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19/Jan/2022

Agropecuária brasileira: bom resultado em 2021

O ano de 2021 trouxe um bom conjunto de números interessantes para a agropecuária brasileira. O Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) de 2021 chegou a R$ 1,129 trilhão, um recorde e 10,2% superior ao VBP de 2020. Boa parte desse crescimento, obviamente, se deveu aos preços mais altos das principais commodities produzidas aqui, até porque a safra de grãos, por exemplo, cresceu muito pouco em volume sobre o ano anterior, em função de questões climáticas mais do que conhecidas, como a seca longa no primeiro semestre inteiro de 2021 e as geadas tenebrosas de final de junho e começo de julho. As lavouras (agricultura) cresceram 12,7% em relação ao ano anterior, atingindo o valor de R$ 768,4 bilhões, o que correspondeu a 68% de todo o VBP nacional. A pecuária cresceu um pouco menos, ou 4,9% sobre 2020, equivalendo a 32% do total, no valor de R$ 360,8 bilhões.

São números positivos para o País e para o setor de maneira geral, embora nem todos os produtores tenham se beneficiado deles: quem não sofreu os efeitos dramáticos da seca e das geadas foi privilegiado, porque os preços subiram muito: é o caso do milho de 2ª safra, bem como o que aconteceu com a cana-de-açúcar, o café e hortifrutigranjeiros. Detalhando dados de diversos produtos, observa-se que alguns deles tiveram VBP recorde também, como é o caso da soja, com R$ 366 bilhões. O milho, mesmo com a quebra de cerca de 20 milhões de toneladas, chegou a R$ 125,2 bilhões, o algodão a R$ 27,6 bilhões e o arroz a R$ 20,2 bilhões. No caso das proteínas animais, a carne bovina rendeu R$ 150,9 bilhões, a de frango R$ 108,9 bilhões e leite bateu em R$ 51,8 bilhões.

E os dados foram igualmente relevantes para as exportações do agro, que atingiram o recorde de US$ 120,59 bilhões, ou 19,7% a mais que em 2020. O complexo soja foi de novo o produto mais importante, atingindo US$ 48,01 bilhões, seguido pelas carnes, com US$ 19,86 bilhões, pelos produtos florestais, com US$ 13,94 bilhões e pelo complexo sucroenergético, com US$ 10,26 bilhões. A China foi, de longe, o maior destino das exportações, com US$ 41,02 bilhões (34% do total exportado), seguida da União Europeia, com US$ 18,01 bilhões (14,94% do total) e dos Estados Unidos, com US$ 9,07 bilhões (ou 7,52%). Vale notar, no entanto, uma curiosidade: o crescimento maior foi para os Estados Unidos, cerca de 30,3% sobre 2020, enquanto para China e União Europeia a percentagem de aumento foi de 20%. Embora com volumes bem menores de dinheiro, os países que tiverem maior crescimento nas importações do agro brasileiro foram o Irã, com mais 70,3% e a Tailândia, com mais 38%.

Para a safra a ser colhida agora, em 2022, havia estimativas bastante otimistas, com a expectativa de que o VBP chegasse a R$ 1,162 trilhão, ou 2,9% a mais do que o recorde de 2021. Infelizmente, porém, houve falta de chuva em parte de Mato Grosso do Sul e em todos os Estados da Região Sul do País, de modo que haverá uma sensível quebra na produção de soja e milho, mas ainda é muito cedo para avaliar o valor do VBP que teremos, sobretudo porque a safra de inverno de milho (2ª safra de 2022) será plantada numa época mais adequada do que foi em 2021, de modo que a colheita poderá ser muito maior, compensando uma parte das perdas do Sul, embora os produtores não possam ser ressarcidos das perdas da safra de verão (1ª safra 2021/2022). O governo federal já está estudando medidas para mitigar estas perdas. Fonte: Roberto Rodrigues. Agência Estado.