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15/Dez/2021

Preservar margens será o grande desafio em 2022

Segundo o ex-ministro da Agricultura e coordenador do Centro de Agronegócios da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Roberto Rodrigues, depois do clima “trágico” para a agricultura brasileira em 2021, quando culturas como café, cana-de-açúcar, laranja e milho tiveram grandes quebras de safra, a tendência é que 2022 seja um ano melhor nessa frente para os produtores rurais, que, entretanto, tendem a ver suas margens se estreitarem em decorrência da alta de custos, principalmente com insumos. O agronegócio em 2021 teve um ano muito difícil. Houve dois momentos dramáticos: um por causa do clima e outro econômico. Em 2021, o Brasil viveu sua pior seca em mais de 90 anos, o que castigou severamente a produção no Centro-Sul brasileiro. O maior reflexo foi na 2ª safra de milho de 2021, que já começou fora da janela ideal de plantio, por conta do atraso dos trabalhos com a soja, e que teve na estiagem um agravante, o que levou a quebra a 20,8%, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Para 2022, a expectativa é mais favorável. A previsão da Conab é que a produção de grãos chegue a 291,1 milhões de toneladas nesta temporada 2021/2022, com crescimento de 15,1% sobre 2020/2021. Do ponto de vista econômico, destaca-se a forte escalada de preço das commodities agrícolas, com as cotações internacionais chegando a picos de mais de 50% de valorização durante o ano. Isso ajudou o produtor a fechar bons negócios e a garantir margens acima do normal, situação que não deverá se repetir com a mesma intensidade em 2022. O ano de 2022 tende a ser positivo, mas com margens menores. Uma safra recorde no Brasil poderá ajudar a pressionar os preços das commodities agrícolas. Mas, quem se antecipou e já travou posições de venda vai acabar faturando mais. Será uma margem menor, mas sem dificuldades. Do ponto de vista de custos, a preocupação maior deverá ser com a 2ª safra de 2022 e com o ciclo 2022/2023, para o qual ainda há muitas incertezas, especialmente quanto ao fornecimento e aos custos dos insumos agrícolas.

As sanções econômicas contra Belarus, uma das principais fornecedoras de potássio do mundo, e a crise energética na China, que também afeta a oferta de fertilizantes e defensivos, podem ser entraves no decorrer do ano. Havia uma preocupação dos fertilizantes não chegarem a tempo hábil ou a um custo adequado. Para o ano que vem, os problemas não deverão ser tão graves. Há também uma expectativa de reduzir a adubação, o que seria razoável para áreas mais consolidadas. Para os defensivos, a situação deverá ser um pouco pior. Em meio às incertezas, ressalta-se o Auxílio Brasil, com pagamentos de R$ 400,00 por mês em 2022, poderá dar um impulso ao consumo de alimentos no mercado doméstico, assim como ocorreu com o auxílio emergencial concedido após o início da pandemia. Outro alerta feito pelo ex-ministro é sobre a comunicação do setor em relação aos problemas enfrentados pelo Brasil na área ambiental.

A pressão internacional será ainda maior em 2022, e que cabe aos produtores brasileiros reforçaram sua contrariedade em relação a crimes ambientais cometidos por uma minoria que mancha a imagem do setor. A vertente ambiental ganhou peso diante de problemas de comunicação do Brasil. O País nega o desmatamento ilegal, que é uma evidência óbvia, nega as queimadas. Mas, essas ilegalidades não são feitas por agricultores profissionais. O setor não pode deixar que a questão ambiental se torne barreira ou tarifa para o agronegócio do Brasil. Um exemplo citado é a proposta da União Europeia para impedir a importação de commodities provenientes de áreas desmatadas, o que poderia criar um entrave para as exportações brasileiras de soja e carne bovina, por exemplo. A proposta afeta a competitividade e cria dificuldades, como provar quando a área foi desmatada. Está sendo usado um argumento procedente para criar uma eventual barreira não-tarifária. Fonte: Valor Online. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.