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19/Jan/2022

Dólar sobe com previsão de alta nos juros dos EUA

Após uma manhã de instabilidade nesta terça-feira (18/01), em que chegou a operar pontualmente descolado da tendência global de fortalecimento da moeda norte-americana, o dólar ganhou tração ao longo da tarde e não apenas se firmou em alta como voltou a trabalhar mais perto da faixa de R$ 5,60. A escalada da divisa no Brasil se deu em sintonia com o avanço do retorno da T-note de 10 anos, que superou 1,86% e atingiu seu maior nível em dois anos, e do índice DXY (parâmetro do desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes), na esteira da crescente expectativa de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) possa ser mais agressivo no processo de normalização da política monetária dos Estados Unidos. À perspectiva de primeira alta de juros nos Estados Unidos em março somam-se agora apostas em mais de três elevações neste ano e de antecipação da redução do balanço patrimonial, o que tiraria liquidez do mercado.

O cenário externo desfavorável ao Real teria se sobreposto à alta das commodities e ao fluxo de entrada de exportadores. Após ameaçar romper novamente o piso de R$ 5,50 na primeira etapa de negócios, quando desceu até a mínima a R$ 5,50 (-0,38%), o dólar tocou R$ 5,58 na máxima (+1,01%). No fim da sessão, o dólar perdeu um pouco do ímpeto altista e era cotado a R$ 5,56, em alta de 0,61%, levando a valorização acumulada nos dois primeiros pregões desta semana para 0,85%. Mesmo assim, a divisa ainda apresenta leve desvalorização no mês (-0,28%). O dólar futuro para fevereiro subiu 0,60%, a R$ 5,58, com giro de US$ 11,64 bilhões. A paralisação de servidores públicos, que reivindicam reajuste de salário em meio à espera da sanção presidencial ao Orçamento de 2022 (cuja data-limite é dia 21 deste mês) foi monitorada, mas não teve papel relevante na formação da taxa de câmbio.

Aprovada no Congresso em dezembro, a peça orçamentária trouxe uma previsão de R$ 1,7 bilhão para aumento do funcionalismo. O presidente Jair Bolsonaro teria acenado com reajuste para servidores da área de segurança, o que desencadeou a onda de reivindicação entre as demais categorias. A Frente Corretora atribui o descolamento momentâneo do Real do ambiente externo à entrada de fluxo de recursos, que estava reprimida, e à valorização das commodities, como o petróleo. A despeito do alívio recente, o patamar do dólar no Brasil ainda é considerado elevado, o que abria espaço para uma recuperação do Real. O mercado amanheceu com algum descolamento do DXY, mas veio a alta forte das Treasuries e o dólar passou a acompanhar o exterior, com a expectativa de elevação de juros nos Estados Unidos.

No início do ano, falava-se que o Fed iria aumentar a taxa três vezes neste ano, mas alguns analistas estão falando em uma sequência de aumentos, já que a pressão inflacionária é muito forte. A Golden Investimentos chama a atenção para o potencial efeito da alta do petróleo, que tem uma correlação muito alta com inflação nos Estados Unidos, sobre as expectativas em torno da política monetária norte-americana. O mercado está especulando que o Fed vai parar imediatamente de comprar títulos para começar a subir os juros em março. O mercado já colocou na curva de juros (norte-americana) quatro altas da taxa de juros. As taxas dos Treasuries estão subindo e o dólar está mais forte. Pela manhã, comentou-se nas mesas de operação que as medidas do governo chinês para estimular a economia estavam contribuindo para amenizar a pressão sobre a taxa de câmbio doméstica, uma vez que, em tese, devem dar fôlego extra às commodities e, por tabela, às exportações brasileiras.

Segundo a JF Trust, após cortar taxa de juros no dia 17 de janeiro, o Banco do Povo da China (PBoC) informou que vai agir energicamente para estabilizar a economia e que planeja orientar instituições financeiras a expandir a emissão de crédito este ano, e usará vários instrumentos monetários para manter a liquidez do mercado. Pode ter fluxo de ingresso de exportadores nesta semana e sinalização de política monetária e fiscal mais flexível na China para corroborar o movimento de revalorização do Real, mas com impacto pontual no mercado cambial doméstico. Os fundamentos brasileiros sugerem um dólar mais depreciado. A tendência para o trimestre é de aumento gradual do câmbio médio para uma faixa de R$ 5,60 a R$ 5,65. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.