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22/Nov/2021

Dólar fecha em alta pela quinta sessão consecutiva

Após esboçar um alívio pela manhã da sexta-feira (19/11), em razão da possibilidade de aprovação fatiada da PEC dos Precatórios, o dólar ganhou força e chegou a tocar na casa de R$ 5,61, em meio ao fortalecimento no exterior, na esteira de declarações duras de dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano). Já se cogita abertamente a aceleração do ritmo de redução da compra mensal de bônus (‘tapering’) e, por tabela, o início de uma alta de juros nos Estados Unidos, o que diminui a atratividade de ativos emergentes. Com mínima de R$ 5,52 e máxima a R$ 5,61 (+0,79%), o dólar encerrou o pregão cotado a R$ 5,60, avanço de 0,70%, registrando o quinto pregão consecutivo de alta. Assim, o dólar fechou a semana passada com valorização de 2,79%, ameaçando zerar as perdas no mês, que passaram a ser de apenas 0,66%. O dólar futuro para dezembro fechou em alta de 0,92%, a R$ 5,61, com giro de US$ 11,7 bilhões.

Apesar dos problemas fiscais domésticos seguirem como indutor relevante da retomada de posições defensivas no mercado doméstico, o Real não apresentou, ao longo da semana passada, o pior desempenho entre seus pares emergentes. O índice DXY (que mede o desempenho do dólar frente a seis divisas fortes) operou em alta firme, rompendo o patamar dos 96,000 pontos, com ganhos expressivos frente ao euro, abalado pelo avanço de casos de Covid-19 na Europa. Em meio à expectativa pela decisão do governo dos Estados Unidos sobre eventual recondução de Jerome Powell ao comando do Federal Reserve, dirigentes regionais da instituição trataram de mostrar suas cartas. O vice-presidente do Fed, Richard Clarida, outrora visto como uma voz moderada, afirmou é possível começar a discutir a aceleração do ‘tapering’, dado que a economia norte-americana se encontra em posição muito forte e há risco de mais pressão inflacionária.

Na mesma linha, o diretor do Fed Christopher Waller defendeu aceleração do ritmo de redução dos estímulos, tendo em vista a melhora do mercado de trabalho e a deterioração da inflação. Segundo Waller, se esse ritmo dobrar a partir de 2022, o Fed poderia terminar o ‘tapering’ em abril, o que abriria espaço para alta dos juros já no segundo semestre do ano que vem. Para a Integral Group, dados os indicadores fortes de atividade econômica e de inflação bem elevada nos Estados Unidos, existe a possibilidade de o Fed acelerar o ‘tapering’ e de alta de juros nos Estados Unidos já no segundo trimestre de 2022, algo antes esperado, majoritariamente, para o segundo semestre do ano que vem. Com esse ciclo de inflação alta no mundo, especialmente nos Estados Unidos, existe essa expectativa, o que fortalece o dólar e deixa o cenário para os emergentes mais desafiador. Parte da valorização da moeda norte-americana na sexta-feira (19/11) pode ser atribuída ao desempenho do euro, que sofre com o aumento de casos de Covid-19 na Europa.

Internamente, o que faz mais preço é a discussão em torno dos precatórios. O mercado fica receoso pela falta de visibilidade. O alívio do dólar pela manhã veio na esteira da notícia de que o líder do governo no Senado e relator da PEC dos Precatórios, Fernando Bezerra (MDB-PE), admitiu que pode haver fatiamento a proposta para garantir a aprovação na Câmara, já que hoje o governo teria menos do que os 49 votos necessários. A promulgação de uma parte do projeto abriria espaço para o pagamento do Auxílio Brasil no valor de R$ 400,00 em dezembro, tirando de cena o risco de o governo apelar para créditos extraordinários. A ideia recebeu acolhida também do presidente da Câmara, Arthur Lira, que espera, contudo, que haja alterações mínimas no Senado. Contrariando desejo já expresso pelo presidente Jair Bolsonaro, Lira disse que não vê espaço no orçamento para reajuste do funcionalismo público.

Líderes de partidos como PSDB e Podemos se manifestaram contrários a estratégia do governo de fatiar a proposta para conseguir a aprovação no Senado. A Davos Investimentos considera que não está no preço dos ativos domésticos o desfecho pior para a questão fiscal, que seria a rejeição da PEC dos Precatórios. Isso não significa, porém, que a aprovação da proposta traria uma diminuição aguda do risco fiscal. A preocupação é que o governo não vai parar por aí e que pode haver um aumento mais significativo dos gastos públicos. É destaque a pretensão de Bolsonaro de reajustar o salário dos servidores federais. Diante do quadro global menos favorável para emergentes e dos problemas internos, o dólar mudou de patamar. Não se vislumbra possibilidade de uma rodada de apreciação do Real e deve haver aumento da volatilidade à medida que se aproximam as eleições presidenciais. O dólar pode voltar a bater em R$ 5,70.

O presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, voltou a afirmar que o descompasso entre termos de troca e taxa de câmbio afetou todas as divisas emergentes. A explicação seria o nível de dívida mais elevado. Ele disse que a atual gestão do Banco Central é a que mais atuou no mercado, com vendas de US$ 80 bilhões em reservas internacionais, número que pode atingir US$ 90 bilhões ou US$ 110 bilhões até o fim deste ano. Mais uma vez, Campos Neto disse que o Banco Central não quer ditar a trajetória da taxa de câmbio e que atua apenas em caso de disfuncionalidade ou falta de liquidez. À medida que gera credibilidade, a volatilidade do câmbio tende a cair. Segundo ele, apesar da polêmica envolvendo o Auxílio Brasil, o panorama fiscal do País está melhor. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.