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13/Jan/2022

Inflação: previsão é de estouro da meta em 2022

Puxado principalmente pelos aumentos de combustíveis, gás de cozinha e energia elétrica, o IPCA, índice oficial de inflação do País, fechou 2021 em 10,06%. É o maior patamar desde 2015, no governo Dilma Rousseff, quando o indicador ficou em 10,67%. O resultado superou consideravelmente a meta de 3,75% para o ano perseguida pelo Banco Central, chegando quase ao dobro do teto de tolerância, de 5,25%. Para este ano, a perspectiva inicial é de um arrefecimento dos preços. O que não quer dizer, no entanto, que será um cenário tranquilo. O centro da meta de inflação, de 3,5%, não deverá ser alcançado novamente, e isso é unanimidade no mercado. Boa parte dos economistas enxerga o teto de tolerância, de 5%, praticamente como o piso. No Boletim Focus divulgado esta semana pelo Banco Central, a expectativa do mercado era de um IPCA de 5,03%, o que já significaria o segundo estouro consecutivo da meta. No mercado, há analistas prevendo até números maiores. A projeção da XP, por exemplo, é de alta de 5,2%. Da Garde Asset, de 5,3%.

A gestora Quantitas trabalha com um número de 5,8%. Os efeitos da política monetária (alta dos juros) e da atividade econômica enfraquecendo vão fazer a inflação ficar menor ao longo de 2022, só que o risco parece estar migrando para que isso não aconteça em março ou abril, mas, sim, em maio ou julho. O risco é de que o primeiro semestre seja muito ruim, com uma melhora só a partir da segunda metade do ano. Com a ajuda da redução dos preços de combustíveis pela Petrobras nas refinarias na reta final do ano, o IPCA até desacelerou em dezembro na comparação com novembro, saiu de 0,95% para 0,73%. Na terça-feira (11/01), porém, a estatal anunciou um novo reajuste de até 8% para a gasolina e o óleo diesel, o que deve ajudar a pressionar a inflação neste início de ano. Os alimentos também podem ajudar a manter a inflação elevada neste início de ano, principalmente por conta do impacto das chuvas fortes na Região Sudeste e do forte calor na Região Sul, que devem ter impactos negativos nas lavouras, segundo o Fundação Getúlio Vargas (FGV).

A energia elétrica é outra que deve continuar contribuindo para os preços em alta. Pelo menos até abril está prevista a manutenção da bandeira tarifária "escassez hídrica", que acrescenta R$ 14,20 às contas de luz a cada 100 quilowatt/hora consumidos. Em 2021, 88% dos produtos e serviços acompanhados pelo IBGE tiveram elevação nominal de preços. Apesar dessa disseminação, apenas 10 itens foram responsáveis por 58,65% da alta do IPCA, por conta do seu impacto dentro do orçamento das famílias e peso específico na fórmula de cálculo do índice. A campeã, nesse aspecto, foi a gasolina, com encarecimento de 47,49% e impacto de 2,34 ponto porcentual na inflação total, seguido pela energia elétrica, 21,21% mais cara (0,98%). Os demais vilões do orçamento das famílias no ano foram automóvel novo (alta de 16,16% e impacto de 0,48%); gás de botijão (36,99% e 0,41%); etanol (62,23% e 0,41%); refeição fora de casa (7,82% e 0,29%); automóvel usado (15,05% e 0,28%); aluguel residencial (6,96% e 0,26%); carnes (8,45% e 0,25%); e produtos farmacêuticos (6,18% e 0,20%).

Entre os grupos, o resultado de 2021 foi puxado, principalmente, por Transportes, com alta de 21,03% e impacto de 4,19%. Habitação subiu 13,05%, com contribuição de 2,05%, enquanto o grupo Alimentação e Bebidas aumentou 7,94%, com impacto de 1,68%. O forte aumento dos preços de commodities (produtos básicos, como petróleo, alimentos e minério), a bandeira de energia elétrica de escassez hídrica e a falta de insumos, com gargalos globais, foram apontados pelo Banco Central, como os principais fatores que levaram a inflação a superar o limite superior da meta em 2021. Foi frisada a influência da pandemia, com mudanças de padrão de consumo e políticas expansionistas em nível global, sobre o desvio da inflação e destacou que a aceleração inflacionária foi um fenômeno global no ano passado, atingindo a maioria dos países avançados e emergentes.

Foi divulgada pelo Banco Central uma carta aberta, que é uma exigência do sistema de metas, criado em 1999, quando a inflação fica fora do intervalo de tolerância, para explicar as razões do descumprimento e indicar providências para o retorno à meta, assim como o prazo para que isso ocorra. Sobre as providências, foi salientado que o Banco Central tem calibrado a taxa básica de juros, e continuará a fazê-lo, com vistas ao cumprimento das metas para a inflação estabelecidas pelo CMN. Há quem diga, contudo, que a reação demorou demais e que o Banco Central corre risco de perder a meta pelo segundo ano consecutivo, em 2022, já que o Boletim Focus aponta para alta de 5,03% (o teto é 5,0%). O órgão relutou, assim como outros bancos centrais e a maioria do mercado financeiro, em enxergar a subida da inflação como uma ameaça mais duradoura, mantendo a avaliação de que o choque era temporário até junho passado. Isso dificultou uma ação mais forte para o controle de preços. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.