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26/Nov/2021

Inflação impacta nas famílias e no setor varejista

Bilhões de Reais em vendas estão sendo perdidos pelo comércio neste último trimestre, normalmente o melhor do ano. A mistura de inflação elevada, juros altos e péssimas condições do mercado de trabalho afeta as condições do consumo. Já empobrecidas e com a renda erodida, mês a mês, pelo acelerado aumento de preços, as famílias se retraem, reconsideram os gastos e adiam os planos de compras. Duas das mais importantes datas para os lojistas, a Black Friday e o Natal, devem proporcionar ganhos muito menores que aqueles previstos no começo do ano, quando o País superava os primeiros efeitos da Covid-19. Mas, a receita do varejo, nestes meses finais, deve ficar R$ 44,7 bilhões abaixo dos R$ 792 bilhões estimados no início de 2021, segundo estudo realizado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Mesmo causando enormes prejuízos, preços mais altos geram maior arrecadação.

Graças a isso, o Ministério da Economia exibe contas em melhor estado, pelo menos neste momento. Mas, o ganho seria maior e muito mais seguro se fosse baseado em mais produção, mais emprego e mais consumo. No entanto, a realidade, fora dos gabinetes ministeriais e presidenciais, continua sem sinais de prosperidade e sem perspectivas de melhora nos próximos meses. O desempenho insatisfatório das vendas neste último trimestre deve contaminar a economia no começo de 2022. Quando os meses finais são bons para o varejo, a recomposição de estoques no início do ano seguinte movimenta a indústria. Isso ajuda a sustentar algum dinamismo num período de menor movimento. Esse efeito benéfico pode refletir-se no emprego, com renovação de contratos temporários típicos de fim de ano. Além de afetar o varejo no trimestre final, as condições da economia poderão impedir ou reduzir desdobramentos positivos no começo de 2022. Todos os principais indicadores são ruins.

A inflação em 12 meses passou de 10% e deve continuar nesse nível até o fim do ano. Os mais prejudicados, como sempre, são os consumidores de menor renda, com orçamento apertado e sem espaço para remanejamento de gastos. Sem surpresa, o indicador de confiança medido mensalmente pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) é tanto mais alto quanto maior a faixa de renda, mesmo quando a evolução geral é negativa. Em novembro, o Índice de Confiança do Consumidor voltou a cair, recuando 1,4 ponto, depois de ter subido 1 ponto em outubro. Com 74,9 pontos, o menor valor desde abril (72,5), esse indicador ficou 7,1 pontos abaixo do nível de um ano antes, quando o Brasil se recuperava da grande crise de 2020. Em todas as faixas de renda o índice é inferior a 100%, fronteira entre otimismo e pessimismo. De novo, a diferença entre os níveis de confiança refletiu a distância entre as faixas de renda (85,3 pontos na mais alta e 63,1 na mais baixa).

Apesar do avanço da vacinação, de suas consequências favoráveis na redução de casos e mortes e da flexibilização de medidas restritivas, o aumento da incerteza econômica diante da inflação elevada, da política monetária restritiva e do maior endividamento das famílias de baixa renda torna a situação ainda desconfortável e as perspectivas ainda cheias de ameaças. Dirigida contra a inflação, essa política monetária restritiva consiste essencialmente em aumento de juros e encarecimento do crédito. O efeito imediato é doloroso para a família comum e para o empresário. Com a renda já prejudicada pelas condições de emprego e desgastada pela inflação, o consumidor sofre também os efeitos do crédito caro. No mercado de trabalho o desemprego é o maior infortúnio, mas a situação dos trabalhadores informais é dramática e se reflete nas vendas e nas perspectivas do varejo. Os desafios são evidentes e inegáveis, mas nenhuma perspectiva de melhora é oferecida pelo governo federal, empenhado na discussão da PEC dos Precatórios (ou do calote) e na partilha fisiológica do Orçamento de 2022. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.