ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

10/Dez/2021

Dólar sobe com exterior negativo e temores fiscais

Após duas sessões de baixa firme, o dólar avançou no pregão desta quinta-feira (09/12), flertando novamente com o patamar de 5,60, em meio a uma onda global de fortalecimento da moeda norte-americana. Renovadas preocupações com a variante Ômicron do coronavírus e uma postura cautelosa na véspera da divulgação do índice de inflação ao consumidor (CPI) nos Estados Unidos, que pode reforçar a perspectiva de antecipação da alta dos juros norte-americanos, castigaram as divisas emergentes. Não bastasse o exterior desfavorável, o Real sofreu também com temores de que o governo eleve os gastos em 2022, após o presidente Jair Bolsonaro acenar com aumento do salário de servidores públicos. Parte do alívio com a promulgação parcial da PEC dos Precatórios também foi ofuscado pela falta de comprometimento da Câmara dos Deputados em vincular espaço fiscal aberto com a proposta a gastos sociais e previdenciários, o que pode abrir uma janela para novas medidas populistas.

Essa conjunção de fatores negativos, aliada a demanda de importadores por divisa estrangeira e ajustes técnicos de tesourarias, acabou se sobrepondo ao efeito que a alta da taxa Selic anunciada na quarta-feira (08/12) pelo Copom, de 7,75% para 9,25%, e a perspectiva de um aperto monetário ainda mais pronunciado poderiam ter sobre a formação da taxa de câmbio. Pela manhã, o dólar até chegou a ensaiar um movimento de queda, rompendo a barreira de R$ 5,52 e descendo até a mínima a R$ 5,51 (-0,29%), ecoando o aumento da atratividade da renda fixa brasileira por conta da escalada da taxa Selic. O fortalecimento do Real teve vida curta e, ainda pela manhã, o dólar já se fixava em terreno positivo, alinhando-se ao comportamento externo. A liquidez reduzida, com giro inferior a US$ 10 bilhões no contrato de dólar futuro para janeiro, contribui para que operações pontuais tenham impacto maior na dinâmica do câmbio. Com aceleração dos ganhos, a taxa quase tocou no patamar de 5,60, registrando máxima a R$ 5,599 (+1,16%). O dólar fechou a R$ 5,57, em alta de 0,70%.

Apesar do avanço, o dólar ainda acumula desvalorização de 1,87% nesta semana, depois de ter subido 1,50% na semana passada. No exterior, o índice DXY (termômetro do desempenho do dólar frente a seis divisas fortes) operou em alta firme da linha dos 96,200 pontos, sobretudo por conta dos ganhos da moeda norte-americana frente ao euro. O dólar avançou em bloco na comparação com divisas emergentes e de países exportadores de commodities, com o rand sul-africano, o Real e o peso chileno sendo os mais prejudicados. Parte da alta do dólar no exterior se deve também à sinais reiterados de robustez da economia norte-americana. Pela manhã, o mercado absorveu a informação de que o número de pedidos de auxílio-desemprego nos Estados Unidos teve redução de 42 mil na semana encerrada em 4 de dezembro, para 184 mil, abaixo da expectativa de analistas, que previam 211 mil. Também foi divulgado que os estoques no atacado nos Estados Unidos tiveram alta de 2,3% em outubro ante setembro, acima do esperado (2,2%). A Western Asset atribui a fraqueza do Real nesta quinta-feira (09/12), sobretudo, a uma onda global de aversão ao risco.

Ressalta-se as incertezas com a evolução da Ômicron, dado o aumento de casos na Europa, e a percepção de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) vai mudar sua postura. Tudo isso gera essa pressão internacional sobre as moedas emergentes, com o dólar 'bull' (em tendência de alta) no mundo. Os mercados estavam também tecnicamente esticados. O comitê de política monetária do Banco Central norte-americano reúne-se na semana que vem (nos dias 14 e 15 de dezembro) e, a julgar pelas declarações recentes do presidente do Fed, Jerome Powell, vai haver uma aceleração do ritmo de redução de estímulos (‘tapering’), tido como pré-requisito para uma alta dos juros nos Estados Unidos ainda no primeiro semestre de 2022. Em relação ao Copom, a Western ressalta que o Banco Central surpreendeu na quarta-feira (08/12) ao falar de forma mais dura, enfatizando a busca pela ancoragem das expectativas, para evitar que o processo inflacionário se perpetue.

O Banco Central não apenas sinalizou com aperto monetário mais forte como deixou claro que a taxa Selic só voltará a ser reduzida quando houver certeza de que ganhou a batalha das expectativas. O Banco Ourinvest vê o ambiente externo de aversão ao risco e a expectativa pelos dados de inflação nos Estados Unidos como os principais indutores da alta do dólar. O mercado espera mais pressão inflacionária lá e, por isso, alguma reação do Fed sobre aumento da taxa de juros. Contudo, parte da depreciação do Real nesta sessão, apesar da elevação da taxa Selic e o tom mais duro do comunicado do Banco Central, está relacionada a temores fiscais. Um dos motivos da alta do dólar é a preocupação local com discurso das autoridades sobre reajuste do salário-mínimo e dos servidores. Ou seja, o mercado está precificando risco de mais medidas populistas por conta das eleições de 2022. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.