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07/Dez/2021

B3 caminha para pior desempenho global em 2021

Uma forte deterioração dos fundamentos da economia brasileira está pavimentando o caminho para que a Bolsa brasileira encerre o ano na lanterna entre os principais índices de todo o mundo. O Ibovespa, o principal indicador da B3, acumula até aqui queda de 12%, ao passo que há alta em outros emergentes, como nas bolsas da China (2%) e da Índia (29%). Com a escalada dos juros no mercado interno, efeito direto da disparada da inflação, investidores que ao longo do ano passado aumentaram a aposta na renda variável, em busca de mais retorno, mudaram de direção retornando à já conhecida (e mais segura) renda fixa. A leitura é, ainda, de que esse cenário deve se intensificar com a chegada de uma eleição presidencial aguerrida e polarizada, que deve trazer muita volatilidade aos mercados. O humor do investidor inverteu a direção principalmente nos últimos três meses, depois que a retomada esperada para a economia nacional não se confirmou.

Isso se refletiu em revisões contínuas das projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) pelas instituições financeiras. Na última semana, o anúncio da recessão técnica após o PIB negativo do terceiro trimestre confirmou as razões para o pessimismo. Em junho, quando a Bolsa chegou ao pico de 130 mil pontos, existia uma expectativa de crescimento forte da economia, de uma inflação transitória que não forçaria os juros a subirem tanto, além de uma expectativa de avanço de reformas. De lá para cá, deteriorou em todas as frentes. A desconfiança com o compromisso fiscal do governo federal piora o cenário, agravado desde a flexibilização do teto de gastos públicos. O desempenho do Ibovespa é um sinal da expectativa do fraco crescimento do PIB em relação a outros emergentes no ano que vem. Conforme dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), o Brasil deverá crescer 1,5% em 2022, ante 2,5% da África do Sul e 2,5% do Chile, por exemplo.

A projeção do FMI, porém, é bem mais otimista do que as estimativas de outras instituições financeiras. No boletim Focus, do Banco Central, a expectativa de alta do PIB em 2022 já está em 0,58%. A fuga de investidores do mercado de ações já é evidenciada em números. Dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) mostram que os fundos de ações registraram resgates de mais de R$ 8 bilhões em outubro e novembro, revertendo uma sequência positiva que vinha desde fevereiro. Na outra via, os fundos de renda fixa registraram uma entrada de mais de R$ 50 bilhões, no mesmo período. Como resultado, desde o início de junho, momento em que o Ibovespa marcou a maior pontuação da sua história, o valor de mercado de todas as empresas listadas na B3 teve queda de R$ 1,33 trilhão, segundo dados da Economática.

A gestora Trafalgar aponta que o desempenho das empresas ainda se mostrou positivo, com bons efeitos nos resultados do terceiro do trimestre por conta da alta na demanda após o fim do período de isolamento social. Mas, 2022 será um ano mais complicado, os riscos fiscal e macro aumentaram muito, o que coloca em dúvida os fundamentos das empresas. Na gestora Wealth High Governance (WHG), que investe globalmente, a participação do Brasil na carteira, que chegou a 10% do total em abril, vem caindo e hoje está abaixo de 5%. No sentido oposto, a China, que neste ano também não tem um desempenho muito positivo por conta das intervenções do governo chinês na economia, veio crescendo. O investidor busca nos países emergentes crescimentos acima da média do mercado. Se o país está desacelerando, perde esse atributo. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.