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10/Jan/2022

Inflação de 2022 desafiada pelo dólar e logística

O aperto de juros mais rápido em 20 anos conduzido pelo Banco Central pode ser insuficiente para garantir o cumprimento da meta de inflação no ano que vem. Enquanto a mediana do relatório Focus indica aumento de 5,03% do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2022 - no teto da meta, de 5,0% -, os principais riscos são para cima. Com um IPCA de 10% em 2021, a tendência é que a inércia mantenha a inflação em dois dígitos ao menos até fevereiro, com reajustes de transportes públicos e cursos regulares. As projeções mensais do Focus mostram tendência de desaceleração a partir de maio, mas os efeitos da incerteza eleitoral sobre o câmbio e a dinâmica das cadeias produtivas globais podem limitar a desinflação. A desaceleração do IPCA deve ser da casa de 10% em 2021 para 5,0% a 5,5% em 2022, com taxa Selic de 11,75% no fim do ciclo.

A inércia deixada para 2022 envolve aumentos do grupo Educação (2,81% para 5,58%), além de altas em produtos farmacêuticos (9,0%) e emplacamento e licenciamento de veículos (15,0%), este último em decorrência da elevação de preços de automóveis. As projeções consideram aceleração de serviços (5,05% para 5,26%), com impacto compensado pela desaceleração dos preços administrados (17,26% para 7,02%). Neste grupo, destaca-se o alívio previsto para a gasolina (48,6% para 5,0%) e gás de botijão (36,0% para 6,0%), na esteira da desaceleração dos preços do petróleo no mercado internacional. Entre os riscos à projeção, está o impacto das eleições sobre o câmbio. A estimativa é de um alívio dos preços de Alimentação e Bebidas em 2022 (de 7,65% para 4,45%), devido à perspectiva de safra forte. A energia elétrica, no entanto, deve subir 10% no ano que vem, mesmo considerando a mudança da bandeira para "vermelha 1", devido ao reajuste de 21% para distribuidoras autorizado pela Aneel em 2022.

O processo de desinflação deverá ser conduzido pelo alívio dos preços administrados (17,10% para 5,50%), com arrefecimento da gasolina, e pelos bens industriais (11,53% para 4,0%), diante da normalização dos gargalos de cadeias de suprimentos. A alimentação no domicílio deve desacelerar de 8,20% em 2021 para 5,20% no ano que vem, em função da perspectiva de uma safra mais forte no País. Em contrapartida, se espera aceleração da inflação de serviços (4,74% para 5,30%), apesar da estimativa de contração para 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB). Se a atividade econômica for até pior do que se está projetando, com uma queda de até 1,0% ou mais, isso pode ajudar a ter uma inflação de serviços mais contida do que a prevista. Por outro lado, o dólar pode impactar os preços de commodities, e as turbulências que vamos observar em 2022 vão ser monitoradas.

As projeções consideram uma normalização das cadeias globais de suprimentos a partir do segundo semestre, mas há um risco ao cenário com a continuidade dos problemas. Também há riscos de altas nos preços de alimentos, devido à disparada dos preços globais de fertilizantes ao longo dos últimos quatro meses. A produção de fertilizantes é existem problemas de oferta de energia na China, por causa do carvão, e na Europa, pelo gás natural. Isso pode começar a ser repassado a partir da segunda metade de 2022. Um outro risco é de um ano de 2022 caracterizado por uma alta forte do petróleo, com a demanda global aumentando. O câmbio não deve aparecer como um risco relevante à inflação em 2022, considerando uma assimetria benigna da eleição. Hoje, existe um contexto que incentiva os candidatos a adotar uma postura menos extrema, não tem espaço para estragar o fiscal. Um dólar a R$ 6 seria alinhado a uma perspectiva eleitoral com caráter de ruptura, e não se vê essa ruptura à frente. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.