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30/Nov/2021

Dólar fecha em leve alta à espera da votação da PEC

O dólar iniciou a semana em alta no mercado doméstico em meio à postura cautelosa dos investidores na véspera da provável votação da PEC dos Precatórios na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado e diante de agenda carregada tanto no Brasil quanto no exterior. Também pesaram na formação da taxa de câmbio aspectos técnicos, já que nesta terça-feira (30/11) ocorrerá a definição da última Ptax de novembro, com a tradicional disputa entre comprados e vendidos. O pregão desta segunda-feira (29/11) pode ser dividido em duas etapas: pela manhã houve muita volatilidade e trocas de sinais. O dólar iniciou os negócios em queda e desceu até a mínima de R$ 5,58, esboçando acompanhar a recuperação parcial dos ativos de risco, que haviam tombado na sexta-feira (26/11) com a notícia da nova variante do coronavírus, identificada na África do Sul. A leitura preliminar é a de que, embora mais transmissível, a Ômicron não resultará em um aumento dos casos graves da doença. O alívio, contudo, durou pouco e logo a moeda norte-americana ganhou força, trocou de sinal e correu até a máxima de R$ 5,63.

Parte do mau humor foi atribuída ao cancelamento das festas da virada de ano em Salvador (BA), por conta da Ômicron, um prenúncio de que a atividade pode sofrer novamente com medidas restritivas. Também rondavam as mesas de operação rumores de que o governo não descartava lançar mão do estado de calamidade para pôr em pé o Auxílio Brasil caso a PEC dos Precatórios empaque no Congresso. Depois de muito oscilar pela manhã, o dólar se fixou em terreno positivo ao longo da tarde, sempre acima do patamar de R$ 5,60. No fim da sessão, fechou a R$ 5,60, em alta de 0,25%. Apesar de dois pregões consecutivos de valorização, a moeda norte-americana ainda recua 0,64% em novembro e pode interromper uma sequência de dois meses de forte alta (3,67% em outubro e 5,30% em setembro). Se na sexta-feira (26/11) o Real, embora tenha se depreciado, apresentou um desempenho melhor que seus pares emergentes, nesta segunda-feira (29/11) a moeda brasileira foi destaque negativo, já que o dólar caiu tanto em relação ao peso mexicano quanto ao rand sul-africano.

O índice DXY (que mede a variação do dólar frente a seis moedas fortes) se recuperou das perdas e trabalhou em alta firma, na casa dos 93,369 pontos. A Venice Investimentos observa que o Real chegou a acompanhar a melhora dos mercados no início da sessão, mas os investidores retomaram posições defensivas, levando o dólar para cima de R$ 5,60 à espera votação da PEC dos Precatórios. O fato de a moeda brasileira não acompanhar seus principais pares, como o peso e o rand sul-africano, significa que o mercado pode estar se antecipando a qualquer notícia negativa nesta terça-feira (30/11) na votação da PEC. A agenda interna e externa é carregada, com divulgação do PIB no Brasil no terceiro trimestre na quinta-feira (02/12) e do relatório de emprego nos Estados Unidos (payroll) na sexta-feira (03/12). Dados os problemas domésticos e a perspectiva de um dólar forte no exterior, em razão dos indicadores positivos da economia norte-americana, não há motivos para taxa de câmbio retornar para uma banda entre R$ 5,40 e R$ 5,50 no curto prazo. O mais provável é que o dólar siga numa faixa entre R$ 5,55 e R$ 5,60, podendo alcançar os R$ 5,70.

O ambiente local continua muito perturbado e pode haver demanda por dólar lá fora como proteção. Essa semana deve apresentar bastante volatilidade. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou que a PEC dos Precatórios, caso aprovada na CCJ, deve ir ao plenário da Casa na quinta-feira (02/12). Pacheco acredita que será mantido no texto a mudança do cálculo do teto de gastos e o limite para o pagamento de precatórios, abrindo muito espaço fiscal para o Auxílio Brasil. O secretário do Tesouro Nacional, Paulo Valle, disse que o governo acredita na aprovação da PEC e, por isso, não trabalha com plano B. Segundo Valle, a definição do Orçamento de 2022 vai diminuir as dúvidas do mercado sobre a política fiscal no ano que vem. O secretário afirmou ainda que, com a PEC, o governo terá "margem de manobra" para lidar como uma eventual nova onda da Covid-19. Dados divulgados nesta segunda-feira (29/11) mostraram que as contas do Governo Central (que reúnem Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) registraram superávit primário de R$ 28,195 bilhões em outubro, o melhor resultado para o mês desde 2016.

A H.Commcor vê a PEC dos Precatórios como um ponto de alerta, mas acredita que os investidores estão mais sensíveis, neste momento, aos eventuais desdobramentos da disseminação da Ômicron. Por ora, o nível de R$ 5,60 tem atraído vendedores ao mercado de câmbio doméstico, o que, ao lado dos juros mais altos, ajuda a dar alguma sustentação ao Real. Mas, se a nova cepa do coronavírus se mostrar mais perigosa do que a leitura que o mercado tem atualmente, o dólar pode subir ainda mais. É preciso manter a atenção nos discursos do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, ao longo desta semana, observando se haverá mudança no discurso sobre o ritmo de redução de estímulos com o surgimento da nova variante do coronavírus. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.