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24/Nov/2021

Relatório da FAO indica aumento da fome no Brasil

A fome aumentou no Brasil, maior exportador líquido de alimentos do mundo, constata a FAO, agência da Organização das Nações Unidas (ONU) para a agricultura e alimentação, que publicou nesta terça-feira (23/11) um novo relatório sobre a resiliência dos sistemas agrícolas nacionais. A maioria dos países tem diversidade suficiente em seus sistemas agrícolas para atravessar choques. Ou seja, alimentos existem, o problema é o acesso a eles, por falta de dinheiro. É o que acontece no Brasil. De acordo com dados de 2018, mas que teriam sido confirmados em 2020, 14% da população brasileira, ou 29 milhões de pessoas, não tinham condições de acesso a uma dieta saudável.

E, considerando a ocorrência de choques que resultam em perda de um terço da renda pessoal, mais 10% da população brasileira, ou 21 milhões de pessoas, entram nesse grupo dos que não tem condições de ter uma alimentação saudável. O Brasil tem uma boa política de expansão de safety nets (ajuda), o que foi capaz de reduzir a pobreza durante a Covid-19. Mas, a fome aumentou. A questão, portanto, não é falta de alimentos no País, mas como garantir comida na mesa dos brasileiros. No relatório sobre a resiliência dos sistemas agrícolas, a FAO aponta dois outros desafios para o Brasil: o primeiro é a concentração das exportações, já que 60% da receita dos embarques é obtida em negócios com a China.

Esse é um desafio que o Brasil enfrenta, de exportar principalmente para um grande país, ou seja, uma grande concentração de sua exportação. Se algo acontece, como aconteceu com a indústria de carne nesse grande país importador (a China mantém o embargo à carne bovina brasileira), tem um efeito substancial. Outro desafio é a rede de transportes interno para carregar os produtos agrícolas. Globalmente, o estudo da FAO constata que em 90 países o fechamento de estradas centrais aumentaria o tempo das viagens das mercadorias em 20%.

Mas, o tempo no transporte de alimentos aumenta 30% no Brasil por problemas nas rodovias. O País tem, nesse caso, o mesmo nível de vulnerabilidade de Bangladesh, Haiti, Madagascar, Niger, Filipinas, Congo, Senegal e Sudão. O Brasil tem enfrentado problemas nas redes de transporte para carregar os alimentos para os portos, como greves e ameaças de paralisação de caminhoneiros. O Brasil é um grande exportador agrícola, e quando qualquer coisa acontece em termos de disrupção no País, isso afetará o mercado de alimentos no mundo. Fonte: Valor Econômico. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.