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13/Dez/2021

Dólar avança com saídas dos recursos externos

O dólar encerrou a sessão de sexta-feira (10/12) em alta firme e acima da linha de R$ 5,60, em meio à pressão de saída de recursos, que motivaram intervenção do Banco Central com leilão de venda à vista, e a ajustes de expectativas em torno da trajetória das políticas monetária interna e externa, na esteira de divulgação do IPCA e do índice de preços ao consumidor (CPI) nos Estados Unidos. No Brasil, o IPCA trouxe uma surpresa positiva, ao marcar alta de 0,95% em novembro, abaixo das expectativas. O arrefecimento da inflação fez balançar as apostas de que o Banco Central mantenha o ritmo de aperto monetário, com nova alta da taxa Selic em 1,5% em fevereiro, reforçadas após o comunicado duro do Comitê de Política Monetária na semana passada. Nos Estados Unidos, o CPI de novembro subiu 0,8% em outubro, levemente acima do esperado (0,7%).

O núcleo do indicador, que expurga itens mais voláteis (como energia e alimentos), avançou 0,5%, conforme previsto. Embora em linha com as expectativas, o CPI apresenta o maior nível em 40 anos, o que alimenta as expectativas de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) anuncie nesta semana uma aceleração do ritmo de redução de estímulos (‘tapering’) e acene com alta de juros já no primeiro semestre de 2022. A possibilidade de enxugamento da liquidez e de juros maiores nos Estados Unidos provoca uma mudança de relação entre risco e retorno que é desfavorável a divisas emergentes. Nessa conjuntura, mesmo com as altas recentes da taxa Selic (e as que podem estar por vir), o Real perde um pouco do seu apelo. Segundo a corretora Correparti, o mercado já se prepara para os comunicados dos bancos centrais dos países desenvolvidos nesta semana. A percepção é de eles sinalizarão um aperto monetário.

Além do Federal Reserve, o Banco Central Europeu e o Banco da Inglaterra vão anunciar duas decisões de política monetária nesta semana. No exterior, o índice DXY (que mede o desempenho do dólar frente a seis divisa fortes) acabou exibindo leve queda, embora ainda acima dos 96,000 pontos. Em relação a moedas emergentes de exportadores de commodities, o comportamento foi misto. Além da perspectiva de redução da liquidez global, pesa também contra a moeda brasileira neste fim de ano a pressão por remessas de divisas e resquício da demanda ligada ao overhedge dos bancos, apesar das atuações do Banco Central. Na sexta-feira (10/12), como programado, o Banco Central vendeu US$ 750 milhões em contratos de swap cambial tradicional para rolagem dos vencimentos programados para fevereiro. A surpresa veio com a realização de um leilão de oferta de dólares à vista, que resultou em venda de US$ 687 milhões, com taxa de corte de R$ 5,88.

A última vez que o Banco Central havia vendido dólar spot foi em 19 de outubro. Nas mesas de operação, comenta-se que houve demanda forte por players específicos e que o Banco Central, seguindo sua cartilha, proveu liquidez para evitar a disfuncionalidade no mercado cambial. O fato é que a ação do Banco Central ajudou a arrefecer a alta da moeda norte-americana, que pouco antes havia corrido até a máxima de R$ 5,63. O dólar até chegou a furar novamente o piso de R$ 5,60, mas recuperou fôlego e fechou a R$ 5,61, em alta de 0,72%. Apesar de ter avançado na quinta-feira (09/12) e na sexta-feira (10/12), a moeda encerrou a semana passada com desvalorização de 1,16%, atribuída em parte à diminuição do risco fiscal, após a aprovação parcial da PEC dos Precatórios. No acumulado do mês, o dólar também cede, mas em menor magnitude (0,38%).

Segundo a Venice, houve um fluxo de saída forte no mercado local que acabou pesando na moeda em um dia de liquidez relativamente comprometida. A pressão de alta foi relativamente controlada pela intervenção do Banco Central com venda de dólares à vista. O Real teve a pior performance entre os emergentes em função não só do cenário externo, mas muito em razão de fluxo de saída. E sexta-feira é um dia típico de busca de proteção, com compra de mais dólares. O Bradesco vê o Real pressionado ao longo do próximo ano, por conta das eleições presidenciais e do provável aperto monetário nos Estados Unidos. A alta de juros do Fed deve manter a moeda pressionada, mesmo em um ambiente de maior diferencial de juros a favor do Brasil. O Bradesco prevê dólar a R$ 5,70 no fim de 2022. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.