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12/Jan/2022

Inflação de 2021 atinge maior patamar desde 2015

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou dezembro com alta de 0,73%, ante um avanço de 0,95% em novembro. A taxa acumulada pela inflação no ano de 2021 foi de 10,06%, o maior patamar desde 2015, quando ficou em 10,67%. O resultado em 2021 superou consideravelmente a meta de 3,75% perseguida pelo Banco Central para o ano, ficando também bastante acima do teto de tolerância, que seria de 5,25%. No mês de dezembro de 2020, o IPCA tinha sido de 1,35%. No fechamento do ano de 2020, a inflação foi de 4,52%. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) teve elevação de 0,73% em dezembro, após um avanço de 0,84% em novembro. Como resultado, o índice acumulou uma elevação de 10,16% no ano de 2021. Em dezembro de 2020, o INPC tinha sido de 1,46%. O INPC mede a variação dos preços para as famílias com renda de um a cinco salários-mínimos e chefiadas por assalariados.

Os gastos das famílias com transportes desaceleraram de 3,35% em novembro para 0,58% em dezembro, um impacto de 0,13% sobre a taxa de 0,73% registrada pelo IPCA no último mês. O destaque foi a queda de 0,94% nos preços dos combustíveis, depois de sete meses seguidos de altas. A gasolina caiu 0,67%, item de maior contribuição negativa no mês, -0,05%. Houve recuos também no etanol (-2,96%, impacto de -0,03%) e no óleo diesel (-0,33%). O gás veicular subiu 0,68% em dezembro. As passagens aéreas aumentaram 10,28%, com impacto de 0,06% no IPCA do mês, enquanto os transportes por aplicativo subiram 11,75%, dando contribuição de 0,03%. Os preços dos automóveis novos aumentaram 1,85% e os dos automóveis usados tiveram elevação de 0,42%. O grupo Alimentação e bebidas saiu de um recuo de 0,04% em novembro para uma elevação de 0,84% em dezembro. O grupo contribuiu com 0,17% para a taxa de 0,73% do IPCA do último mês.

A alimentação no domicílio aumentou 0,79% em dezembro. As famílias pagaram mais pelas frutas (8,60%), carnes (1,38%), café moído (8,24%, 10º mês consecutivo de alta, acumulando elevação de 50,11% de março a dezembro) e cebola (20,94%). Por outro lado, houve recuo nos preços da batata-inglesa (-14,55%), tomate (-9,21%) e leite longa vida (-2,89%). A alimentação fora do domicílio subiu 0,98% em dezembro. Tanto o lanche fora de casa quanto a refeição tiveram aumento de 1,08%, contribuindo juntos com 0,06% para o IPCA do mês. A alta nos alimentos em dezembro teve influência de um aumento sazonal na demanda, mas também impacto do clima desfavorável para algumas lavouras. Frutas e carnes são muito consumidos no fim do ano. As chuvas acabaram sendo muito boas em algumas regiões, como para pastagens, mas acabaram prejudicando alguns itens, como foi o caso da cebola.

O fim do embargo da China à carne brasileira pode ter reduzido a oferta do item no mercado doméstico, pressionando os preços. As famílias brasileiras gastaram 0,74% a mais com habitação em dezembro, uma contribuição de 0,12% para a taxa de 0,73% registrada pelo IPCA no mês. A energia elétrica subiu 0,50%. Desde setembro, permanece em vigor a bandeira Escassez Hídrica, que acrescenta R$ 14,20 na conta de luz a cada 100 kWh consumidos. As variações na conta de luz foram desde um recuo de 2,88%, em Goiânia (GO), onde houve redução de PIS/Cofins, até aumento de 5,61% em Porto Alegre (RS), onde houve reajuste de 14,70% em uma das concessionárias pesquisadas desde 22 de novembro. Em Rio Branco (AC), as tarifas foram reajustadas em 10,66% no dia 13 de dezembro. Ainda em Habitação, o gás encanado aumentou 6,55%, devido a reajustes de 17,64% em São Paulo (SP), vigente desde 10 de dezembro, e de 6,90% no Rio de Janeiro, desde 1º de novembro. A taxa de água e esgoto aumentou 0,65%, em consequência dos reajustes de 9,05% em Salvador (BA), a partir de 29 de novembro, e de 9,86% no Rio de Janeiro (RJ), em vigor desde 8 de novembro.

O gás de botijão ficou 0,60% mais caro em dezembro, a 19ª alta consecutiva, acumulando um aumento de 48,73% desde junho de 2020. No ano de 2021, o gás de botijão ficou 36,99% mais caro. O índice de difusão do IPCA), que mostra o percentual de itens com aumentos de preços, passou de 63% em novembro para 75% em dezembro. A última vez em que a difusão ficou abaixo de 50%, ou seja, com menos da metade dos itens investigados com aumento de preços, foi em maio de 2020, quando foi de 43%. A difusão de itens alimentícios saiu de 60% em novembro para 74% em dezembro, enquanto a difusão de itens não alimentícios passou de 66% para 76%. No ano de 2021, 88% dos itens tiveram altas de preços. A inflação de serviços (usada como termômetro de pressões de demanda sobre a inflação) passou de uma alta de 0,27% em novembro para elevação de 0,79% em dezembro. A inflação de itens monitorados pelo governo saiu de 2,30% em novembro para 0,05% em dezembro.

No ano de 2021, a inflação de serviços foi de 4,75%, ante 1,73% em 2020. A inflação de monitorados fechou o ano passado em 16,90%, após alta de 2,63% em 2020. No mês de dezembro, houve alta de preços em todos os nove grupos que integram o IPCA. As famílias gastaram mais com Alimentação e bebidas (0,84%), Saúde e cuidados pessoais (0,75%), Habitação (0,74%), Artigos de residência (1,37%) Vestuário (2,06%), Transportes (0,58%), Despesas pessoais (0,56%), Comunicação (0,34%) e Educação (0,05%). No grupo Vestuário, a alta foi puxada por roupas masculinas (2,53%) e femininas (2,00%), que contribuíram juntas com 0,05% para o IPCA de dezembro. Os demais itens do grupo também aumentaram, com destaque para roupas infantis (2,11%) e calçados e acessórios (1,92%). Os preços das joias e bijuterias subiram 1,09%. Os Artigos de residência foram impulsionados, principalmente, pelos itens mobiliário (2,07%) e eletrodomésticos e equipamentos (1,77%).

Houve altas ainda em TV, som e informática (0,70%) e consertos e manutenção (0,79%). O grupo Saúde e cuidados pessoais registrou pressão dos itens de higiene pessoal, que subiram 2,32% e contribuíram com 0,08% para a inflação de dezembro. Os produtos farmacêuticos tiveram alta de 0,06%. No mês de dezembro, houve alta de preços em todas as 16 regiões que integram o IPCA. A taxa menos acentuada ocorreu em Brasília – DF (0,46%), enquanto a mais elevada foi a do município de Rio Branco – AC (1,18%). O IPCA acumulado no ano de 2021 alcançou dois dígitos, ou seja, chegou ou ultrapassou à marca de 10%, em 10 regiões. A maior variação ocorreu na região metropolitana de Curitiba – PR (12,73%), influenciada principalmente pela alta de 51,78% nos preços da gasolina. O resultado mais brando foi o da região metropolitana de Belém – PA (8,10%), devido às relevantes contribuições negativas do arroz (-29,62%) e do açaí (-9,77%).

A inflação elevada no País em 2021 foi resultado, sobretudo, de uma pressão de custos. A melhora da pandemia, com o maior alcance da vacinação da população contra a Covid-19, resultou em recuperação da demanda no segundo semestre, mas os aumentos de preços monitorados pelo governo foram preponderantes no ano, como combustíveis, energia elétrica e gás de botijão. Teve alta principalmente no segundo semestre da demanda pela maior circulação de pessoas, melhora da pandemia, mas alguns setores ainda têm sofrido bastante. Inclusive agora, com a variante Ômicron, talvez alguns setores que estão em recuperação possam ter prejuízos, como é o caso das passagens aéreas. A inflação do segundo semestre ficou superior à do primeiro semestre do ano, o que evidencia a recuperação da demanda. É muito cedo para falar em retomada econômica de fato. Os próprios indicadores que o IBGE divulga mostram quedas consecutivas, na produção industrial, nas vendas no varejo e no próprio PIB do terceiro trimestre/2021.

Houve melhora recente no emprego, mas o rendimento real do trabalhador permanece deprimido, o que diminui o poder aquisitivo das pessoas. O IPCA acelerou de alta acumulada de 3,77% no 1º semestre de 2021 para 6,07% no 2º semestre. O dólar valorizado ante o Real também faz os preços de produtos importados se manterem em patamar elevado. No ano de 2021, 88% dos produtos investigados tiveram elevação de preços, ante uma fatia de 79% em 2020. Apesar da disseminação de preços com aumentos, os 10 itens de maior impacto sobre a inflação de 2021 responderam juntos por 58,65% da alta do IPCA: gasolina (alta de 47,49% e impacto de 2,34%); energia elétrica (21,21% e 0,98%); automóvel novo (16,16% e 0,48%); gás de botijão (36,99% e 0,41%); etanol (62,23% e 0,41%); refeição fora de casa (7,82% e 0,29%); automóvel usado (15,05% e 0,28%); aluguel residencial (6,96% e 0,26%); carnes (8,45% e 0,25%); e produtos farmacêuticos (6,18% e 0,20%).

Entre os grupos, o resultado de 2021 foi puxado, principalmente, pelos Transportes, com alta de 21,03% e impacto de 4,19%. Habitação subiu 13,05%, com contribuição de 2,05%, enquanto Alimentação e bebidas aumentaram 7,94%, com impacto de 1,68%. Os três grupos responderam juntos por cerca de 79% do IPCA de 2021. Houve aumentos relevantes ainda nos grupos Artigos de residência (12,07%) e Vestuário (10,31%). Os combustíveis subiram 49,02% ao longo de 2021. As passagens aéreas aumentaram 17,59%, e os transportes por aplicativo, 33,75%. Em Alimentação e bebidas, a alimentação no domicílio aumentou 8,24%. As maiores altas ocorreram no café moído (50,24%, com impacto de 0,15%), mandioca (48,08%) e açúcar refinado (47,87%). Por outro lado, ficaram mais baratos a batata-inglesa (-22,82%) e o arroz (-16,88%, ainda insuficiente para devolver a alta de 76,01% registrada em 2020). Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.