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13/Jan/2022

Dólar registra recuo pelo segundo dia consecutivo

O dólar emendou o segundo dia seguido de queda firme no mercado doméstico, em meio a um ambiente externo de recuperação do apetite por risco, alta das commodities e enfraquecimento da moeda norte-americana frente divisas fortes e emergentes. Os investidores celebraram a ausência de surpresas negativas no índice de inflação ao consumidor (CPI) nos Estados Unidos em dezembro. Aliada à fala de ontem do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, a leitura do CPI afasta o cenário de ajuste de liquidez e aperto monetário mais rápido e rigoroso nos Estados Unidos ao longo deste ano, o que abre espaço para desmonte de posições mais pessimistas. Afora uma pequena alta na abertura dos negócios, o dólar trabalhou com sinal negativo durante toda a sessão, renovando mínima ao longo da tarde, quando tocou pontualmente a casa de R$ 5,52.

O aprofundamento das perdas no Brasil se deu em sintonia com o movimento da divisa no exterior, com o índice DXY (que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis moedas fortes) batendo mínimas, abaixo da linha dos 95 pontos. O dólar oscilou entre R$ 5,52 e R$ 5,60, e encerrou a sessão em queda de 0,81%, cotado a R$ 5,53, menor valor desde 8 de dezembro do ano passado, quando também terminou a R$ 5,53. A última vez que o dólar fechou abaixo da linha de R$ 5,53 foi em 17 de novembro (R$ 5,52). O contrato de dólar futuro para fevereiro terminou o dia a R$ 5,55, baixa de 0,66%, com giro de US$ 13,3 bilhões. Segundo a corretora Correparti, o CPI basicamente dentro das expectativas tirou fôlego do dólar, que caiu frente a moedas fortes e ao conjunto dos emergentes. Internamente, houve um desmonte muito forte de posições defensivas de players, principalmente no mercado futuro.

O índice de preços ao consumidor dos Estados Unidos subiu em 0,5% em dezembro, muito próximo das estimativas (0,4%), com o núcleo em 0,6%, também perto do que os analistas projetavam (0,5%). Embora sem surpresas negativas, a leitura do CPI revela uma taxa anual de inflação de 7%, o maior nível em quase 40 anos. A Treviso Corretora observa que, em sua fala na terça-feira (11/01), Jerome Powell deu destaque ao peso dos problemas das cadeias produtivas na inflação e deixou a mensagem de que o ajuste da política monetária vai se dar em doses homeopáticas. Ele também jogou a questão da redução do balanço patrimonial para o fim do ano. Isso tirou pressão sobre o dólar no exterior. A falta de notícias negativas vindas da política e as captações externas realizadas por empresas brasileiras também contribuem para a apreciação do Real. Falando em redução do balanço patrimonial do Fed, a presidente da distrital de Cleveland defendeu que o processo ocorra o mais rápido possível, mas em uma velocidade que não cause distúrbios significativos nos mercados.

Ela também afirmou que, caso a economia americana mantenha o vigor atual, pode apoiar alta de juros já em março. A dirigente tem poder de voto no Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) este ano. No Brasil, analistas destacam que os juros internos mais elevados encarecem o hedge e desencorajam apostas especulativas mais contundentes a favor do dólar, sobretudo em um ambiente de recuperação dos ativos de risco. Isso daria, em tese, alguma sustentação ao Real, embora não se vislumbre a perspectiva de uma rodada mais forte de apreciação da moeda brasileira. Há ainda a expectativa de que os exportadores, após deixarem parcela substancial do caixa no exterior no ano passado, aumentem a internalização dos recursos neste ano. Segundo o Travelex Bank, está caro e vai ficar caríssimo deixar caixa em dólar e euro. Isso vai inibir as posições especulativas compradas. Mas, essa internação dos recursos dos exportadores depende também da avaliação do risco eleição. E, no momento, esse risco não é pequeno.

Para a Correparti, o dólar pode até romper pontualmente os R$ 5,50, mas não conseguirá se sustentar abaixo desse nível, mesmo com os juros domésticos mais elevados. Apesar do tombo dos últimos dois dias, o dólar deve se manter em trajetória de alta no exterior, uma vez que o Fed, embora de forma cautelosa, vai ter de enxugar a liquidez. Os importadores estão vindo ao mercado para aproveitar esse dólar mais baixo. Existe uma demanda grande reprimida. Deve haver um movimento de compra e de hedge de importações a descoberto. O dólar ficará mais perto do patamar de R$ 5,70. Dados do Banco Central divulgados nesta quarta-feira (12/01) revelaram que o fluxo cambial na primeira semana de 2022 (de 3 a 7 de janeiro) ficou negativo em US$ 1,132 bilhão, resultado de saídas líquidas tanto do canal financeiro (US$ 987 milhões) quanto do comercial (US$ 144 milhões). Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.