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16/Dez/2021

Dólar em alta com a decisão do Fed e leilão do BC

O mercado doméstico de câmbio recebeu com uma boa dose de tranquilidade a já esperada decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de acelerar a redução da compra mensal de títulos (‘tapering’), acompanhada das projeções de três altas da taxa básica de juros nos Estados Unidos em 2022. O tom mais duro da instituição foi temperado com a ponderação de que a execução desse plano depende dos desdobramentos da pandemia do novo coronavírus, que pode assumir nova dinâmica com o espalhamento da variante Ômicron. O dólar chegou ensaiar uma alta mais forte assim que o Fed divulgou seu comunicado, correndo até a máxima de R$ 5,73, em sintonia com a aceleração no exterior. Logo em seguida, o movimento altista perdeu fôlego e o dólar voltou a ser negociado abaixo da linha de R$ 5,72. No exterior, depois de um repique pontual na esteira da decisão do Fed, o índice DXY (que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a seis moedas fortes) passou a operar em queda, em meio a declarações do presidente do Fed, Jerome Powell, em entrevista coletiva.

As moedas emergentes ganharam fôlego, com o peso mexicano e o rand sul-africano passando a exibir ganhos. Assim, o dólar à vista desacelerou no Brasil e passou a trafegar na faixa de R$ 5,70. No fim da sessão estava cotado a R$ 5,70, em alta de 0,25%. Vale ressaltar que o dólar futuro para janeiro trocou de sinal após o fechamento do mercado à vista e encerrou cotado a R$ 5,70 (-0,03%). Como esperado, o Fed anunciou que vai acelerar o ritmo do ‘tapering’, com a redução da compra mensal de bônus de US$ 15 bilhões para US$ 30 bilhões e perspectiva de encerramento do programa em março de 2022. A maioria dos dirigentes da instituição vê juro básico, hoje na faixa de 0% a 0,25%, entre 075% e 1% no ano que vem. Outros projetam entre 1% e 1,2% em 2022. Jerome Powell reiterou que não haverá alta de juros antes do fim do ‘tapering’ e que também não há decisão sobre o intervalo entre os dois eventos.

O presidente do Fed ressaltou que há muita incerteza em relação aos impactos da variante Ômicron. Ao comentar as projeções dos integrantes do Fed para o rumo da política monetária, contida no famoso "gráfico de pontos", Powell disse que a mediana das estimativas é de três altas de juros em 2022, mas que isso pode mudar se PIB se enfraquecer. O ‘tapering’ será encerrado em março e os juros vão subir quando for necessário. Powell ressaltou que pode esperar para aumentar a taxa de juros de acordo com a evolução da economia. A JF Trust chama a atenção para o fato de Powell ter dados sinais de que, caso as condições financeiras piorem, poderá voltar a ter uma postura mais acomodatícia. Implicitamente, ele sinalizou que vai dar suporte e liquidez ao mercado se for preciso, enquanto espera que a inflação desacelere. Isso animou as bolsas e tirou um pouco de força do dólar no exterior. A estratégia do Fed é mais arriscada, já que a inflação pode não dar trégua tão cedo. O Fed pode ter que mudar a comunicação no primeiro trimestre, gerando um impacto negativo nos mercados.

A Davos Investimentos observa que o mercado já trabalhava com a estimativa de três altas dos juros nos Estados Unidos no ano que vem e que, por isso, não houve surpresa diante das previsões dos integrantes do Fed. Tanto que a reação dos Treasuries foi muito marginal e o mercado acionário teve comportamento bem positivo. Isso mostra que Powell tem conseguido transmitir com tranquilidade seus próximos passos. A previsão é de elevação dos juros nos Estados Unidos muito provavelmente no início segundo semestre, o que vai afetar os ativos emergentes. O Brasil, nesse cenário, pode sofrer um pouco mais, principalmente a moeda. O Real poderia ter sofrido ainda mais nesta quarta-feira (15/12) não fosse a atuação do Banco Central, que abriu espaço até para uma queda pontual da moeda norte-americana pela manhã desta quarta-feira (15/12).

O Banco Central vendeu US$ 950 milhões em leilão à vista e promoveu a rolagem de US$ 750 milhões em contratos de swaps cambiais que vencem em fevereiro. Houve também a colocação de US$ 700 milhões em swaps para suprir o overhedge dos bancos. De sexta-feira até o momento, foram três leilões de venda à vista, que somaram US$ US$ 2,542 bilhões, e um de leilão de linha de US$ 500 milhões, além das ofertas de swap. A Frente Corretora nota que o fluxo de recursos para o Brasil já tem se reduzido, o que acaba pressionando a taxa de câmbio. Ressalta-se o fato de a agência de classificação de risco Fitch ter colocado o rating brasileiro em perspectiva negativa, pretextando deterioração das condições fiscais. A decisão do Fed já era esperada. A tendência é de o Real permanecer desvalorizado e sofrer mais ao longo em 2022, por conta das eleições. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.