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02/Dez/2021

Perspectivas para preços agropecuários em 2022

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou seu primeiro estudo com perspectivas de preços para produtos agropecuários em 2022. O documento foi elaborado com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), para as análises de produção e balanços de oferta e demanda domésticos, e o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP), na avaliação dos preços domésticos. Os preços internacionais apresentam tendência de crescimento graças ao movimento de recomposição de estoques por parte de diversos países e ao aquecimento da demanda por grãos, principalmente os destinados para ração animal.

Para a soja, a perspectiva de maior oferta brasileira do grão na safra 2021/2022 deve levar a uma queda nos preços do grão no porto de Paranaguá (PR). No mercado internacional, os valores podem se manter estáveis, dada a previsão de safra recorde no Brasil e nos Estados Unidos e os altos estoques da China. Os preços menos pressionados para 2022 podem refletir também o excesso de oferta de carne suína para o país asiático. Com estoques próximos das máximas históricas, o país deve demandar menos grão, que é usado principalmente para ração animal. Os dados de oferta e demanda considerados na análise são os divulgados pela Conab no começo de novembro, de produção de 142,01 milhões de toneladas de soja, exportação de 89,92 milhões de toneladas e estoque de passagem de 9,30 milhões de toneladas.

Com relação ao milho, a previsão é de certa manutenção de preços no primeiro trimestre de 2022 e queda de aproximadamente 10% a partir de julho de 2022 (em relação ao contrato de novembro de 2021 negociado na B3). Se confirmado, isso pode contribuir para a manutenção do Indicador Esalq/BM&F de preço do milho em patamares semelhantes aos observados em 2021. A previsão considera também as últimas estimativas da Conab, de recorde de produção no ciclo 2021/2022, 116,712 milhões de toneladas, redução das importações do grão para 900 mil toneladas e recuperação dos estoques de passagem, 7,6 milhões de toneladas no ciclo passado para 12,5 milhões de toneladas neste. No mercado internacional, os preços devem se manter próximos da estabilidade, com balanço de oferta e demanda equilibrado, conforme o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), tendo a demanda aquecida, em especial da China, de um lado, e tendência de pequena elevação nos estoques mundiais, de outro.

Para o trigo, a expectativa da Conab de uma safra 23,3% maior e as importações elevadas podem pressionar negativamente os preços domésticos. A sustentação das cotações pode vir da paridade de importação, considerada elevada, com o preço externo superior ao observado no Brasil. Os produtores seguem restringindo a oferta do produto colhido em 2021, com a intenção de negociá-lo no primeiro semestre de 2022, quando os preços tendem a ficar acima da média. No mercado internacional, as cotações devem encontrar sustentação na previsão do USDA de déficit de 1% entre a produção e o consumo na safra atual e de 1,6% na próxima, bem como na possível necessidade de consumo de estoques.

Quanto ao algodão, a perspectiva é de manutenção dos preços que compõem o Indicador Cepea/Esalq de preço do algodão em pluma. A análise considera as atuais indefinições em relação à área a ser plantada em 2021/2022, especialmente a 2ª e 3ª safras. Inicialmente, a Conab projeta 1,510 milhão de hectares, aumento de 10,2% ante a safra passada. Tem em vista, além disso, a perspectiva de que, até a colheita da nova safra, a indústria têxtil deve continuar adquirindo apenas o necessário para repor estoques, preocupada com as vendas no varejo diante do fragilizado poder de compra da população. No cenário internacional, a perspectiva no momento é de que as cotações do algodão não devem ceder e poderão se refletir nos preços domésticos. A última previsão do USDA para a safra 2021/2022 é de recomposição da produção mundial, para patamares semelhantes aos de 2019/2020. O principal problema no balanço de oferta e demanda é que o consumo entre estas duas safras deverá crescer 20,4%. Se essa estimativa se concretizar, será a segunda safra seguida com déficit produtivo, o que deve jogar os estoques de passagem de 94% para 70% do consumo corrente. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.