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10/Jan/2022

Inflação elevada e baixa expansão do PIB em 2022

2022 aponta para frustrações com a atividade econômica, surpresas para cima na inflação e manobras patrocinadas pelo governo para flexibilizar o teto de gastos. Para entender os riscos que pairam sobre a economia em 2022, há pessimismo para o IPCA, o Produto Interno Bruto (PIB) e taxa Selic e indicam um ano perdido para atividade ou inflação. Entre agosto e dezembro de 2021, a mediana das previsões para o crescimento do PIB de 2022 caiu de 2,0% para 0,5%, enquanto o piso do levantamento saiu de alta de 1,4% para queda de 0,5%. No mesmo período, a mediana do IPCA avançou de 3,75% para 5,0% - o teto da meta perseguida pelo Banco Central (BC) -, com aumento do teto das estimativas de 4,50% para 6,52%. A mediana de Selic subiu de 7,0% para 11,75%, enquanto o teto das projeções, de 8,25% para 13,25%. A previsão é de contração de 0,5% do PIB de 2022, com viés de baixa. As manobras do governo para flexibilizar o teto dos gastos contaminaram as expectativas de inflação e praticamente contrataram uma taxa Selic próxima de 12,0% em 2022, com prejuízos à atividade.

O aperto das condições financeiras deve levar a uma queda da atividade no primeiro trimestre de 2022, com um efeito estatístico negativo para o ano. Em contrapartida, o aumento de juros deve surtir efeito e levar o IPCA a um nível entre 4,0% e 4,5% no ano que vem. Os cenários tendem a se separar novamente só a partir de 2023, condicionados ao desfecho das eleições. As condições negativas para 2022 estão colocadas, mas há uma visão mais otimista para depois das eleições. A demanda agregada já dava sinais de retração mesmo antes da piora das condições financeiras observada nos últimos meses, na esteira das alterações no teto dos gastos. Com a perspectiva de aumento da Selic, inflação elevada e incerteza eleitoral, a tendência é de queda do consumo das famílias e do investimento em 2022. Apesar da recessão prevista, as alterações no arcabouço fiscal do País tendem dificultar o processo de desinflação. A quebra do regime fiscal tende a exacerbar um processo inercial na inflação.

Existem evidências de que, em um ambiente de incertezas muito elevadas, o processo de aumento dos preços fica mais ligado à inflação passada do que às expectativas. O efeito inercial de 2021 e a perspectiva de depreciação do Real devem forçar o BC a persistir no ciclo de aperto monetário, mas limitar a desinflação no País. Alguns elementos que poderiam acelerar o processo de desinflação, como a mudança da bandeira de energia ou algum arrefecimento das cotações de commodities, podem ser mais ou menos neutralizados pelo efeito da depreciação do Real. O dólar poderá superar a marca de R$ 6 no início do segundo semestre deste ano e encerrar 2022 entre R$ 5,40 e R$ 5,55. Os serviços devem continuar em expansão no ano que vem, sustentados pelo uso da poupança precaucional acumulada durante a pandemia e por dissídios salariais inflados pela inflação de 2021. Pegando a experiência de 2015, o último período de inflação alta que o País enfrentou, mesmo em um ambiente de recessão severa a inflação demorou para voltar a um nível próximo de 4,0%. Isso não aconteceu em 12 meses. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.