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02/Dez/2021

Indústrias: dificuldades em comprar matéria-prima

Enquanto a demanda por consumo de bens continua aquecida no País, a indústria brasileira luta há mais de um ano contra as dificuldades para adquirir matérias-primas. De acordo com nova sondagem especial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), sete em cada dez fábricas continuam enfrentando problemas para comprar insumos no mercado doméstico ou fora do País. Em outubro de 2020, em meio ainda aos efeitos da pandemia de Covid-19 sobre as cadeias de produção, 68% dos executivos da indústria geral relatavam dificuldades em adquirir matérias-primas no mercado doméstico. Ao longo de 2021, os problemas só aumentaram. Agora, com uma leve melhora, o percentual fechou outubro ainda em 69%, praticamente empatado com o do ano passado. Na indústria da construção, as dificuldades seguem se agravando. Se, em outubro de 2020, 60% das empresas enfrentavam percalços para comprar insumos, esse percentual saltou para 75% no mês passado.

Como a pandemia atingiu em cheio também os fornecedores internacionais, a maior parte das fábricas brasileiras enfrenta problemas semelhantes para trazer insumos importados. De acordo com a CNI, 64% da indústria geral utilizam matérias-primas importadas, e 72% delas têm dificuldades em obtê-los, mesmo pagando mais caro. Na indústria da construção, apenas 27% das firmas importam insumos, mas 80% delas responderam que ficou mais difícil acessar o mercado global. Muitos empresários do setor acreditavam em uma normalização do fornecimento de insumos ainda no primeiro semestre deste ano. As perspectivas, porém, têm sido frustradas trimestre após trimestre. A dificuldade ainda é bastante disseminada entre os segmentos da indústria de transformação. A diferença dessa vez é que, de fato, há alguma sinalização de melhora na margem. Um primeiro passo é o ajuste de estoques, que já ocorreu. Há alguns sinais que apontam que o pior deve ter ficado para trás. No começo de 2022, a evolução será mais perceptível, mas ainda há ceticismo sobre a normalização total.

Alguns produtos devem ter problemas mais duradouros. Ainda há muita incerteza se a demanda por bens industriais vai se manter por mais tempo e em que medida será substituída pelo retorno da demanda por serviços. Um dos problemas é incerteza se esse novo hábito de consumo veio para ficar. Se o setor soubesse, haveria disposição maior para investir na cadeia de insumos. Muitos empresários estão segurando decisões. Entre os setores mais afetados está a indústria moveleira. No segmento, 85% das fábricas têm dificuldades em adquirir insumos nacionais e 89% enfrentam problemas em importar peças e componentes. A Flexform relata que já chegou a entregar encomendas com prejuízo para cumprir os contratos. A fábrica de cadeiras, poltronas e assentos localizada em Guarulhos (SP) enfrentou aumentos de preços de até 40% em dólar de componentes importados da Europa, sobretudo da Itália e da Ásia. Além do custo, o setor sofre com os prazos de entrega, que ficaram bastante dilatados.

Há fornecedores antigos e consolidados que tinham prazo de 30 a 40 dias entre o pedido e o embarque, mas agora esse tempo já chega a 90 dias. Isso implicou em um custo maior também de armazenagem, porque é preciso acumular até dez meses de estoque de materiais para manter o ritmo de produção. Os insumos nacionais usados pela fábrica também passaram por uma escalada de preços. As chapas de aço aumentaram 177% desde o começo de 2020, as resinas plásticas subiram 78%. E as caixas de papelão, fundamentais para embalar os produtos, tiveram reajustes superiores a 100%. Isso impactou de forma significativa nas margens de comercialização. Poucas empresas dominam esses segmentos de insumos no Brasil. A situação é preocupante. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.