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17/Jan/2022

Eventos climáticos extremos prejudicam as safras

Enquanto centenas de cidades de Minas Gerais e Goiás enfrentam enchentes e inundações, a onda de calor e a seca castigam as lavouras e já deixam um prejuízo de R$ 45,3 bilhões nos estados do Rio Grande do Sul, do Paraná, de Santa Catarina e de Mato Grosso do Sul. A soja e o milho, principais grãos da pauta de exportações brasileiras, são as culturas mais atingidas. Somente para os produtores do Rio Grande do Sul, as perdas podem ultrapassar R$ 19,7 bilhões, segundo estudo da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul (FecoAgro/RS). As perdas equivalem a 27% do Valor Bruto da Produção (VBP) agrícola do Estado no ano passado, de R$ 73,5 bilhões. Foi um ano de produção excepcional. Em relação à média dos três últimos anos, o percentual da perda sobe para 41%. No Paraná, as perdas nas lavouras de soja e milho são estimadas em R$ 22,5 bilhões devido à estiagem, e já causaram um impacto de 37% na produção agrícola.

Em 2020, segundo o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), o VBP atingiu R$ 60,4 bilhões, incluindo fruticultura e plantas ornamentais. O impacto é ainda maior se for considerada somente a produção de soja e milho, que atingiu valor de R$ 31,7 bilhões. Em Santa Catarina, o valor bruto da produção agrícola foi de R$ 11,55 bilhões em 2020, incluindo frutas e tabaco, segundo a Secretaria da Agricultura. Só milho e soja renderam receita bruta de R$ 4,32 bilhões. Neste ano, o Estado já teve perda de R$ 1,5 bilhão. Com perda de R$ 1,6 bilhão nas lavouras de soja, Mato Grosso do Sul teve o menor impacto, já que o VBP dessa cultura foi de R$ 22,6 bilhões em 2020. No total, o VBP do agronegócio, incluindo carne, madeira e cana-de-açúcar, atingiu R$ 65,13 bilhões, segundo a Secretaria da Agricultura. Na quinta-feira (13/01), os termômetros passaram dos 40ºC em cidades como Quaraí, Uruguaiana e Bagé (RS), de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

Das 20 maiores temperaturas registradas em 24 horas no Brasil, 18 foram em municípios do Rio Grande do Sul, e uma em Foz do Iguaçu, no Paraná (36,8ºC). Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), esses eventos climáticos devem pesar na inflação neste início de ano. O calor extremo na Região Sul pode afetar as lavouras de ciclo mais longo, o que pode diminuir a contribuição da agricultura para conter a inflação de 2022. Até o dia 12 de janeiro, ao menos 200 municípios do Rio Grande do Sul e 79 cidades de Mato Grosso do Sul tinham decretado situação de emergência devido à seca, segundo a Defesa Civil. Os produtores rurais pedem rolagem de dívida e linhas de crédito sem juros. Na semana passada, a ministra da Agricultura e Pecuária, Tereza Cristina, esteve percorrendo es Estados afetados pela seca. O governo do Rio Grande do Sul entregou uma pauta de reivindicações à ministra que inclui a prorrogação no vencimento de contratos agrícolas e subsídio nas operações de crédito para a agricultura familiar.

A MetSul Meteorologia explicou que as frentes frias têm passado de forma muito rápida pelo Rio Grande do Sul e as chuvas, quando ocorrem, vêm com pancadas irregulares e volume de precipitação menor em relação a outras temporadas. A seca que atinge os Estados da Região Sul também afeta outros países do Cone Sul como Argentina, Uruguai, Paraguai. Meteorologistas afirmaram que há dois fenômenos climáticos atuando sobre o Brasil no mesmo momento: o La Niña, causador de chuvas nas Regiões Norte/Nordeste e seca na Região Sul; e a zona de convergência do Atlântico Sul (ZCAS), que explica as chuvas que caem atualmente nas Regiões Centro-Oeste e Sudeste. A intensidade desses fenômenos, no entanto, se relaciona a uma sequência de anos secos, com alterações de pressão no Sul e, em parte, com o aquecimento global. O Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP) ressalva que neste ano o La Niña será responsável por chuvas abaixo da média. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.