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15/Dez/2021

Dólar fecha no maior patamar desde abril de 2021

A piora do humor externo nesta terça-feira (14/12), com aceleração das perdas das bolsas em Nova York e aumento dos ganhos da moeda norte-americana frente a divisas emergentes, acabou respingando no mercado doméstico de câmbio. Após operar em queda firme pela manhã, quando chegou a descer até o patamar de R$ 5,61, sob impacto de leilão de linha realizado pelo Banco Central e do tom duro da ata do Copom, o dólar ganhou força à tarde e, na máxima, chegou a se aproximar da linha de R$ 5,70. Na véspera da decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), que deve anunciar a aceleração da redução de compras mensais de bônus (‘tapering’) e trazer novas projeções dos membros da instituição para a trajetória da taxa de juros, investidores se acautelaram e reduziram a exposição a ativos de risco. Há também certa apreensão com o impacto da disseminação da variante Ômicron sobre a atividade econômica, em especial na Europa.

Em meio a um ambiente externo já desafiador, não pegou bem por aqui a notícia de que a agência de classificação Fitch ter reafirmado o rating soberano do Brasil em BB-, mas com perspectiva negativa pretextando o aumento do risco fiscal, diante da mudança da deterioração das perspectivas para as contas públicas com a mudança na regra do teto de gastos na PEC dos Precatórios. Com oscilação de cerca de R$ 0,08 entre a mínima (R$ 5,61) e a máxima a (R$ 5,69), o dólar encerrou a sessão desta terça-feira (14/12) a R$ 5,69, alta de 0,35%, emendando o quarto pregão seguido de valorização e no maior valor desde 13 de abril (R$ 5,71). O mercado continua na expectativa de que o Fed vá acelerar o ‘tapering’ nesta quarta-feira (15/12) e começar o aperto monetário nos Estados Unidos antes de junho do ano que vem. Isso acaba prejudicando as moedas emergentes. O Banco Ourinvest afirmou que o rebaixamento da perspectiva da nota do Brasil pela Fitch contribuiu para a alta do dólar no Brasil.

Nos Estados Unidos, a inflação continua a surpreender para cima, o que estimula as apostas em um Fed mais duro. Foi divulgado que o índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) subiu 0,8% em novembro, superando as estimativas dos analistas, de 0,5%. O núcleo do PPI, que exclui os voláteis preços de alimentos e energia, avançou 0,7% na mesma comparação, ante projeção de acréscimo menor, de 0,4%. A inflação acima do esperado ajudou a dar mais força ao dólar no exterior. O índice DXY (que mede a variação do dólar frente a seis divisas fortes) operou em alta firme, na casa dos 96,500 pontos, perto das máximas. O Real até se comportou bem ao registrar perdas inferiores à de seus pares emergentes, como o rand sul-africano e o peso mexicano. Boa parte da resistência do Real nesta terça-feira (14/12) é atribuída a movimento de ajustes técnicos, com realização de lucros, e a atuação do Banco Central, que tem provido liquidez para fazer frente a remessa de recursos de fim de ano.

Depois de venda US$ 1,592 bilhão em leilões de venda à vista na sexta-feira (10/12) e na segunda-feira (13/12), o Banco Central colocou US$ 500 milhões em leilão de oferta de linha (da oferta de US$ 1 bilhão) nesta terça-feira (14/12). Foi vendida a oferta total de 15 mil contratos (US$ 750 milhões) para rolagem dos vencimentos programados para fevereiro. Essa atuação do Banco Central ajudou a amenizar um pouco a pressão de alta do dólar. Com o leilão de linha, ele ajuda a aliviar o caixa dos bancos, que precisam devolver linhas e já não encontram tanta liquidez no exterior para fazer operações. A Treviso Corretora vê o dólar oscilando em uma banda informal entre R$ 5,50 e R$ 5,70, de acordo com o apetite por risco no exterior, a demanda por remessas e a percepção de risco fiscal doméstico. As intervenções do Banco Central podem não trazer um alívio permanente para a taxa de câmbio, mas têm o poder de modelar as flutuações e podem ter evitado que o dólar rompesse os R$ 5,70.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reiterou que o Banco Central atua no mercado de câmbio para eliminar problemas de liquidez, e não como linha auxiliar da política monetária. Se existe a percepção de que a intervenção está indo além, as pessoas procuram outro instrumento de hedge (proteção). Observa-se claramente que intervenção cambial exagerada causa danos no mercado de juros, porque as pessoas deixam de se proteger no dólar e vão se proteger nos juros longos, afirmou Campos Neto, em debate sobre política monetária realizado pelo Tribunal de Contas da União (TCU). A ata do Copom desta terça-feira (14/12) reiterou o tom duro do comunicado do comitê na semana passada, quando a Selic foi elevada em 1,50%, para 9,25% ao ano. Apesar da expectativa de uma Selic terminal em dois dígitos, na casa de 11% ou 12%, é cedo para avaliar a atratividade para operações de carry trade, dado que ainda é preciso saber o tamanho e o ritmo de aperto monetário nos Estados Unidos.

No front político, a expectativa é pela votação da parte da PEC dos Precatórios alterada pelo Senado no plenário da Câmara. Um dos temas em questão é a vigência do limite para pagamento das sentenças judiciais. O Senado limitou o pagamento de precatórios até 2026, e não mais até 2036, como havia sido inicialmente aprovado pelos Deputados. Líderes da Câmara fecharam uma negociação para retirar a data, em uma estratégia para enviar o texto direto para promulgação, garantindo um espaço fiscal de mais R$ 43,8 bilhões no Orçamento de 2022, além dos R$ 62,2 bilhões já garantidos com a mudança no cálculo do teto de gastos. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.