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08/Dez/2021

Guerra comercial EUA x China gera preocupações

Segundo o embaixador do Brasil na China, Paulo Estivallet, a chamada “guerra comercial” entre os Estados Unidos e a China pode ter sido benéfica para as exportações brasileiras num primeiro momento, mas preocupa, no longo prazo, ao minar mecanismos de negociação multilateral e ao garantir espaço para as exportações agrícolas americanas no mercado chinês. Ele classificou a guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo como um dos grandes eventos que entrarão para a história. Como o Brasil é concorrente dos Estados Unidos no mercado agrícola, soja e carne de frango se beneficiaram num primeiro momento, mas esse benefício sempre foi precário. O impacto acaba não sendo tão benéfico porque o sinal de preços não serve para investimentos. No longo prazo, o desenrolar da disputa comercial fomentada na gestão do ex-presidente norte-americano Donald Trump traz uma série de preocupações. A primeira, já na mesa, é o acordo firmado no ano passado entre China e Estados Unidos, para suspender a disputa, marcada por elevações unilaterais de tarifas de importação.

O embaixador lembrou que o acordo previa a eliminação de sobretaxas mediante o compromisso, por parte da China, de aquisição de montantes significativos de produtos agrícolas dos Estados Unidos. Já no curto prazo, a medida poderia prejudicar as vendas agrícolas do Brasil para a China, mas, por enquanto, não foi identificado prejuízo para as exportações brasileiras. Se tivesse havido realmente compras em quantidade artificiais por parte da China nos Estados Unidos teria havido impacto nos preços dos portos de importação na China e isso não ocorreu. Embora o acordo preveja que tais aquisições de agrícolas norte-americanos sejam feitas em “condições de mercado”, o governo chinês possui os instrumentos institucionais para influenciar politicamente as compras no exterior. A segunda preocupação está relacionada às discussões bilaterais entre as duas maiores economias do mundo para resolver a disputa, já que os Estados Unidos conduziram a negociação nesse acordo movidos apenas pelos seus interesses comerciais e sem nenhuma preocupação com normativo multilateral.

Já houve prejuízos para terceiros países por causa de negociações bilaterais entre China e Estados Unidos, em outros produtos, e isso é uma preocupação para o comércio exterior brasileiro. Essa preocupação também se manifesta em movimentos da China. Ao deixar de lado o sistema multilateral coordenado pela Organização Mundial do Comércio (OMC), ainda que apenas na relação bilateral com os Estados Unidos, os chineses passaram a aplicar soluções de “rule by law”, até lançando mão de mecanismos mais transparentes, com regras mais claras. Só que, com a paralisia do sistema de controvérsias da OMC, pode haver problemas com critérios e padrões na aplicação de regras. Seria o caso do “princípio de precaução”. Nascido nas negociações internacionais sobre o meio ambiente, o princípio tem sido evocado também em discussões diplomáticas no comércio exterior e na saúde, por causa da pandemia de Covid-19. Hoje, as autoridades chinesas vêm aplicando princípios de precaução num jeito que vai muito além da OMC e até da União Europeia (UE). Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.