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17/Dez/2021

Dólar recua com exterior e leilão do Banco Central

Após dois dias seguidos de alta, em que voltou a tocar o patamar de R$ 5,70 e fechou no maior nível desde abril, o dólar encerrou a sessão desta quinta-feira (16/12) em queda firme, em sintonia com o enfraquecimento global da moeda norte-americana, na esteira de decisões de política monetária do Banco Central Europeu (BCE) e do Banco da Inglaterra (BoE). No Brasil, o dólar até esboçou se descolar da tendência externa entre o fim da manhã e o início da tarde, quando correu até a máxima de R$ 5,72, em meio a relatos de operadores de pressão de saída de recursos por conta de remessas para pagamento de lucros e dividendos, além de ajustes contábeis de empresas. A onda altista se desfez por volta das 13h com a intervenção do Banco Central, que vendeu US$ 830 milhões no spot com taxa de corte de R$ 5,67. Logo em seguida, a taxa de câmbio chegou a tocar no patamar de R$ 5,65.

A partir daí, o dólar trabalhou em queda firme, de acordo com a tendência internacional. Com uma piora das bolsas norte-americanas, a moeda desacelerou um pouco o ritmo de queda e fechou o dia cotada a R$ 5,67, em baixa de 0,50%. Apesar da perda desta quinta-feira (16/12), o dólar ainda avança 1,16% na semana e caminha para fechar dezembro em leve alta. No ano, a valorização é de 9,45%. No exterior, o DXY (que mede o desempenho do dólar frente a seis divisas fortes) trabalhou em queda firme, mas ainda em patamares elevados, na casa dos 96,000 pontos. A moeda norte-americana cedeu praticamente em relação a todas as divisas de emergentes e exportadores de commodities. A principal exceção foi a lira turca, que derreteu após o banco central turco cortar os juros (de 15% para 14%) e o presidente do país anunciar aumento do salário-mínimo.

No dia seguinte ao Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) anunciar a aceleração da redução da compra mensal de bônus e acenar com três altas de juros em 2022, o BCE informou que vai comprar ativos em ritmo menor e que vai encerrar seu programa de aquisição em março do ano que vem. Já o BoE elevou a taxa de juros de 0,10% para 0,25% ao ano, mostrando preocupação com a inflação, apesar da revisão para baixo do crescimento do PIB, por conta da variante Ômicron do coronavírus. O euro e libra, que vinham perdendo força ante o dólar recentemente, subiram, movimento que ajudou as divisas emergentes. A RB Investimentos observa que as decisões tanto do BCE quanto do BoE eram esperadas após a mudança de tom do Federal Reserve, que abandonou a tese de que a inflação é transitória. A variante Ômicron, apesar de se espalhar rapidamente, não tem resultado em maior número de mortes, como mostra o caso do Reino Unido.

O Fed dita o tom e os outros bancos centrais seguem a mesma linha. Era esperado que o BCE fosse reduzir a compra de ativos depois que o Fed começasse o ‘tapering’. Mas, o cenário desta quinta-feira (16/12), de enfraquecimento do dólar, não deve se manter por muito tempo, já que haverá enxugamento da liquidez e alta de juros nos Estados Unidos. No Brasil, o Banco Central reiterou, na apresentação do Relatório Trimestral de Inflação (RTI), o tom duro tanto do comunicado em que anunciou a alta da taxa Selic para 9,25% ao ano, na semana passada, quanto da ata do Copom. A perspectiva é de que o ciclo de aperto monetário em curso leve a taxa básica para a casa de 11% ou 12%, o que beneficia, em tese, o Real, ao tornar a renda fixa brasileira mais atraente. É necessário ponderar, contudo, que há um enxugamento global da liquidez, dada a movimentação dos BCs de países desenvolvidos, e maior disputa por recursos com aperto monetário em países emergentes.

Por ora, o comportamento da taxa de câmbio tem sido muito influenciado pela demanda maior por dólares típica de fim de ano, com remessas de lucros e dividendos. O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que tem percebido um aumento do fluxo de saída nas últimas semanas. Quando se percebe que tem fluxo pontual de saída, é feita uma intervenção pontual. A Armor Capital observa que o fluxo desta semana deve ter sido muito negativo, dado remessas para pagamento de dividendos da Petrobras e de juros para detentores de títulos do Banco do Brasil. Pode ter havido também remessas de um player grande para pré-pagamento de dívidas. Esta quinta-feira (16/12) pode ter sido o último dia do ano de fluxo no dólar muito ruim. A partir de agora, o fluxo alivia. E janeiro é bem mais tranquilo. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.