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24/Nov/2021

Dólar tem uma leve alta com PEC dos Precatórios

O dólar encerrou a sessão desta terça-feira (23/11) em leve alta, acima da linha de R$ 5,60, mas longe das máximas registradas no início da tarde, quando chegou a ser negociado pontualmente na casa de R$ 5,66. A postura defensiva dos agentes refletiu tanto fatores domésticos quanto externos. No Brasil, o mercado acompanhou as negociações em torno da PEC dos Precatórios no Senado, cuja aprovação é essencial para dar visibilidade ao Orçamento de 2022 e afastar o estado de calamidade, que abriria espaço para gastos fora do teto em ano eleitoral. Do exterior, veio uma pressão altista, embora limitada, da deterioração da lira turca e da expectativa de antecipação da alta dos juros nos Estados Unidos, após recondução de Jerome Powell à presidência do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano). O dólar já abriu em alta, acima de R$ 5,60, e manteve-se em trajetória ascendente, rompendo o patamar de R$ 5,65 no início da tarde. A máxima veio logo em seguida, com a taxa correndo até R$ 5,66 (1,24%).

O movimento altista perdeu fôlego nas últimas horas de negócios, na esteira de notícias da iminência de um acordo em torno do texto final da PEC dos Precatórios, cujo parecer será apresentado nesta quarta-feira (24/11) na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) no Senado. No fechamento, o dólar foi cotado a R$ 5,60, alta de 0,27%. O dólar futuro, que operou em alta a maior parte do dia, perdeu fôlego e encerrou em queda 0,28%, a R$ 5,57. O governo teria garantido que o pagamento de precatórios do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef), que poderia ser em forma de abono. O líder do governo e relator da PEC no Senado, Fernando Bezerra (MDE-PE), deseja impor um caráter permanente ao Auxílio Brasil e carimbar os recursos destinados para saúde, previdência e assistência. O programa permanente de transferência de renda, contudo, seria dispensado de limites legais para aumento de despesa.

A JF Trust atribui o alívio do dólar no fim da tarde à possibilidade de um acordo que em torno da PEC dos Precatórios que garanta não apenas a aprovação no Senado, mas também uma segunda passagem sem maiores dificuldades na volta da proposta para a Câmara. Aparentemente, parece que o texto está sendo alinhado com mudanças que seriam bem aceitas pelos deputados. Isso permitiria uma aprovação rápida também na Câmara. O temor no mercado é que a PEC não seja aprovada em tempo hábil e o presidente decrete estado de calamidade para pagar o Auxílio Brasil. É o cheque em branco para gastar sem âncora fiscal nenhuma. No exterior, o índice DXY (que mede o desempenho do dólar frente a seis divisas fortes) operava perto da estabilidade no início da noite desta terça-feira (23/11). O euro mostrava leve alta, tentando se recuperar após as perdas recentes, na esteira do avanço de casos de Covid-19 na região. Durante a maior parte do pregão, o dólar ganhou força na comparação com a maioria das divisas emergentes. A moeda norte-americana avançou mais de 12% frente à lira turca, abalada por intervenções políticas na gestão da política monetária.

O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, afirmou que seu país venceria uma "guerra econômica de independência" e condenou "jogos feitos na taxa de câmbio e juros". Apesar da inflação em alta, o Banco Central turco, pressionado por Erdogan, está relaxando a política monetária. Para a Treviso Corretora, a deterioração da lira turca e a expectativa de alta antecipada de juros antecipada nos Estados Unidos diminui o apetite por ativos de risco, o que ajuda a explicar a fraqueza do Real. Essa questão da lira turca é preocupante, porque acaba envolvendo também os demais emergentes, que já sofrem com essa possibilidade de alta dos juros nos Estados Unidos. Soma-se a isso os ruídos políticos e a questão da PEC dos Precatórios, e o dólar acaba pressionado. Após o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, indicar Powell para mais um mandato à frente do Fed, aumentaram as apostas dos investidores de que poderá haver uma alta de juros já em maio de 2022. A recondução de Powell vem após uma série de dirigentes do Fed terem dado declarações a favor do aumento do ritmo de redução de estímulos (tapering), diante de dados positivos de atividade e da inflação pressionada.

A JF Trust, acredita em uma contaminação muito limitada da fuga da lira turca sobre o Real, já que o Banco Central brasileiro tem independência para conduzir a política monetária e, portanto, está blindado contra as pressões políticas. As fragilidades da política econômica, com indefinição na área fiscal e o Banco Central ainda "atrás da curva", em meio à escalada das expectativas de inflação, são vistas como as principais responsáveis pela pressão sobre a taxa de câmbio. O mercado também monitora a tramitação do Projeto de Lei Cambial, que traz um novo marco legal para as transações em moeda estrangeira. A expectativa era que o PL, que já teve a chancela da Câmara e ficou paralisado em razão da pandemia, fosse aprovado nesta terça-feira (23/11), mas o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, adiou a votação em uma ou duas semanas. Em setembro, o Banco Central já havia se adiantado anunciado série de medidas infralegais para o segmento, que vão aumentar a concorrência no setor e dar mais agilidade as operações cambiais. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.