizada pela empresa no começo de 2020, e servirá para aumentar o time, viabilizar novos produtos, como Fidcs, e continuar crescendo.

No início de 2021, poucos meses após sua fundação, em dezembro de 2020, a Agrolend fez uma primeira captação, de aproximadamente R$ 9 milhões. Em outubro, levantou R$ 40 milhões em um Fidc, que contou com aportes do Itaú Asset, Verde Asset e Augme. Esse recurso foi concedido em empréstimos a cerca de 300 produtores, de mais de 100 cidades em 11 Estados e diversas culturas e atividades (soja, milho, café, pecuária de corte e leiteira, frutas, cana-de-açúcar e outras). Para chegar na ponta, foi necessária a parceria com cerca de 50 revendas de insumos agrícolas e de maquinário, fabricantes de insumos e outras empresas, que não só fizeram a ponte entre a fintech e o produtor, como a ajudam na análise de risco daqueles que receberão o crédito. Com o aporte de R$ 80 milhões, todos os números devem aumentar expressivamente. A carteira de R$ 400 milhões prevista para 2022 deve financiar a compra de insumos e implementas agrícolas para 2 mil a 2,5 mil produtores rurais, dos Estados já atendidos e outros que passaram a ser contemplados.

Não há uma meta clara, mas o objetivo é terminar o ano com um número próximo de 17 Estados. Hoje, a presença é muito pequena na Região Nordeste e há muitas oportunidades em Alagoas, Ceará, na fronteira agrícola de exportação de frutas. Na região, até o momento, a fintech concedeu crédito apenas a produtores do sul da Bahia. Atualmente, a Agrolend tem maior atuação no Paraná, Mato Grosso do Sul, Goiás, Mato Grosso, São Paulo e Minas Gerais. Mas, está começando a ganhar mais força em Estados periféricos do agro, como Rondônia, Tocantins, Pará e Minas Gerais. Para 2023, o plano é elevar a carteira a aproximadamente R$ 1 bilhão, aumentar a equipe de 15 para perto de 60 pessoas, o número de produtores atendidos para 5 mil e, de cidades cobertas, de 100 para mil. É muito importante para a estratégia da empresa estar espalhada pelo Brasil. Assim, é possível ganhar em mitigação de riscos climáticos e dos associados às diferentes culturas ao dar crédito para tomate no Rio Grande do Sul, cana-de-açúcar em São Paulo, milho em Goiás, soja em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

A Agrolend estabeleceu como foco a concessão de crédito a pequenos e médios produtores, de diversas culturas e regiões produtoras do Brasil, justamente para diluir riscos para a empresa e os investidores que aportam recursos nos fundos. Seu modelo de atuação e o ganho de escala previsto para os próximos dois anos estão ancorados em três pilares. O primeiro é a tecnologia proprietária desenvolvida pela equipe, que demanda poucos dados do produtor e viabiliza assinaturas, verificação em bases de dados e liberação dos recursos de forma totalmente digital, pelo celular. Todo o processo é feito em menos de cinco dias. Outra base de sustentação é o time comercial, responsável por identificar revendas e empresas interessadas em financiar seus clientes com os recursos da Agrolend. Estes parceiros são essenciais para identificar os produtores rurais que receberão o dinheiro na ponta, com bom histórico de pagamento. O terceiro pilar é o próprio capital levantado com investidores para financiar agricultores.

Os bancos de varejo não chegam nesses clientes, pequenos produtores, porque o modelo tradicional de abrir uma agência em cada cidade é muito custoso. A plataforma e a tecnologia da Agrolend (de forma digital) viabiliza criar essa capilaridade e servir ao pequeno produtor sem ter agência. É um modelo novo, que replica o que o Banco do Brasil fez, sem nenhuma agência. Hoje, a captação da Agrolend é feita principalmente junto a investidores institucionais, caso do Fundo Verde, Itaú Asset e da gestora Augme. Para eles e os investidores que deixam recursos a cargo destas casas, a segurança no retorno se baseia em alguns fatores, como a proximidade da revenda com o produtor, seu acompanhamento das condições das lavouras locais, as tecnologias empregadas no sistema da fintech, bem como o baixo risco de inadimplência do agronegócio.

A inadimplência é estruturalmente baixa no setor, de 1% a 4%, segundo dados do Banco Central. O risco da operação é o preço da commodity/produto e o clima, e por isso a estratégia é a pulverização extrema. A concentração de dívidas de um Estado em uma carteira é de no máximo 20%, com cada Fidc bem pulverizado em Estados e culturas. Até o fim de 2022, a Agrolend pretende captar recursos junto a investidores pessoa física. Hoje, a empresa tem licença do Banco Central para operar como sociedade de crédito direto, mas pretende obter aval para atuar como financeira (SCFI). Com essa licença, será possível captar dinheiro emitindo LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio) e distribuindo para pessoas físicas. Seria a forma de chegar ao investidor pessoa física e conceder os recursos para outras pessoas físicas (agricultores) no interior do Brasil.

O plano é ser o primeiro banco digital do agro. Hoje, a captação de recursos para empréstimos ao setor é feita principalmente junto a investidores institucionais. A razão de planejar captar recursos por LCAs e não por outros papéis, como Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) ou Fiagros é que estes não têm respaldo do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que garante o pagamento de até R$ 250 mil por CPF em caso de falência da instituição financeira. Com a garantia do FGC para as LCAs, a expectativa é atrair mais investidores para as LCAs da Agrolend. Esse é o modelo que os bancos operam, pela captação via depósitos. A Agrolend não terá agências para captar depósitos de clientes, vai usar as plataformas digitais que já existem (sistemas de bancos de investimento como XP, Nubank, BTG e outras). Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.