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16/Dez/2021

Comércio exterior: Brasil precisa reduzir desmate

Segundo o Insper Agro Global, o agronegócio brasileiro deve bater recorde de exportação este ano, alcançando US$ 118,5 bilhões, valor quase 20% maior em relação ao desempenho de 2020, de US$ 101 bilhões. Entretanto, apesar desse bom desempenho, cada vez mais o setor agropecuário nacional deve se atentar ao fenômeno de "descommoditização", em que não se venderão mais apenas commodities como soja, milho e carnes, mas produtos que, além de commodities, foram aprovados por rigorosos critérios ambientais e sociais, entre eles, produtos livres de desmatamento, que é o “calcanhar-de-aquiles” do Brasil em relação à sua imagem no exterior. O mundo ainda é comprador dos produtos do País e os mercados para o agronegócio só tendem a crescer nos próximos anos. É uma situação inexorável; existe demanda por commodities agropecuárias no mundo emergente, principalmente no Oriente, e não só na China, mas também do Sudeste da Ásia, que está superaquecido, do Oriente Médio e, logo, as atenções em questão de consumo serão Índia e África.

Desta forma, o Brasil tem uma forte demanda e um papel a cumprir, mas a grande questão é como o País vai resolver o uso da terra. Sob este aspecto, na 26ª Conferência do Clima (COP-26), Estados Unidos e China assinaram, na Declaração de Glasgow, que vão monitorar o uso da terra. E principalmente a China preocupa, porque ela compra 40% do que o Brasil exporta. Cada vez mais, países vão se recusar a comprar produtos de áreas desmatadas. Antes essa pressão vinha principalmente da União Europeia, mas agora está se ampliando. Assim, o Brasil precisa resolver a situação do desmatamento ilegal, sobretudo na Amazônia. Hoje, o Brasil está descontrolado ou, pelo menos, numa fase muito difícil de comando em controle em relação à contenção do desmatamento. Houve uma piora nessa área. De 2004 a 2012, o Brasil conseguiu reduzir o desmatamento em 80%. Estava se chegando a quase 3 milhões de hectares desmatados por ano em 2004 e, em 2012, este índice caiu para 500 mil hectares. Os números de 2021 devem fechar em 1,37 milhão de hectares, conforme números do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Embora o desmatamento ainda seja um problema, o fato de o País já ter conseguido diminuir esse índice é um alento. Não é um problema insolúvel e sim de organização da sociedade, de buscar ferramentas para reduzir a ilegalidade. O desmatamento ilegal está mais ligado ao controle que deve ser feito pelo Poder Público. Já o desmatamento legal está mais sob responsabilidade do setor privado. A solução para conter o desmatamento legal passa pelo setor privado, ao adotar políticas ESG (de governança ambiental e social) e de controle de sua cadeia de suprimentos. Mas, a grande mudança de uso da terra no Brasil não é o desmatamento ilegal, e sim a ocupação do pasto, que tem sido feita de maneira cada vez mais racional, por meio de sistemas integrados e tecnologias adotadas para a agricultura tropical, como exemplo por exemplo a integração lavoura-pecuária-floresta, plantio direto na palha e agricultura regenerativa. Esses sistemas permitem a expansão da agricultura sem que se desmate mais; sob este aspecto, é preciso entender que está havendo uma revolução dentro das áreas agropecuárias, numa mudança extremamente benéfica e inovadora.

Assim, se o País resolver o desmatamento ilegal e avançar na tecnologia de agricultura tropical, que economiza uso da terra e reduz a necessidade de abertura de novas áreas, poderá se encaixar nas exigências externas em relação ao ESG e terá o perfil para participar de um mercado externo "descommoditizado". Essas mudanças podem começar em breve, a depender do novo governo que assumir o País em 2023. Isso não quer dizer que em 2030 será cumprida a meta de eliminação do desmatamento ilegal, mas o Brasil pode avançar, dependendo do governo que vier pela frente. A questão do desmatamento não é prioridade só na Amazônia, mas no País. Este tema é o que torna, hoje, o Brasil falado no mundo. É basicamente Amazônia e o desmatamento na região. Não é uma questão insolúvel, mas requer prioridade. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.