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26/Nov/2021

Tecnologias para comprovação da sustentabilidade

"Não basta ser sustentável. É preciso comprovar." Esse é o mantra dos discursos de executivos, especialistas e lideranças do agronegócio, este é também um desafio para os produtores. As informações e chancelas são solicitadas na tomada de crédito rural, na contratação de seguros e na venda das commodities e produtos agrícolas. Em busca de atestar o compliance agrícola e de fazer a "contabilidade" ambiental, os produtores rurais apostam em tecnologias digitais. Satélites, blockchain, sensores, drones, plataformas de inteligência artificial e algoritmos são algumas das ferramentas aliadas neste processo. As aplicações vão de monitoramento de áreas de reserva legal e preservação permanente, controle da saúde do solo, rastreabilidade do rebanho a mensuração da pegada de carbono das lavouras. Segundo a Embrapa Meio Ambiente, a tecnologia viabiliza o monitoramento e a verificação da sustentabilidade das propriedades agrícolas. A métrica da sustentabilidade é fundamental para o produtor e a tecnologia é o melhor caminho para isso.

Em um país continental como o Brasil, as ferramentas digitais concedem escala ao monitoramento das áreas rurais e dão credibilidade ao processo, pela transformação inteligente de dados em informações e métricas. Seja com o Cadastro Ambiental Rural (CAR), ferramentas de aferição de desmatamento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) ou Mapbiomas. Uma gama de startups se dedica a esse tema e auxilia o produtor na obtenção de um "rating sustentável". Uma dessas iniciativas é o TrustScore, sistema desenvolvido pela Ceptis Agro, que mede o nível de atendimento da propriedade agrícola quanto aos padrões ambientais. Para dar a nota de sustentabilidade das lavouras, a plataforma avalia mais de 120 critérios, com base nas práticas de manejo. A tecnologia permite verificar, monitorar e rastrear a informação. A avaliação da Ceptis passa pela verificação técnica in loco na área agrícola, pela construção do plano de manejo para uso da terra e pela comparação dos requisitos com protocolos.

A análise cruza imagens de satélites, dados fornecidos por produtores e confirmados pelos técnicos, imagens georreferenciadas, avaliações de solo, informações de estações climáticas e de máquinas agrícolas por meio de inteligência artificial. Por fim, a propriedade recebe uma pontuação de 0 a 100, que demonstra o seu nível de adequação a uma série de protocolos sustentáveis de acordo com sua cadeia, além de um plano de ações para melhorá-lo. Hoje, o sistema é adotado por 13 fazendas, com destaque para propriedades da Rede ILPF (Integração, Lavoura, Pecuária e Floresta), de pecuária de corte, soja e milho. Uma delas é a fazenda Santa Brígida, em Ipameri (GO), modelo do sistema ILPF. A expectativa da plataforma é de atingir 200 propriedades até o fim deste ano. Anteriores à comprovação das práticas sustentáveis, as soluções digitais ajudam os produtores a identificar os pontos ambientais deficitários de seu sistema produtivo. Pelo diagnóstico, é possível ajudar o produtor na transformação da sua produção para um modo mais sustentável. A startup atua no diagnóstico do nível de sustentabilidade socioambiental das lavouras.

A tecnologia reduziu o tempo de diagnóstico de cinco dias para duas horas. Com a plataforma digital, é feita a avaliação com smartphone e sistema em nuvem e as evidências digitais corroboram a análise técnica. A análise é feita por uma visita a campo e pela coleta e processamento de dados por meio de um conjunto de sensores, como satélites para monitorar a área protegida, a qualidade da água e o estoque de carbono; drones para verificar, por exemplo, existência de erosão no solo e pequenos biomas de vegetação; sensores embarcados em equipamentos agrícolas e imagens georreferenciadas. Após o diagnóstico de mais de 70 critérios, a consultoria presta assistência técnica aos produtores. Se atendidos os requisitos, as propriedades conquistam o selo "Produzindo Certo". Os principais pontos para obter o selo são cumprimento do Código Florestal, conservação do solo, manejo adequado dos agroquímicos, qualidade da água e qualidade de trabalho aos funcionários. A Produzindo Certo já verificou 3,2 mil propriedades em 15 Estados.

Para 2022, a empresa pretende atuar em 2,7 mil novas fazendas. De 85% a 90% de seus clientes são empresas que buscam certificar a cadeia de fornecimento de soja, milho, algodão e pecuária. Outra demanda crescente dos produtores é identificar o balanço de carbono. Nessa toada, a startup Treevia prevê expandir o seu atendimento da indústria florestal para as lavouras, diante da demanda crescente. Estão sendo discutidas parcerias para adoção de projetos na agropecuária e deve iniciar essa atuação no fim do primeiro semestre de 2022. Há oportunidade enorme em operar nas áreas de conservação permanente e reserva legal das propriedades agrícolas. Hoje, por meio de 2 mil sensores acoplados em árvores, a Treevia monitora remotamente mais de 80 mil hectares de florestas e mensura a captação de carbono dessas áreas. O sensor acompanha o crescimento das árvores e o sequestro de carbono feito por elas. Uma vez que a floresta é monitorada, pode ser auditada e controlada, garantindo rastreabilidade e confiabilidade à cadeia. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.